Machine Learning:
Machine Learning (ML) é um ramo da inteligência artificial (IA) e da ciência da computação que se concentra no uso de dados e algoritmos para permitir que a IA imite a maneira como os humanos aprendem, melhorando gradualmente sua precisão. Source: Moment RF / xia yuan/Getty Images
“Machine Learning é um subconjunto de sistemas usando a inteligência artificial, mas a IA vai além do Machine Learning. Por exemplo, o Chat GPT é um exemplo de Machine Learning… uma técnica de estatísticas para treinar o computador ou sistema para executar funções.”
Algoritmo Clássico:
Um algoritmo clássico (ou não quântico) é uma sequência finita de instruções, ou um procedimento passo a passo para resolver um problema, onde cada etapa ou instrução pode ser executada em um computador clássico, como limpar uma superfície. Source: Moment RF / Nitat Termmee/Getty Images
“Algarismo clássico que não seria o Machine Learning, seria um conjunto de comandos pré-determinados para situações. Como para treinar um computador ou robô para uma função pré-definida, como uma ferramenta como cortar ouro”, exemplifica Paulo.
Quando questionado sobre quais seriam as profissões que estariam próximas de suas extinções e se devemos temer o famoso “as máquinas vão ocupar o lugar dos humanos”, Paulo se vê otimista nesse cenário.
Paulo Borges, Cientista pesquisador principal na área de IA e robótica, para a CSIRO.
Temos a própria história para afirmar que essa preocupação é desnecessária. Desde o início da Revolução Industrial, tivemos dezenas, centenas e milhares de profissões que deixaram de existir devido à criação de novas tecnologias, como operador de telégrafo ou escritor de cartas. A extinção de uma cria oportunidade para outras. O ser humano é adaptável.
Paulo Borges, Cientista pesquisador na área de IA e robótica
Profissões técnicas, mesmo na área de humanas como revisores de texto, tradutores, designs gráficos menos personalizados estariam com seus dias contatos. Source: Moment RF / Nitat Termmee/Getty Images
Setores de maior risco de vida para humanos, como mineração ou a própria agricultura, vêm cada vez mais se automatizando. E isso pode refletir na redução drástica de empregos atuais mais braçais. Por outro lado, a gestão destes trabalhos ainda fica muito a cargo da mente humana.
Conceito Futurista: Empresas de tecnologia estão cada vez mais investindo em carros elétricos autônomos de Direção e Emissões Zero. Source: iStockphoto / gorodenkoff/Getty Images/iStockphoto
Artes e comunicação também são áreas onde a IA está cada vez mais presente, desde a criação de músicas e desenhos, ou escrevendo textos completos. No mais, Paulo pensa que “no futuro, eu acho que a função dos pintores, artistas e escultores vão continuar sendo bem valorizadas, apesar do que tem se sentido pelas pessoas na área. O trabalho original de um artista profissional será mais valioso que de uma máquina que produz em escala.”
O professor coordena a iniciativa do uso de IA para a agilização do sistema jurídico brasileiro. O projeto desenvolvido no Brasil com o judiciário usa a inteligência artificial generativa no auxílio processamento do volume de dados que existe no Brasil.
Luciano Vieira de Araújo, professor da USP na área de sistema de informação e coordenação projeto Smart cities BR.
Hoje, o Brasil tem mais de 83 milhões de processos ativos, e a cada mês mais de 2 milhões de processos novos chegam até o judiciário. E preciso desse apoio tecnológico para poder acelerar as análises.
Luciano Vieira de Araújo, professor da USP de sistema de informação.
Paulo reconhece que ainda há vários pontos da IA que devem ser debatidos, como o acesso a conversas particulares, quando, por exemplo, se fala que gostaria de começar se exercitar, e quando abre as suas redes sociais ou provedores de pesquisa, várias propagandas de tênis, empresas fitness, ou perfis de pessoas nesse ramo aparecem, mesmo sem que você tenha pesquisado sobre o assunto no digital.
As redes sociais e os aplicativos de interação com IA utilizam o sistema de Machine Learning, onde o computador vai aprendendo o comportamento do usuário. Source: Moment RF / d3sign/Getty Images
“Isso é realmente um problema. Tem alguma configuração do celular que pode diminuir essa coleta de dados quando não estamos utilizando o aparelho, e apenas conversando próximo a ele, mas não sei até que ponto elas são realmente eficientes, e esse é um ponto que muita gente tem levantado o debate na área de IA.”
Outro lado obscuro da inteligência artificial é a utilização desse recurso para produção de fake news, deepfake, e o quanto o online influência diretamente no offline. Protestos podem surgir a partir de uma notícia falsa, conflitos sociais e problemas psicológicos podem ser derivados de uso indevido da imagem de outras pessoas.
Hoje em dia, todo mundo já viu algumas fake news e, quando não sabemos o que é mentira, porque essa se parece com uma verdade, como montagens feitas com inteligência artificial podem causar vários conflitos.
Paulo Borges, Cientista pesquisador principal na área de IA e robótica, para a CSIRO.
O último problema que o cientista pontua nessa era das inteligências artificiais é a redução do uso da inteligência humana.
E aí eu acho que o outro problema é dependência dos recursos online. A gente está ficando um pouco mais ‘burros’, onde não precisamos pensar muito para executar várias funções que as máquinas podem fazer.
Paulo Borges, Cientista pesquisador principal na área de IA e robótica, para a CSIRO.
Paulo ainda complementa. “É só lembrar dos nossos pais. Meu pai dizia que as calculadoras deixavam as coisas muito fáceis, que ele tinha que fazer contas complexas de cabeça. Eu hoje vendo as super calculadoras e programadores de sistema nas universidades, e penso como meu pai que na minha época a gente tinha que pensar muito mais.”
O rápido avanço da inteligência artificial generativa (IA) gerou debates sobre seu impacto na inteligência humana. Credit: nazar_ab/Getty Images
Em resumo, a inteligência artificial não substituirá a inteligência humana, mas o ser humano está ficando dependente de utilizar a inteligência artificial em vez de usar a sua própria, e isso, sim, pode ser um problema para as próximas gerações, porque o cérebro é um músculo, que precisa ser exercitado.