Demitido do Ministério dos Direitos Humanos sob a acusação de ter cometido importunação sexual contra Anielle Franco, ministra de Igualdade Racial, Silvio Almeida disse, em depoimento a três ministros do governo, que foi vítima de uma conspirata orquestrada pelo advogado Marco Aurélio Carvalho, do Grupo Prerrogativas e amigo do presidente Lula. Almeida, que também era ligado ao Prerrogativas, chegou a procurar amigos do coletivo para se aconselhar.
Assim que a denúncia contra ele foi publicada, o então ministro dos Direitos Humanos foi chamado para prestar esclarecimentos no Planalto. Em depoimento aos ministros Vinícius Carvalho (Controladoria-Geral da União), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e a Paulo Pimenta (Comunicação Social), afirmou que as acusações eram infundadas e fruto de uma disputa política entre militantes de pautas identitárias. Isso tudo, segundo ele, faria parte de um movimento para desacreditá-lo, orquestrado justamente por Marco Aurélio Carvalho.
Procurado por VEJA, o advogado negou veementemente qualquer envolvimento com o episódio.
Desespero durante a madrugada
Na madrugada que antecedeu sua demissão, Silvio procurou amigos para se aconselhar. A dois deles, disse que estava disposto a tirar a própria vida. Depois, mais calmo, comunicou a um assessor da Presidência que entregaria o cargo, poupando Lula de assumir o desgaste de ter de demiti-lo. Almeida garantiu que se encontraria com o presidente ainda naquele dia para anunciar seu afastamento. Porém, algo o fez mudar de ideia.
Antes de se reunir com Lula, o ministro publicou uma nota afirmando que as acusações eram “ilações absurdas”. Acusou também o grupo Me Too, que recebeu denúncias de assédio contra ele, de ter tentado interferir em uma licitação no Ministério e comunicou que solicitaria uma investigação rigorosa do caso. Quando encontrou com o presidente, Almeida afirmou ser inocente, quis mostrar ao petista supostas provas que demonstrariam o que dizia e nada falou sobre a demissão. Lula ouviu tudo, mas já tinha um veredicto.