A crise vivida atualmente pela Volkswagen acendeu o alerta dentro do governo da Alemanha pelo risco de demissões e possível fechamento de fábricas no país. Recentemente, o Ministro da Economia, Robert Habeck, externou preocupações quanto à situação da montadora e disse estar interessado em ajudar a empresa a atravessar o período de reestruturação programado para os próximos dois ou três anos sem precisar tomar medidas drásticas.
Durante visita à fábrica da Volkswagen em Emden, no estado da Baixa Saxônia, o ministro disse que também quer garantir que os acordos de trabalho permaneçam dentro da estrutura normal de negociação coletiva. As declarações foram dadas logo depois de a empresa romper vários acordos coletivos firmados anos atrás com sindicatos locais. Negociações acaloradas com entidades poderosas do setor estão prestes a ser iniciadas no país.
Habeck disse que ainda que há limites quanto a ajuda do governo à Volkswagen e acrescentou que a estrutura e a viabilidade do negócio dependiam da política da empresa. “Uma grande parte das tarefas tem que ser tratada pela própria Volkswagen”, afirmou. “Este é o trabalho da empresa”, completou. Já a ajuda política viria através melhoras na infraestrutura e no envio de “sinais corretos ao mercado” no sentido de incentivar a migração do setor para a eletrificação.
Origem da crise
A crise afeta diretamente as finanças da Volkswagen e tem origem tanto na Europa quanto na China. De acordo com Arno Antlitz, que lidera os setores financeiro e operacional da marca, o mercado europeu encolheu consideravelmente depois da pandemia e provavelmente não voltará ao patamar comercial de antes. Com esse recuo, a Volkswagen deixará de vender pelo menos 500.000 carros por ano, afetando diretamente as previsões de lucro e gerando ociosidade nas fábricas.
Volkswagen
Para piorar, a Volkswagen não tem mais os “cheques vindos da China”, como disse o próprio CEO Oliver Blume. O país foi por décadas a ‘galinha dos ovos de ouro’ da montadora, mas passou por mudanças profundas nos últimos anos. O consumidor chinês, até então fiel comprador de marcas estrangeiras, migrou para fabricantes locais e consolidou sua preferência doméstica em detrimento de opções europeias. A liderança histórica da marca no país foi perdida em 2023 para a BYD.