Polícia Científica descarta uso de inteligência artificial no vídeo em que prefeito de Minaçu aparece fazendo sexo com duas mulheres

Laudo emitido pelo Laboratório de Perícias em Áudio e Imagem, da Superintendência de Polícia Técnico-Científica de Goiás, atesta – por meio de robusta documentação –  que não houve edição, manipulação de imagens ou utilização de recursos de inteligência artificial (IA) no vídeo em que o prefeito e candidato a reeleição em Minaçu, Carlos Alberto Silva Lereia (PSDB), foi gravado – de forma indevida, supostamente – mantendo relações sexuais com duas mulheres.

O caso chegou ao conhecimento da Delegacia da Polícia Civil de Minaçu através do vereador Eugênio Romão Rodrigues (Podemos). Filho do ex-prefeito Cícero Romão, o vereador conquistou seu primeiro mandato nas eleições em 2020 mas decidiu não disputar a reeleição neste ano.

De acordo com o vereador – apesar da gravação estar repercutindo fortemente desde a noite da quarta-feira/4 em meios de comunicação da capital – o conteúdo do vídeo já era um assunto amplamente comentado nas rodas de conversa em Minaçu há pelo menos duas semanas.

O político disse ao Portal Excelência Notícias na manhã desta quinta-feira/5 que decidiu procurar o delegado de Minaçu, Thiago Ferreira Farias, no dia 20 de agosto, para resguardar-se de rumores que correram na cidade do Norte do Estado de que ele seria o responsável por editar e divulgar as imagens com momentos íntimos do chefe do Executivo minaçuense, com recursos de IA.

Na segunda-feira/2, durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Minaçu, Eugênio Romão fez uso da tribuna para mensurar o que fora constatado pelo laudo da perícia.

Na oportunidade, Eugênio alertou os demais colegas vereadores que a casa de leis precisa dar devida atenção para a ocorrência de uma possível quebra de decoro parlamentar por Carlos Lereia, com base no Decreto Presidencial 201/67, que versa sobre condutas inapropriadas para prefeitos no exercício da função pública.

“Quero frisar – e deixar bem reforçado, nessa entrevista – que não estou preocupado em nenhum momento sobre a vida pessoal e íntima do prefeito, nem com a vida de ninguém. Porém, ele é o prefeito e eu estou vereador. E, de acordo com esse decreto, o fato ocorrido (o vídeo vazado) enquadra-se como infração político-administrativa que pode ser julgada pela Câmara Municipal de Minaçu. Se deixar filmar numa orgia não é um comportamento compatível com a dignidade e o decoro que o cargo de prefeito exige dele”, detalhou o vereador.

Ainda de acordo com Eugênio Romão, um fato que lhe causou total estranheza foi o fato do próprio Carlos Lereia não ter procurado a Polícia Civil de Minaçu para registrar uma ocorrência por calúnia e difamação, dada a sequência de vezes em que o vídeo fora encaminhado via WhatsApp, no sentido de resguardar-se e processar as pessoas que insistissem na divulgação da gravação.

“O vídeo chegou até mim por um telefone com DDD 047 (que abrange as cidades de Blumenau, Itajaí, Joinville e Jaraguá do Sul, em Santa Catarina), como se fosse uma menina mandando para mim, mas não sei dizer se foi através de um perfil falso ou verdadeiro, no WhatsApp. Eu não compartilhei e não toquei no assunto até o momento que começaram as insinuações que eu seria o mentor (da produção e divulgação do vídeo) por inteligência artificial”, complementou Eugênio.

Segundo o vereador, a ideia de levar o assunto à discussão dentro do Legislativo local no começo da semana se deu para que os 12 demais vereadores refletissem sobre a possibilidade de instauração de algum processo investigatório em desfavor do prefeito de Minaçu pela suposta quebra de decoro.

Eugênio Romão disse que ele próprio, sozinho, não pretende encabeçar nenhuma articulação nesse sentido.

“Eu senti que boa parte deles (os vereadores) se mostraram frios diante do assunto, porque não mencionaram o caso, talvez também procurando evitar levar o fato para o lado pessoal. Eu também não estou levando esse caso para o lado pessoal, nem político, só quis alertá-los. Agora, fiz isso (o uso da tribuna) para me defender também”, disse Eugênio Romão.

O QUE DIZ O LAUDO DA POLÍCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA – No documento, de 20 páginas – cuja cópia foi fornecida ao Excelência Notícias pelo vereador de Minaçu – dois peritos criminais (um relator e outro revisor) e detalham que o vídeo, com 7min11s de duração total, foi aparentemente filmado por um aparelho de telefone celular, posicionado debaixo de algum móvel (mesa, aparador ou cômoda, por exemplo), e que foi parcialmente coberto na parte superior por um forro.

Sempre de acordo com a Polícia Técnico-Científica, não é possível determinar quem posicionou o aparelho para a realização da gravação com o prefeito Carlos Alberto Lereia, ou a motivação pela qual decidiu-se pela captação indevida das imagens.

“(…) O vídeo apresenta imagens com áudio onde um homem de cabelos grisalhos, inicialmente vestido de camisa listrada azul e branco, calça cáqui, tem relação sexual com duas mulheres de aparência jovem, sobre uma cama, posicionada à esquerda do vídeo.  A sequência de imagens exibe o homem abraçando as duas mulheres nuas, com a parte superior do vídeo coberta pelo forro do móvel que está posicionado sobre o aparelho gravador (…)”, apontou a Superintendência da Polícia Científica de Goiás, num dos trechos do documento.

Na sequência, o laudo da perícia expõe, com clareza de detalhes, os passos seguintes da relação sexual do prefeito de Minaçu com as duas mulheres.

Todavia, por tratar-se de conteúdo pornográfico – ainda que com viés eminentemente técnico – o Portal Excelência Notícias decidiu abster-se de reproduzir a íntegra de tais trechos nesta reportagem.

Por outro lado, o relatório também faz apontamentos de caráter técnico sobre a gravação, sobretudo no que diz respeito à decisão do vereador Eugênio Romão em procurar a Polícia Civil de Minaçu após ser citado como provável mentor da produção e divulgação do conteúdo desfavorável ao prefeito Carlos Alberto Lereia.

“(…) A análise perceptual da sequência de imagens não apresentou edições perceptíveis. O vídeo apresentou contexto lógico, sem indícios de corte, inserções, alteração de cores ou incoerências geométricas envolvendo sombras, fontes de iluminação, os objetos e seus reflexos, além do próprio encadeamento lógico dos acontecimentos.  A análise perceptual não revelou cortes ou interrupções nas falas ou no áudio de fundo, além de apresentar perfeito sincronismo com os acontecimentos observados no vídeo (…)”, aponta o relatório, na sequência, descartando que tenha ocorrido edição de imagens e/ou áudio do conteúdo periciado.

Ainda de acordo com a Superintendência de Polícia Técnico-Científica, não foi possível determinar a origem exata do vídeo, a data e horário reais da gravação, localização ou outros dados da gravação, pois o encaminhamento de vídeos através do aplicativo de mensagens WhatsApp pode recodificar a estrutura do arquivo.

Além disso, sempre de acordo com o relatório, as informações contidas no nome do arquivo provavelmente estão relacionadas ao dia e hora em que o arquivo foi encaminhado via Whats App, no caso às 10h42 da manhã do dia 20 de agosto.

Para determinar a origem exata do arquivo, a Polícia Técnico-Científica fez constar que seria necessário periciar o dispositivo específico que foi usado para gravar o vídeo ou informações adicionais sobre o processo de compartilhamento.

DELEGADO NÃO FOI ENCONTRADO – Através do WhatsApp da Delegacia da Polícia Civil de Minaçu, em mensagem enviada às 14h29 para o número (62) 98524-4339, a reportagem foi informada, às 15h43, de que o delegado Thiago Farias estava ausente, em diligências sobre outras investigações em curso na unidade.

LEREIA NÃO RESPONDEU PEDIDO DE ENTREVISTA –  Na noite desta quarta-feira/4, às 21h37, também enviamos mensagem de texto via WhatsApp para o prefeito de Minaçu, Carlos Alberto Lereia, pedindo um posicionamento formal dele sobre o rumoroso caso.

O chefe do Executivo minaçuense visualizou a mensagem alguns minutos depois, o que foi possível constatar pela aparição, na tela, do que se conhece como “visto azul” quando o teor é lido, demonstrando que o prefeito não havia desativado o recurso conhecido como “confirmação de leitura”.

Sendo assim, o Portal Excelência Notícias coloca-se à disposição da Polícia Civil de Minaçu e do prefeito da cidade do Norte do Estado para esclarecimentos que ambos desejarem fazer, a qualquer tempo.

Carlos Lereia já foi deputado estadual, deputado federal e disputa a reeleição para o cargo de prefeito de Minaçu: vazamento de vídeo íntimo deixa chefe do Executivo em situação embaraçosa na cidade [Foto: Reprodução/Internet]

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