A doação de 180.300 euros (mais de R$ 1 milhão, na cotação atual) do astro francês Kylian Mbappé a cinco policiais de choque responsáveis pela proteção da seleção francesa virou alvo de investigação e nova polêmica na França. “Foi legítima”, garantiu à AFP Jean-Baptiste Soufron, advogado do comandante desses agentes.
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— A doação recebida para a Copa do Mundo de 2022 foi legítima, feita por cheque e não precisou ser declarada. Não faz sentido estabelecer um vínculo a posteriori entre essa doação e as intervenções realizadas em 2023 pelo meu cliente ao lado de Kylian Mbappé, no contexto do transporte público — disse Soufron.
As ações corresponderam à sua função normal como chefe de segurança, especialmente porque ele já as fez para outros jogadores no passado, durante seus 21 anos à disposição da Federação Francesa de Futebol, especificou o advogado, referindo-se ao comandante, que recebeu 60.300 euros. Os quatro líderes de brigada receberam 30 mil euros, cada.
O caso foi revelado na quarta-feira pelo jornal francês Le Canard Enchaîné. O Ministério Público de Paris confirmou na quinta que abriu uma investigação preliminar sobre “acusações de trabalho secreto e fraude fiscal” devido à suspeita de “prestação irregular de serviços privados”, “após uma denúncia do Tracfin [serviço de inteligência francês responsável pelo combate à lavagem de dinheiro]”.
Este aviso, datado de julho de 2024, “relata transações financeiras atípicas que beneficiaram cinco policiais e três agentes de segurança privada” responsáveis pela proteção das equipes francesas.
A equipe de Kylian Mbappé emitiu um comunicado garantindo que “tudo foi feito em conformidade com as regras” e “sem qualquer compensação”, acrescentando que “desde que ingressou na seleção francesa, Kylian Mbappé sempre optou por transferir integralmente os bônus da seleção”.
Segundo uma fonte próxima ao caso, após a advertência da Tracfin, a Inspetoria-Geral da Polícia Nacional (IGPN) abriu um inquérito administrativo contra o agente de segurança e relatou o incidente ao Ministério Público de Paris.
Uma das viagens de Kylian Mbappé a Camarões, país de origem de seu pai, para a qual foi acompanhado pelo policial, é uma das destacadas na investigação.
A FFF “não comentará sobre uma investigação em andamento, especialmente por envolver eventos fora de sua esfera de responsabilidade”, afirmou a instituição em comunicado enviado à AFP.
A FFF “deseja também destacar a alta qualidade dos serviços e o profissionalismo da equipe de policiais disponibilizada pelo Ministério do Interior para a proteção da seleção francesa”.

