O Ministério da Fazenda elevou nesta sexta-feira (13) de 2,5% para 3,2% a projeção de crescimento do PIB para 2024.
É um ponto percentual a mais do que a própria Fazenda previra oficialmente em março deste ano.
Uma surpresa até mesmo para os mais otimistas integrantes da equipe do ministro Fernando Haddad.
O crescimento mais forte do que o previsto ajuda Haddad a agradar a todos no governo e diminui a pressão sobre a política econômica conduzida por ele.
O governo estimulou de várias maneiras para que o PIB ficasse mais alto, enquanto Haddad tentou mostrar que o resultado primário das contas públicas ficará melhor para animar o mercado. Um pé cá e outro acolá.
A confirmação de um PIB mais robusto também vem animando integrantes do governo a caçar novos estímulos fiscais para garantir um crescimento mais rápido até as eleições de 2026.
A política fiscal continua expansionista. Essa é uma questão não resolvida.
Se, por um lado, o PIB mais alto é uma meta do ministro da Fazenda para arrefecer as críticas da política econômica, por outro a necessidade de estimular demais o PIB faz com que ninguém saiba exatamente o que a política econômica está fazendo.
Se está contraindo ou se está expandindo. O que acontecerá se o PIB cair? O governo vai fazer uma política fiscal mais expansionista do que já está fazendo?
É sobre esses limites que economistas do setor privado, técnicos do governo e do Tribunal de Contas da União, ouvidos pela coluna ao longo da semana, manifestam preocupação. Não se trata de pessimismo exagerado nem excesso de fiscalismo nos alertas.
Ninguém sabe até onde o governo pode ir nesses arroubos para acelerar o PIB. E se, na ausência de limites, poderá incorrer em ideias criativas, que fiquem fora de controle até mesmo para Haddad.
Hoje, as propostas que surgem no governo, inclusive as que permitem gastos com políticas públicas fora do Orçamento, parecem isoladas. Mas, se somadas, a sensação é que há algo preocupante no ar e ultradesorganizado.
Vide o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, querendo obrigar o governo a fazer crédito extraordinário (fora do teto de despesas) para enfrentar a crise dos incêndios.
Todos os que acompanharam no passado os acontecimentos econômicos não têm como ficarem ressabiados.
O governo está esgarçando sua credibilidade com medidas de origem diferentes, todas na mesma direção de tentar apresentar um resultado primário das contas públicas melhor, mas gerando uma política econômica que não condiz com isso.
O problema não são as propostas individuais. Uma ou outra coisa pode passar, sempre acontece, mas o conjunto da obra, a soma de todas as coisas, é esquisita.
Não adianta cumprir a meta fiscal se, na verdade, o resultado primário não significar, na prática, que o governo está fazendo um ajuste fiscal.
Assim, o governo consegue estimular a economia, mas a dívida segue em crescimento.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.