O governo Lula cogita indicar a primeira-dama Janja da Silva para um dos principais cargos da organização da COP30, que ocorrerá em Belém novembro de 2025.
Trata-se do chamado “UN Climate Change High Level Champion, em tradução livre algo como “Alto Nível da ONU sobre Mudanças Climáticas”.
As COPs ao redor do mundo têm quatro cargos-chave: presidente, CEO e dois “High Level Champions”.
Mas para poder acomodar a primeira-dama, o governo brasileiro pretende criar mais “High Level Champions”.
Os nomes tradicionalmente são apresentados após a COP anual. Neste ano, a COP29 ocorrerá em Baku no Azerbaijão de 11 a 29 de novembro.
A disputa pelas indicações ganhou corpo nesta semana em Nova York, onde ocorreu uma série de eventos paralelos à Assembleia da ONU ligados a questões climáticas.
Uma das disputas em curso, por exemplo, é pelo comando da COP.
Um nome natural sempre mencionado é o da ex-ministra de Meio Ambiente Izabella Teixeira, considerada no setor público e privado a grande negociadora climática brasileira. Ela teve papel essencial, por exemplo, no Acordo de Paris de 2015.
Seu nome chegou a ser cotado para ser a Autoridade Climática logo após a vitória de Lula, mas foi bloqueado por Marina e pelo assessor de assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim. Hoje, ela é copresidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU.
Sem a possibilidade de ser escolhida, a diplomacia brasileira e o setor privado defendem que o presidente da COP30 seja André Corrêa do Lago, Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e um dos mais experientes negociadores climáticos brasileiros.
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defende que a escolhida seja Ana Toni, secretária de Mudança do Clima da pasta.
O nome dela também tem apoio das principais ONGs ambientalistas do país e do exterior. Nesta semana, Ana Teria relatado a interlocutores em Nova York que o presidente Lula nomeará mulheres para o comando da COP de Belém.
Um desenho possível é ter Corrêa do Lago como presidente e Ana Toni como CEO. Ambos têm ótimo relacionamento.
Os escolhidos acabam exercendo no ano que antecede a COP diversas funções, como a de circular pelo mundo apresentando a proposta brasileira e colhendo as agendas dos países sobre os temas que serão debatidos na COP-30.
Na disputa pelas indicações, até mesmo o BNDES de Aloizio Mercadante entrou na disputa.
Sob articulação da diretora do BNDES Luciana Costa, um grupo pede que Patrícia Ellen, ex-secretária de Desenvolvimento Econômico de João Doria em São Paulo, seja nomeada como uma das quatro “High Level Champion”.
Costa assina uma carta obtida pela CNN endereçada ao Itamaraty na qual pede que Patrícia Ellen seja nomeada. A carta é datada do dia 20 de setembro.
Patrícia Ellen hoje é CEO no Brasil da Systemic, uma consultoria internacional presente em países como Reino Unido, Holanda, Alemanha e Indonésia. A empresa trabalha para ajudar o setor privado a trabalhar soluções para uma operação de baixo carbono.
A Systemic chegou inclusive a integrar uma força tarefa voluntária da sociedade civil que produziu um documento com sugestões para o governo Lula em busca desse objetivo.
A CNN procurou oficialmente no começo da tarde o Palácio do Planalto, o Itamaraty e a assessoria da primeira-dama, que não se manifestaram.
A CNN tentou contato com a assessoria de imprensa de Marina Silva, mas ela não respondeu aos contatos da reportagem, assim como Patrícia Ellen e o BNDES.
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