Estratégias sustentáveis e aplicações de Inteligência Artificial (IA)

Estratégias sustentáveis e aplicações de Inteligência Artificial (IA)

Diocélio Dornela Goulart

Professor do Centro de Inteligência em Médias Empresas da FDC

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Você sabia que ao inserir dados da sua empresa em ferramentas como o ChatGPT, essas informações podem se tornar públicas? Ou que o treinamento e utilização de inteligência artificial, como o ChatGPT, pode consumir bilhões de litros de água apenas para resfriar seus servidores? Enquanto muitas empresas se posicionam como defensoras dos princípios ESG (Environmental, Social and Governance), o uso de certas tecnologias pode levantar questões sobre sua real sustentabilidade.

A inteligência artificial (IA) tem sido amplamente promovida como a próxima grande revolução tecnológica, mas será que estamos realmente preparados para lidar com seus impactos de longo prazo? A história da IA, desde os conceitos pioneiros de Alan Turing e John McCarthy na década de 1950, é marcada por altos e baixos, e atualmente estamos em um período de intensa hype. No entanto, é importante considerar que a adoção bem-sucedida da IA não é uma corrida de velocidade, mas, sim, uma maratona. Empresas que esperam resultados imediatos podem se decepcionar, pois a IA exige dados de alta qualidade, tempo para treinamento de algoritmos e uma compreensão profunda dos processos internos.

Este artigo explora a trajetória da IA, desde seus primórdios até os desenvolvimentos mais recentes, como o Transformer e o ChatGPT, que têm revolucionado o campo. Além disso, discutiremos as implicações éticas e de governança da IA, enfatizando a necessidade de uma abordagem estruturada e sustentável para seu desenvolvimento contínuo. A IA não é apenas uma questão de inovação tecnológica; é um desafio de governança e de sustentabilidade, que exige um compromisso de longo prazo.

Os primórdios da Inteligência Artificial

A década de 1950 marcou o surgimento do conceito de inteligência artificial (IA), que se refere à capacidade de máquinas e sistemas de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana. Os pioneiros da IA, como Alan Turing e John McCarthy, buscavam compreender e reproduzir os processos cognitivos e lógicos que caracterizam o pensamento humano. Nesse período, foram desenvolvidos os primeiros algoritmos e sistemas de IA, como o “Logic Theorist” e o “General Problem Solver“, que demonstravam a possibilidade de resolver problemas complexos e simular o raciocínio matemático.

Outro avanço importante foi o Perceptron, um modelo de rede neural artificial proposto por Frank Rosenblatt, que se baseava na ideia de que os neurônios podem ser representados por funções matemáticas. O Perceptron foi capaz de aprender a classificar padrões simples, como imagens binárias. Os primeiros anos da IA foram marcados por uma visão otimista e utópica, que acreditava que a máquina poderia superar ou igualar a inteligência humana em breve.

Ciclos de pesquisa e desenvolvimento

A história da Inteligência Artificial (IA) é marcada por ciclos de entusiasmo e desapontamento. Inicialmente, houve um período de grande empolgação e expectativas exageradas, seguido pelos chamados “invernos da IA”.

O debate entre Frank Rosenblatt e Marvin Minsky, no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, foi um marco. Rosenblatt, criador do Perceptron, era otimista sobre redes neurais artificiais. Minsky, por outro lado, foi cético, publicando com Seymour Papert o livro “Perceptrons”, em 1969, apontando limitações matemáticas.

Este debate resultou no primeiro “inverno da IA”, mas décadas depois, limitações foram superadas com redes multicamadas e algoritmos avançados. Na década de 1980, a IA viu avanços significativos, especialmente em redes neurais e sistemas especialistas.

O progresso na IA foi impulsionado por avanços tecnológicos, capacidade de processamento e big data, demonstrando o potencial prático da IA em diversas áreas. Essas técnicas começaram a ser integradas em aplicações comerciais, acelerando o desenvolvimento do campo.

A revolução dos algoritmos de aprendizado profundo

O início do século XXI marcou uma nova era para a Inteligência Artificial. A década de 2000 testemunhou um ressurgimento do interesse pela IA, impulsionado pelo aumento da capacidade computacional e a disponibilidade de grandes volumes de dados.

O desenvolvimento das redes neurais profundas provou ser eficaz em tarefas como reconhecimento de imagem e tradução automática. Em 2017, a introdução dos algoritmos Transformer revolucionou o processamento de linguagem natural, permitindo a criação de modelos de linguagem mais poderosos e versáteis.

Esses avanços foram a base para muitos dos sistemas de IA mais avançados, de assistentes virtuais a ferramentas de análise de dados. Além de expandir as capacidades técnicas, essa evolução reavivou discussões sobre as implicações éticas e sociais da IA, destacando a necessidade de um desenvolvimento e aplicação responsáveis.

O surgimento do ChatGPT e a nova corrida pela IA

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© – Shutterstock

O campo da Inteligência Artificial evoluiu significativamente com o desenvolvimento do algoritmo Transformer e a criação do ChatGPT pela OpenAI. Introduzido em 2017, o Transformer revolucionou o processamento de linguagem natural, permitindo o desenvolvimento de modelos mais sofisticados. O ChatGPT, lançado em 2022, aproveitando esta tecnologia, mostrou capacidades impressionantes em gerar texto coerente e contextualizado.

O impacto do ChatGPT foi amplamente sentido na indústria e na sociedade, impulsionando discussões sobre o futuro do trabalho e da educação. Empresas adotaram a tecnologia em serviços diversos, e a corrida por avanços em IA se intensificou, com investimentos crescentes de empresas e governos.

Com novas ferramentas e aplicações emergindo, debates sobre privacidade, viés algorítmico e impactos no mercado de trabalho ganharam urgência. A sociedade enfrenta agora o desafio de equilibrar o progresso tecnológico com a necessidade de regulamentação e considerações éticas, garantindo um desenvolvimento responsável da IA.

Desafios atuais e a necessidade de governança e sustentabilidade

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© – Shutterstock

O avanço rápido da Inteligência Artificial (IA) trouxe preocupações econômicas e de sustentabilidade. A implementação de sistemas de IA requer recursos computacionais e energéticos significativos, levantando questões sobre escalabilidade e impacto ambiental. Além disso, a coleta e o uso de grandes volumes de dados pessoais suscita preocupações éticas sobre privacidade e segurança da informação, bem como vieses algorítmicos.

A viabilidade econômica dos investimentos em IA e sua sustentabilidade a longo prazo são pontos críticos de discussão. Uma reflexão estruturada sobre a governança de IA é necessária, incluindo o desenvolvimento de frameworks éticos, políticas adequadas e uma abordagem transparente.

As considerações éticas abrangem os aspectos técnicos e econômicos e o impacto social e cultural da IA. Um diálogo contínuo entre desenvolvedores, formuladores de políticas e a sociedade civil é essencial para garantir uma IA responsável e equitativa, promovendo a diversidade e a inclusão nos processos de desenvolvimento e assegurando a distribuição justa dos benefícios tecnológicos.

Propostas para gestão e governança da IA

O desenvolvimento e a implementação de projetos de Inteligência Artificial requerem estruturas de gestão robustas que considerem implicações éticas, legais e sociais. Recomenda-se uma abordagem multidisciplinar, que integre especialistas em diversas áreas para garantir uma visão holística. Governança de dados e ética na IA são fundamentais, incluindo políticas rigorosas de proteção de dados, transparência e auditorias regulares para mitigar vieses algorítmicos.

Para assegurar a sustentabilidade dos investimentos, é crucial realizar análises de custo-benefício detalhadas e implementar processos de monitoramento contínuo. Exemplos de boas práticas incluem a IA na saúde para diagnóstico precoce e a IA no setor financeiro para detecção de fraudes, ambas bem-sucedidas com protocolos éticos rigorosos.

Programas de treinamento sobre IA em todos os níveis organizacionais e parcerias entre empresas, academia e governo são modelos eficazes. A adoção de frameworks de governança adaptáveis permite ajustes contínuos conforme novas tecnologias e desafios éticos emergem.

Conclusão

O artigo abordou tópicos cruciais sobre o desenvolvimento e implementação da Inteligência Artificial (IA), destacando avanços e desafios neste campo. Desde seu surgimento até o ressurgimento recente impulsionado por técnicas avançadas como as redes neurais profundas, a IA tem mostrado um impacto significativo. A criação do ChatGPT pela OpenAI exemplifica esta transformação, gerando novas aplicações e acelerando investimentos.

Preocupações econômicas e éticas, como a sustentabilidade de infraestruturas e a governança de dados, foram discutidas. A importância de uma abordagem multidisciplinar e de frameworks de governança adaptáveis foi enfatizada para garantir a sustentabilidade dos investimentos em IA.

Conclui-se com um chamado à ação para gestores e pesquisadores, destacando a necessidade de práticas robustas de ética e governança, além de políticas de uso responsável de dados. O compromisso contínuo com a educação e a colaboração entre setores são essenciais para maximizar os benefícios da IA equilibrando inovação e responsabilidade ética.

Por fim, o futuro da IA não é predeterminado, mas será moldado pelas decisões e ações tomadas hoje. Portanto, é responsabilidade coletiva de gestores, pesquisadores e formuladores de políticas garantir que o desenvolvimento e a implementação da IA sejam conduzidos de maneira que beneficie a humanidade como um todo, respeitando princípios éticos e promovendo a equidade e a inclusão.

Diocélio Dornela Goulart - inteligência artificial IA
Diocélio Dornela Goulart (Foto: Divulgação)

Diocélio Dornela Goulart, professor do Centro de Inteligência em Médias Empresas da FDC





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