Pai do ChatGPT e fundador da Microsoft conversam sobre IA com a Oprah

O novo especial de TV de Oprah Winfrey – AI and the Future of Us (“IA e o Nosso Futuro”, em tradução livre) – foi ao ar na ABC na noite de quinta-feira (12). Nele, a apresentadora conversou sobre inteligência artificial com grandes nomes da tecnologia. Entre eles, o CEO da OpenAI, Sam Altman, e o fundador da Microsoft, Bill Gates.

O tom predominante do especial foi de ceticismo e de cautela. “A IA ainda está além do nosso controle e, em grande medida, do nosso entendimento”, disse Oprah.

“Mas ela [a IA] está aqui, e nós vamos conviver com uma tecnologia que pode ser nossa aliada, assim como nossa rival”, continuou a apresentadora. “Somos as criaturas mais adaptáveis deste planeta. Vamos nos adaptar novamente. Mas mantenha seus olhos no que é real. Os riscos não poderiam ser maiores.”

O site TechCrunch pinçou destaques das conversas sobre IA que Oprah teve com Sam Altman, o primeiro entrevistado da noite, e Bill Gates, que ficou mais para o final. Confira abaixo os principais pontos do que foi falado:

Sam Altman (CEO da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT)

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CEO da OpenAI, Sam Altman, traz argumento questionável em conversa com a Oprah sobre IA (Imagem: photosince/Shutterstock)

Altman trouxe um argumento questionável de que a IA atualmente aprende conceitos dentro dos dados em que é treinada. “Mostramos ao sistema mil palavras numa sequência e pedimos para ele prever o que vem a seguir”, disse o CEO. “O sistema aprende a prever e, então, ali, aprende os conceitos subjacentes.”

Muitos especialistas discordariam dessa afirmação. Sistemas de IA como o ChatGPT e o o1, modelo que “pensa” anunciado pela OpenAI também na quinta, de fato prevêem as próximas palavras mais prováveis numa sentença. Mas são apenas máquinas estatísticas que aprendem padrões de dados. É como se fossem calculadoras avançadíssimas.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, diz que ChatGPT aprende – mas especialistas discordariam disso (Imagem: Ju Jae-young/Shutterstock)

Outro ponto importante: “Uma das primeiras coisas que precisamos fazer – e isso já está acontecendo – é fazer com que o governo comece a pensar como realizar testes de segurança desses sistemas, como fazemos com aeronaves ou novos medicamentos”, disse Altman.

Oprah também questionou o CEO sobre seu papel como líder da OpenAI. Ela perguntou por que as pessoas deveriam confiar nele. Em grande parte, Altman saiu pela tangente nessa, dizendo apenas que sua empresa tenta construir confiança ao longo do tempo.

A apresentadora também perguntou se Altman era “o homem mais poderoso e perigoso do mundo”, como sugeriu uma manchete na imprensa internacional. Ele discordou, mas disse sentir a responsabilidade de direcionar a IA para uma direção positiva para a humanidade.

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Bill Gates (fundador da Microsoft)

Bill Gates
Bill Gates mantém postura otimista sobre IA em conversa com a Oprah (Imagem: Alexandros Michailidis/Shutterstock)

Já a conversa com Bill Gates trouxe um tom mais otimista ao especial. Na entrevista com a Oprah, o fundador da Microsoft expressou a esperança de que a IA turbine áreas relacionadas a medicina e educação.

Em relação à saúde, Gates disse o seguinte: “A IA é como uma terceira pessoa sentada em [uma consulta médica], fazendo transcrição, sugerindo receita. E assim, em vez de o médico encarar uma tela de computador, ele interage com você, enquanto o software [a IA] garante uma transcrição realmente boa.”

No entanto, Gates ignorou o potencial de viés devido ao treinamento inadequado da IA. Eis alguns pontos preocupantes sobre isso:

  • Um estudo recente demonstrou que sistemas de reconhecimento de fala das principais empresas de tecnologia eram duas vezes mais propensos a transcrever incorretamente áudios de pessoas negras em comparação a pessoas brancas;
  • Outras pesquisas mostraram que sistemas de IA reforçam crenças antigas e falsas de que há diferenças biológicas entre pessoas negras e brancas (que levam clínicos a diagnosticar incorretamente problemas de saúde).
Ilustração de robôs em sala de aula para exemplificar inteligência artificial na educação
Gates diz que IA pode ajudar educação, mas instituições de ensino não parecem convencidas deste potencial (Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Na sala de aula, Gates disse que a IA pode estar “sempre disponível” e “entender como motivar [alunos], qualquer que seja o nível de conhecimento”.

Na prática, instituições de ensino não encaram a tecnologia assim. Recentemente, escolas e faculdades proibiram o ChatGPT devido a temores de plágio e desinformação. Depois, algumas reverteram suas proibições. Mas nem todos estão convencidos do potencial positivo da IA generativa para a educação.

O que embasam os temores são pesquisas como a do Safer Internet Centre, do Reino Unido. Nela, mais da metade das crianças ouvidas disseram ter visto pessoas da mesma idade usarem IA generativa de maneira negativa. Como? Gerando informações ou imagens falsas convincentes para perturbar alguém, por exemplo.



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