Prefeito diz que mediação do presidente em disputa com a Caixa é fundamental e lembra que Janja é flamenguista
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta 3ª feira com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), para discutir o impasse em torno da construção do novo estádio do Flamengo, no Gasômetro, região portuária da capital fluminense. A Caixa Econômica Federal questiona na Justiça a desapropriação do terreno feita pela prefeitura e argumenta que houve prejuízo a um fundo de investimento que recebeu aportes do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
“Os esclarecimentos necessários foram feitos ao presidente da República, que desde o início é muito simpático ao estádio do Flamengo. Ele também é vascaíno no Rio, mas a primeira-dama, Janja, é flamenguista, então ele tem uma pressão provavelmente doméstica ali. As coisas caminham bem, tem toda uma boa vontade do presidente da República. Foi fundamental a entrada dele nessa história para a gente não precisar ficar fazendo briga judicial, com petições de cá e de lá”, disse Paes a jornalistas ao final do encontro no Palácio do Planalto.
Além do presidente e do prefeito, participaram da reunião também:
- Carlos Vieira – presidente da Caixa Econômica Federal;
- Jorge Messias – advogado-geral da União;
- Esther Dweck – ministra da Gestão e Inovação;
- Rui Costa – ministro da Casa Civil;
- Pedro Paulo (PSD-RJ) – deputado federal;
- Guilherme Schleder – deputado estadual e secretário de Esportes do Rio.
Paes interrompeu os compromissos de campanha para viajar a Brasília. Ele disputa a reeleição ao comando da capital fluminense e tem o apoio de Lula no pleito.
De acordo com o prefeito, outra reunião será realizada na 5ª feira (29.ago), no Rio, entre representantes da AGU (Advocacia Geral da União) e advogados da prefeitura.
“É como uma câmara de conciliação para tentar resolver essas pendengas, ao comando do presidente no sentido de que, dentro da lei e observando critérios legais, e ao meu comando no município, para que a gente possa acertar essa situação”, disse.
Em 2 de agosto, o Clube de Regatas do Flamengo anunciou o pagamento de R$ 138,2 milhões ao Rio pelo terreno na zona portuária onde construirá o futuro estádio do clube. O time venceu o leilão do local em 31 de julho. O local era de um fundo privado gerido pela Caixa.
Em junho, o prefeito interviu e desapropriou a área, depois de tentativas do clube de fechar um acordo diretamente com o banco, que tentou interromper o leilão na Justiça, mas perdeu. Inicialmente, o clube havia topado pagar até R$ 250 milhões, mas o banco reivindicou um valor maior.
“A gente sabe que existe uma posição da Caixa Econômica Federal, que nesse caso busca proteger o patrimônio do FGTS e, portanto, eles estão tomando algumas medidas judiciais. Encaminhamos já algumas questões para que essas dúvidas que ainda pairam sobre a legalidade do ato da prefeitura ou até do próprio valor, que já foi definido por perícia judicial”, disse.
Sobre as críticas de que a desapropriação do terreno poderá causar prejuízos ao FGTS, Paes afirmou que em 2023 a prefeitura carioca perdoou uma dívida do fundo gerido pela Caixa no local que levou a um lucro extra de R$ 6,5 bilhões.
“A pessoa [sic] mais preocupada para que o fundo de garantia tenha seu patrimônio preservado é a prefeitura do Rio. Estamos dando todas as condições para a Caixa não ter nenhum tipo de problema”, disse.