O uso da Inteligência Artificial (IA), em processos de recrutamento e seleção, tem se mostrado uma ferramenta poderosa, oferecendo agilidade e precisão na triagem de candidatos. A IA permite que as empresas analisem grandes volumes de dados rapidamente, identificando padrões e características que podem prever o sucesso de um candidato em determinada função. Isso potencializa a eficiência do processo seletivo e pode, em tese, contribuir para a promoção da diversidade, ao reduzir vieses inconscientes na escolha dos candidatos.
Por outro lado, a IA não é isenta de desafios. Um dos principais riscos é o reforço de vieses existentes. Se os algoritmos forem treinados com dados históricos que refletem desigualdades, eles podem perpetuar discriminações, comprometendo a diversidade no ambiente de trabalho. Esse risco é especialmente crítico em cargos estratégicos, onde a seleção de líderes e inovadores requer uma avaliação cuidadosa de habilidades subjetivas, como visão de longo prazo e capacidade de adaptação — aspectos que a IA ainda tem dificuldade em avaliar plenamente.
Além disso, o uso da IA em recrutamento precisa ser conduzido em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), respeitando os princípios de segurança da informação. A LGPD exige que as empresas protejam os dados pessoais dos candidatos, garantindo que esses dados sejam utilizados de forma transparente – em particular, em seu artigo 20º, segura e com o consentimento adequado. A manipulação inadequada de dados pessoais pode não só violar a lei, mas também expor a organização a riscos significativos de segurança, como vazamentos de informações e ataques cibernéticos.
A segurança da informação é fundamental para manter a integridade e a confiança nos processos seletivos automatizados. As empresas devem investir em medidas robustas de proteção de dados para prevenir acessos não autorizados e garantir que as informações dos candidatos sejam tratadas de forma ética e segura.
Para concluir, a utilização de IA nos processos de recrutamento e seleção apresenta inúmeras vantagens, como a eficiência na triagem de candidatos e a potencial promoção da diversidade. No entanto, é crucial que as empresas estejam atentas aos desafios que a tecnologia impõe, especialmente no que tange ao risco de perpetuação de vieses e à conformidade com a legislação vigente, como a LGPD. Investir em segurança da informação e em processos éticos de manejo de dados não é apenas uma obrigação legal, mas também uma responsabilidade fundamental para assegurar que a inovação tecnológica contribua de forma positiva e inclusiva para o futuro do trabalho.
Enio Klein, influenciador e especialista em vendas, experiência do cliente e ambientes colaborativos com foco na melhoria do desempenho das empresas a partir do trabalho em equipe e colaboração. CEO da Doxa Advisers e professor de Pós-Graduação.
