Na semana passada, investidores passaram dias esperando por sinalizações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos (EUA). Pelo teor da fala de Powell na sexta-feira, valeu a espera.
O mandatário não somente sinalizou mas afirmou: “chegou a hora” de reduzir a taxa básica de juros. “Não observamos e nem vemos com bons olhos um enfraquecimento adicional nas condições do mercado de trabalho”, acrescentou em um discurso que parecia praticamente garantir um corte de juros na reunião de política monetária do próximo mês, o que seria o primeiro corte desse tipo em mais de quatro anos.
Depois da fala, a ferramenta CME Fed Watch passou a indicar potencial de corte maior que o estimado no dia anterior. Agora, 36% das apostas são por um corte de 0,50 ponto percentual em setembro. A maioria, no entanto, ainda espera que o corte seja de 0,25 ponto percentual. A ferramenta também demonstra que há expectativa de que outro corte seja realizado na reunião de novembro e não há apostas para uma taxa terminal em 2024 maior que o intervalo de 4,50-4,75%.
Por aqui, os investidores não contaram com a mesma sorte de receber declarações positivas sobre cortes de juros. Em seu discurso, Roberto Campos Neto disse que será mais difícil discutir transmissões monetárias sem abordar questões fiscais. Hoje, os olhares seguem no Boletim Focus e nas falas do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo em evento no Piauí.
Ainda assim, no fim da semana, o “efeito Powell” foi suficiente para ajudar o Ibovespa a encerrar o período com alta de 1,24%. O bom humor também garantiu altas em Wall Street. Por lá, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 1,15%, enquanto o rendimento do título de 10 anos Tesouro dos EUA marcava 3,799% no final da tarde, de 3,862% na véspera.
A teoria de Powell de que os riscos para a alta da inflação diminuíram serão testados ao longo dessa semana, com a divulgação do Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (deflator do PCE) previsto para sexta-feira.
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No cenário doméstico, teremos a divulgação de notas do BC sobre Investimento Direto no País (IDP) e transações correntes. A expectativa de analistas é que haja um déficit de US$ 3,5 bilhões em conta concorrente. Na semana, ainda teremos a divulgação de dados do mercado de trabalho, como o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD Contínua) na quinta e na sexta. A estrela dos indicadores, contudo, será o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), na quarta-feira.
Agenda
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, retorna do Simpósio Jackson Hole e segue em agendas fechadas à imprensa. Gabriel Galípolo participará, como palestrante, de evento em comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina, marcado para 10h. Já o ministro Fernando Haddad e presidente Lula participam de reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) às 9h. Mais tarde, Haddad se encontrará com Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária. Também participam da reunião, com início às 17h, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, e o subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais da pasta, Gilson Bittencourt.
Brasil
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8h: Confiança do consumidor – Agosto
08h25: Relatório Focus Semanal
08h30: Transações correntes Julho
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15h: Balança comercial
EUA
9h30: Encomendas de bens duráveis de julho
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Mercados Internacionais
Os índices futuros dos EUA operam com leves ganhos, depois que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve dos EUA, indicou na semana passada que os cortes nas taxas de juros estavam próximos.
Por outro lado, a crescente tensão no Oriente Médio impede uma valorização mais forte dos mercados. No fim de semana, mais de 100 caças israelenses atingiram alvos libaneses, e o Hezbollah apoiado pelo Irã disparou mais de 320 foguetes contra Israel.
Economia
Fiscal
Falando na conferência econômica anual do Fed de Kansas City, em Jackson Hole, Wyoming, Roberto Campos Neto disse que será mais difícil discutir transmissões monetárias sem abordar questões fiscais. No Brasil, 50 milhões de pessoas estão “ganhando dinheiro do governo, em comparação com 43 milhões de pessoas que são empregados e empresários”, acrescentou.
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“Acho que precisamos começar a comunicar melhor a má alocação de recursos.”
Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro, disse que a desaceleração da economia da China pode impactar o Brasil através de um choque nos termos de troca ou de preços mais baixos de importação de produtos chineses, embora o efeito líquido dependa da dimensão da desaceleração.
Reforma tributária
A Câmara dos Deputados continuará nesta segunda (26) a votação do projeto que regulamenta a gestão e fiscalização do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Nesse esforço concentrado, os deputados votarão os destaques apresentados pelos partidos propondo mudanças no texto do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/24, do Poder Executivo.
No último dia 13, o Plenário aprovou o texto-base do relator, deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), no qual outros temas são tratados, como a regulamentação do imposto sobre doações e causa mortis (ITCMD).
Preço do gás
O governo vai anunciar hoje um pacote de medidas que atualizam o funcionamento do mercado de gás natural, com o objetivo de aumentar a oferta do produto e reduzir preços entre 35% a 40%, uma bandeira antiga que vem atravessando diversos governos, mas sem sucesso.
Diretoria de política monetária do BC
Os diretores do Bradesco Fernando Honorato, economista-chefe, e Roberto Paris, chefe da tesouraria, são os nomes mais cotados no mercado financeiro para substituir Gabriel Galípolo na diretoria de Política Monetária do BC, segundo Lauro Jardim (O Globo). Honorato é apontado como o favorito para assumir o cargo, que tem importância estratégica, comandando o dia a dia das operações de câmbio, juros futuros e outras mesas de operações.
Política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de comício de Guilherme Boulos no sábado, dia 24, em São Paulo. Lula se comparou com Getúlio Vargas, cuja morte completou 70 anos no sábado. “Aqui em São Paulo não se fala muito do Getúlio porque as elites de São Paulo não gostavam dele. Não tem o nome dele numa viela ou numa ponte. Porque ele criou o salário-mínimo, a CLT, as férias e a jornada de trabalho”, listou Lula.
“Aos 78 anos, eu posso dizer que teve dois presidentes que cuidaram do social: Getúlio Vargas e Luiz Inácio Lula da Silva. Getúlio era dono de terras e advogado, mas tirou o trabalhador da semiescravidão”, reforçou Lula, citando ainda as criações da Petrobras e da Eletrobras pelo ex-presidente.
Preço do arroz
Durante comício da campanha de Guilherme Boulos (PSOL) no Campo Limpo, zona sul da capital paulista, Lula disse ter se admirado ao ir a um supermercado e visto que o preço do arroz estava em R$ 36.
“Estou no pé dele (Carlos Favaro) para ele baixar o preço do arroz porque eu disse que ia baixar o preço da picanha, e a picanha baixou. A gente pode fazer as coisas acontecerem nesse País”, disse Lula, emendando que o Brasil está com o menor desemprego nos últimos 14 anos.
Emendas parlamentares
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta sexta-feira que a Controladoria-Geral da União (CGU) apresente em até 30 dias uma proposta de reestruturação do Portal da Transparência que apresente simplificadamente informações detalhadas sobre as emendas de comissão (RP 8) e as emendas de relator (RP 9), segundo comunicado da corte.
A iniciativa ocorre dias após um encontro que envolveu representantes dos Três Poderes em busca de resolver o impasse sobre a transparência e rastreabilidade na execução das emendas parlamentares. Entre outras determinações, Dino decidiu ainda que a reestruturação do portal não deve ultrapassar 90 dias e que ela deverá contar com todas informações disponíveis nos sistema de execução orçamentária dos Poderes Executivo e Legislativo.
Nesse contexto, o presidente Lula tem reunião marcada nesta segunda (26) com líderes partidários da base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados. O encontro também servirá para discutir a pauta prioritária do governo, já que nesta semana a Câmara tem “esforço concentrado” de votações.
(Com Reuters e Estadão)