O governo brasileiro está considerando elevar impostos que podem ser ajustados sem a necessidade de aprovação do Congresso Nacional. A medida visa aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal de déficit primário zero para o ano de 2024.
A avaliação se concentra em tributos que podem ser alterados por meio de decreto presidencial, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto de Importação e Imposto de Exportação. Saiba mais detalhes!
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A Necessidade de Ajuste Fiscal
A proposta de elevar impostos que não dependem do Congresso surge em um momento crítico para as finanças públicas brasileiras. O Ministério da Fazenda está diante da necessidade de aumentar a arrecadação para cumprir a meta de déficit primário zero em 2024, que possui uma tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB.
Fontes do governo confirmaram à Reuters que a medida adicional pode ser anunciada juntamente com o relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para este mês. A decisão de ajustar tributos por meio de decreto presidencial permite uma resposta rápida e direta a qualquer frustração de receitas, sem a demora e a complexidade associadas ao processo legislativo.
Impostos Sob Avaliação
Os tributos que se enquadram na categoria de ajuste imediato são:
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
O IOF é um imposto federal que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro. O governo pode aumentar a alíquota deste imposto para gerar receita adicional rapidamente.
Imposto de Importação
Este imposto é aplicado sobre produtos estrangeiros que entram no país. A elevação da alíquota pode impactar diretamente o custo de bens importados e gerar receita adicional para o governo.
Imposto de Exportação
Embora menos comum, o Imposto de Exportação pode ser ajustado para controlar a saída de produtos do país e arrecadar mais fundos.
Esses impostos podem ser alterados por meio da edição de decretos presidenciais, o que elimina a necessidade de aprovação do Congresso e permite uma implementação mais ágil.
Medidas Complementares
Além do aumento de impostos, o governo está aguardando a aprovação de um projeto de lei que traz medidas compensatórias para desoneração da folha de salários. Entre essas medidas estão:
- Captação de Recursos de Depósitos Judiciais: Utilização de valores parados em depósitos judiciais para reforçar as finanças públicas;
- Coleta de Dinheiro Esquecido em Contas Bancárias: Ação para resgatar valores não reclamados em contas bancárias;
- Repatriação de Ativos no Exterior: Programa para trazer de volta ao país ativos financeiros mantidos fora.
Essas medidas visam compensar a queda na arrecadação e fornecer uma base adicional de recursos para o governo.
Desafios e Perspectivas
A implementação dessas medidas não será simples. A necessidade de criar novos normativos, editais e programas, bem como a atuação da Advocacia-Geral da União, representa um desafio significativo. Além disso, a equipe econômica precisa lidar com a percepção do mercado sobre a capacidade do governo de alcançar a meta fiscal.
Analistas de mercado são céticos quanto à capacidade do governo de atingir o déficit primário zero, com o boletim Focus do Banco Central projetando um déficit de 0,60% do PIB para este ano. Esse ceticismo é um reflexo das dificuldades enfrentadas pelo governo em ajustar as finanças públicas e a complexidade envolvida na implementação de medidas fiscais.
Compromisso com a Meta Fiscal
Apesar das dificuldades, a equipe econômica reafirma seu compromisso com a meta fiscal. A postura do governo é de buscar a meta a todo custo, mesmo diante dos desafios. Em declarações recentes, uma fonte oficial destacou a disposição do governo em fazer um esforço significativo para fechar as contas do ano, enfatizando a importância de não abrir mão do objetivo fiscal.
“Para fechar o fiscal este ano vamos fazer um esforço grande, não abrimos mão,” afirmou a fonte ouvida pelo InfoMoney. Essa determinação é crucial para restaurar a confiança dos investidores e garantir a estabilidade econômica.
Impactos Potenciais
A elevação dos impostos pode ter impactos variados na economia. Aumentos no IOF, Imposto de Importação e Imposto de Exportação podem afetar diretamente o custo de crédito, a competitividade das empresas e o custo de bens importados e exportados.
Enquanto a medida pode ajudar a gerar receita adicional para o governo, também pode ter efeitos colaterais, como a redução do consumo e o impacto negativo nas empresas que dependem de importações.
Considerações Finais
O governo brasileiro enfrenta um momento desafiador na busca por equilíbrio fiscal. A consideração de aumentar impostos que não dependem do Congresso é uma estratégia para enfrentar a necessidade imediata de aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal de déficit primário zero.
A decisão de implementar essas medidas por meio de decretos presidenciais permite uma resposta rápida, mas também traz desafios significativos em termos de implementação e impacto econômico.
A sociedade e os analistas de mercado acompanharão de perto os próximos passos do governo e a efetividade das medidas adotadas. A capacidade do governo de alcançar suas metas fiscais será um indicador crucial da sua habilidade em gerenciar as finanças públicas e promover a estabilidade econômica no país.
Imagem: Marcello Casal Jr / Agência Brasil