Aprender noções de primeiros socorros e prevenção de acidentes domésticos. Esses são alguns dos ensinamentos que crianças e jovens de 4 a 17 anos recebem na Associação Grupamento de Bombeiros Civis Voluntários de São Bernardo, localizada na Rua Antônio Fregonesi, número 175. Além de conhecimentos técnicos, os bombeiros mirins são instruídos sobre cidadania, ética e respeito a hierarquia. Com módulos de seis meses, o projeto oferece aulas gratuitas aos sábados. Ao todo, no Estado, 52 cidades são contempladas pela ação.
A pequena tenente Gabrielle Vitória, 9, soube do projeto durante um culto na igreja e ficou impressionada com a possibilidade. Ela e o irmão Guilherme Henrique, 10, estão há um ano na associação. “Treinamos primeiros socorros, entre outras formas de ajudar o próximo. Quando eu crescer, penso em ser bombeira e bailarina. O que aprendo no curso passo para meus amigos e familiares. Antes de chegar aqui, eu fazia muita birra, chorava demais. Agora, estou me comportando melhor em casa e na escola.”
Com os ensinamentos, Kaique Soares da Silva, 15, já conseguiu ajudar um colega de turma durante um ataque epilético. “Se eu não estivesse atento, ele teria batido a cabeça na mesa. Consegui prestar o socorro necessário a tempo. Sempre temos que estar vigilantes, porque as ocorrências acontecem do nada”, afirma o jovem, que sonha em ser paraquedista do Exército.
Para ele, a disciplina é o maior aprendizado nesses cinco anos na organização. “Quando estamos fardados, temos que ter postura. Não tem isso de ‘parça’, ‘mano’. Tratamos como ‘senhor’ e ‘senhora’. Isso agrega muito nas nossas vidas. Aprendemos a ter espírito de liderança, a nos posicionarmos. Conforme nos desenvolvemos, vamos subindo de patente. Temos soldado, cabo, sargento, tenente e capitão.”
Assim como Kaique, o estudante Pedro Henrique de Mendes, 12, já precisou colocar o conhecimento em prática durante uma ocorrência de verdade.
“Uma vez estava passeando com a minha avó e minha tia quando meu irmão, de 4 anos, pediu uma bala. Elas deram e ele engasgou. Quando vimos, já estava sufocado, chorando muito. Foi a hora que tive que lembrar de tudo que aprendi sobre isso. Minha tia ficou desesperada, mas eu sabia resolver. Deu tudo certo”, relata o menino, que deseja ser policial – interesse que aumentou ainda mais após ingressar na associação, em 2020.
De acordo com Guilherme Pereira, vice-presidente e instrutor da instituição, o projeto de bombeiro mirim não ensina apenas a salvar vidas, mas também como praticar o respeito dentro e fora de sala de aula. “Eles entendem o nosso recado e aplicam. Essa é a nossa prioridade, porque, atualmente, qualquer mal-entendido pode se tornar uma fatalidade”, conta. “Ver o desenvolvimento deles é algo muito gratificante porque mostra que nosso trabalho está no caminho certo. A cada seis meses, eles entram em um módulo diferente, que requer mais conteúdo, prática e conhecimento de palavras técnicas. É um projeto continuo. A criança entra com 4 e sai com 17 anos, se quiser. Ao longo de todo esse período, os níveis de dificuldade dos treinamentos vão aumentando.”
No último sábado (14), 500 crianças e jovens se formaram pelos seus seis primeiros meses de curso. O evento foi no Teatro Cenforpe, no bairro Planalto. As inscrições para as novas turmas podem ser feitas pelo número (11) 98503-3529. Por semestre, o aluno só pode ter três faltas. Caso exceda, perde a vaga e entra novamente na fila de espera. Todo uniforme é cedido gratuitamente às crianças que ingressarem.