Governo Lula considera declarações de Milei sobre suspensão do X no Brasil ‘inaceitáveis’, dizem fontes

As declarações do presidente argentino, Javier Milei, sobre a suspensão da rede X (ex-Twitter) no Brasil — em evento da extrema direita em Buenos Aires, ele citou o “aval” dado por um “tirano” à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) — foram consideradas “inaceitáveis” por fontes do governo brasileiro. A resposta à Casa Rosada está sendo analisada no Palácio do Planalto e no Itamaraty, e as possibilidades são várias. Setores do governo defendem a suspensão de reuniões de alto nível entre os dois países, a convocação do embaixador brasileiro em Buenos Aires, Julio Bitelli, e um atraso na apresentação das cartas credenciais do embaixador argentino no Brasil, Daniel Raimondi, entre outras.

Está prevista para a semana que vem a visita a Buenos Aires da secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura Rocha, para participar de um encontro bilateral no Ministério da Defesa argentino. Este mês, também viria à capital argentina o ministro do Turismo, Celso Sabino, já que o Brasil será o país homenageado na feira do setor do país.

Embora Milei não tenha citado Lula, a fala do presidente argentino causou profundo mal-estar no governo brasileiro. Depois de afirmar que devemos “olhar para o Brasil”, Milei afirmou que a Justiça brasileira é “dependente do poder petista”. Segundos depois, o chefe de Estado argentino, que fizera menção à decisão do STF de “proibir o X”, disse que “somente um tirano pode dar aval a semelhante ato de opressão”.

Na avaliação de fontes do governo brasileiro, “Milei não menciona Lula, mas no contexto de sua fala, a intenção fica clara” e, de acordo com as mesmas fontes, “diante de um ataque desta natureza, não se pode deixar de defender o presidente [brasileiro]”. Outra fonte disse que Milei desconhece a divisão de poderes que existe numa república.

Para o governo Lula, a fala do presidente argentino não foi uma surpresa, depois de Milei ter retuitado, no último fim de semana, um post de sua chanceler, Diana Mondino, que questionava ataques à liberdade de expressão em outros países. Nos últimos dias, o presidente argentino retuitou vários posts do magnata Elon Musk — dono do X — sobre sua disputa com o ministro do STF Alexandre de Moraes, autor da ordem de suspensão, depois ratificada por unanimidade pela 1ª Turma da corte. Também é preciso lembrar, disse uma das fontes, “que Milei esteve recentemente em Santa Catarina em um evento organizado pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro. Chega uma hora que é preciso reagir”.

Para fontes do governo brasileiro, “não se pode deixar passar em branco” o que foi dito por Milei, ainda mais em momentos em que o Brasil está administrando a Embaixada da Argentina em Caracas, a pedido da Casa Rosada.

O que Milei busca com declarações como a desta quinta-feira contra o governo brasileiro é algo que não fica claro para fontes oficiais. Uma delas respondeu simplesmente que “Milei é como um míssil não guiado”. Mas o que, sim, está claro é que, desta vez, o Brasil não ficará calado.

A crise poderia escalar ainda mais, em momentos em que o governo Lula prepara uma reunião em defesa da democracia e contra a extrema direita, que será realizada em Nova York no final do mês, em paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas.

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