Uma editora de Curitiba anunciou o cancelamento de um prêmio literário que estava com inscrições abertas. A decisão foi tomada após a equipe responsável pela análise das publicações identificar o uso de inteligência artificial em parte das obras enviadas para avaliação.
De aproximadamente 900 livros inscritos, cerca de 40 apresentavam frases sugeridas por ferramentas de inteligência artificial. Como não foi possível confirmar com segurança o uso da tecnologia em todos os textos, a organização optou por suspender a edição deste ano do concurso.
Textos tinham vestígios de IA
Além dos textos com sugestões escritas pela própria plataforma, que confirmavam a utilização do auxílio de inteligência artificial, a editora também verificou outros pontos que levantaram dúvidas sobre a veracidade das publicações, como explica o responsável pela editora, Salvio Kotter.
A editora informou que estuda maneiras de adaptar a premiação à nova realidade e pretende retomar o concurso no próximo ano. No entanto, o proprietário da empresa de publicações se diz preocupado com o surgimento de obras escritas a partir de recursos artificiais.
O advogado, doutor em Direito do Estado e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodrigo Luís Kanayama, explica que ainda não há um entendimento claro na legislação brasileira sobre o uso de ferramentas de inteligência artificial em produções artísticas.
O especialista aponta que existem casos nos quais os recursos do gênero são utilizados apenas para auxiliar a criação de um produto artístico. No entanto, ele destaca a necessidade de se debater como projetos literários do tipo devem ser divulgados, para que o leitor saiba exatamente o que está sendo publicado.
Os livros publicados pela editora abordam os segmentos de política e filosofia. O avanço das ferramentas em um curto espaço de tempo tem preocupado artistas e especialistas. A editora de Curitiba verificou, por exemplo, dificuldades em confirmar o uso desses recursos em diversos textos inscritos.
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