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Data Centers de IA no Brasil: Impactos e Projetos

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Descubra como os data centers de IA no Brasil, com alto consumo de energia e água, estão sendo planejados em cidades como RJ e RS. Saiba mais sobre os impactos!

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O que são Data Centers de IA e sua Importância

Em um mundo cada vez mais digital, os data centers de IA surgem como a infraestrutura essencial para treinar os modelos de linguagem complexos que alimentam tecnologias como o ChatGPT. Diferente de um data center tradicional de nuvem (cloud), projetado para operar serviços na internet, um centro de dados de IA é um espaço altamente especializado que abriga supercomputadores dedicados a processar e aprender com vastas quantidades de informação.

O Brasil, que já ocupa o 12º lugar no mundo com 188 data centers de nuvem, está agora entrando na era da inteligência artificial com projetos de grande escala. A importância desses novos espaços é monumental, pois eles são a base para a inovação e o desenvolvimento de IA no país, atraindo gigantes da tecnologia como potenciais clientes.

No entanto, essa evolução traz desafios críticos, principalmente em duas áreas:

  • Energia: Os equipamentos de IA consomem uma quantidade de energia muito superior aos servidores convencionais.
  • Refrigeração: O calor gerado por esses supercomputadores exige sistemas de refrigeração robustos e eficientes, que frequentemente dependem de água.

Esses dois fatores tornam a construção e operação de data centers de IA uma questão ambientalmente sensível, exigindo planejamento cuidadoso para garantir a sustentabilidade, um ponto que pesquisadores alertam ser obscurecido pela falta de informações públicas detalhadas.

Principais Projetos de Data Centers de IA no Brasil

O Brasil está se preparando para um salto tecnológico com ao menos quatro grandes projetos de data centers focados em inteligência artificial já anunciados. Essas megaestruturas, que mais parecem cidades dedicadas ao processamento de dados, estão sendo planejadas por empresas especializadas para atender à crescente demanda das big techs.

Os principais projetos em desenvolvimento incluem:

  • Elea Data Centers (Rio de Janeiro, RJ): O complexo Rio AI City, em Jacarepaguá, planeja ter quatro data centers. A empresa visa uma potência inicial de 1.500 megawatts, com potencial de expansão para 3.200 megawatts.
  • Scala Data Centers (Eldorado do Sul, RS): O projeto Scala AI City será construído em uma cidade de apenas 40 mil habitantes e prevê alcançar 1.800 megawatts de potência até 2033, podendo chegar a 5.000 megawatts.
  • RT-One (Maringá, PR e Uberlândia, MG): Esta nova empresa no setor anunciou dois projetos, um em cada cidade, com uma potência planejada de 400 megawatts cada. As obras aguardam os estudos de impacto.
  • Casa dos Ventos (Caucaia, CE): Embora não confirmado como um centro de IA, este projeto tem a ByteDance, dona do TikTok, como cliente em potencial. A potência autorizada é de 300 megawatts na primeira fase, com um futuro de 576 megawatts.

Esses empreendimentos representam um investimento massivo em infraestrutura digital, posicionando o Brasil como um polo estratégico para o desenvolvimento de IA na América Latina.

Consumo de Energia: Equivalência a Milhões de Casas

A escala de consumo energético dos novos data centers de IA no Brasil é tão vasta que sua demanda pode ser comparada à de cidades inteiras. Para entender o impacto, é crucial diferenciar potência (megawatts) de consumo (watts-hora). Os projetos anunciados operam com potências que, se utilizadas ao máximo, resultam em um consumo diário impressionante.

Vamos analisar os números com base em dados da Empresa de Pesquisa Energética. O projeto Rio AI City, com sua potência planejada de 1.500 megawatts, teria um consumo diário máximo equivalente ao de 6 milhões de residências brasileiras. Já o Scala AI City, com 1.800 megawatts, poderia consumir em um dia a mesma energia que 7,2 milhões de casas.

Para colocar em perspectiva, um data center de nuvem convencional, com 20 megawatts de potência, teria um consumo máximo diário igual ao de “apenas” 80 mil casas. Segundo Eduardo Fagundes, engenheiro e professor, na prática o consumo é um pouco menor, pois os servidores não operam no limite o tempo todo. Além disso, as empresas otimizam o uso de energia redirecionando o processamento para data centers em diferentes partes do mundo, aproveitando fusos horários e a disponibilidade de fontes renováveis, como a solar.

Impactos Ambientais e Uso de Água nos Data Centers

Além do altíssimo consumo de energia, os data centers de IA apresentam um desafio ambiental significativo relacionado ao uso de água para refrigeração. Os chips de IA aquecem tanto que o resfriamento a ar, comum em data centers de nuvem, é insuficiente. A solução é o “liquid cooling” (resfriamento líquido), que pode utilizar óleo ou água.

As empresas adotam diferentes abordagens. A Elea e a Scala afirmam que seus projetos usarão um sistema de circuito fechado com óleo, que não consome água continuamente. Em contraste, a RT-One planeja usar água do Aquífero Guarani para seu projeto em Maringá, bombeando a água fria para um trocador de calor e devolvendo-a ao aquífero sem contaminação.

A escala do consumo de água pode ser enorme. Um estudo da Universidade da Califórnia apontou que treinar o modelo GPT-3 pode evaporar 700 mil litros de água. Para o usuário final, fazer de 20 a 50 perguntas ao ChatGPT pode consumir meio litro de água. A pesquisadora Elaine Santos alerta para a falta de dados públicos, o que torna impossível para a sociedade civil avaliar o real impacto ambiental desses projetos, especialmente em regiões com potencial escassez hídrica.

Apoio Governamental e Políticas para Data Centers

Os ambiciosos projetos de data centers de IA no Brasil contam com forte apoio de governos municipais, estaduais e federal, que veem neles uma oportunidade de desenvolvimento econômico e tecnológico. Esse suporte se manifesta por meio de incentivos e políticas públicas direcionadas.

Diversas iniciativas locais já estão em andamento:

  • Em Eldorado do Sul (RS), uma lei foi sancionada para criar um polo tecnológico de data centers, oferecendo incentivos tributários.
  • A prefeitura de Maringá (PR) busca criar uma área de livre comércio para facilitar a importação de equipamentos essenciais para os data centers.
  • No Rio de Janeiro (RJ), o prefeito Eduardo Paes assinou um memorando de intenções para consolidar a cidade como “capital da inteligência artificial brasileira”.

O governo federal também está agindo. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial menciona a possibilidade de usar água de reservatórios de hidrelétricas para o resfriamento, aproveitando a matriz energética limpa do país. Além disso, uma Nova Política de Data Centers está sendo planejada para atrair mais investimentos. O Ministério do Meio Ambiente reforça que todos os projetos estão sujeitos a licenciamento ambiental e autorização para o uso de água, garantindo que os recursos hídricos não sejam sobrecarregados.

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