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5 coisas que investidores devem saber sobre criptomoedas – 03/08/2025 – Mercado

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Há uma década, meia dúzia de inconformistas se reuniram em uma casa na Suíça para lançar o Ethereum —uma parte do ecossistema cripto que atua como uma plataforma de computação distribuída, usando o token ether.

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Inicialmente, parecia fadado ao fracasso: a tribo fundadora implodiu após amargas disputas internas, o Ethereum sofreu um enorme ataque cibernético, escândalos eclodiram e, como o bitcoin, o preço do ether tornou-se loucamente volátil, subindo do nada para US$ 5.000, antes de colapsar.

Mas esta semana algo impressionante ocorreu: enquanto a Casa Branca emitia um relatório sobre a “Era de Ouro das Criptomoedas”, a bolsa Nasdaq celebrava o décimo aniversário do Ethereum. “O Ethereum demonstrou ser a definição de antifrágil”, entusiasmou-se Joe Lubin, um ex-habitante daquela casa fundadora, que apresenta a plataforma como “uma camada confiável de confiança para nosso mundo digital em rápido crescimento”.

Os cínicos sem dúvida estremecerão de horror, enquanto os entusiastas aplaudirão. Não é de admirar: as criptomoedas são possivelmente o tema mais divisivo nas finanças hoje. No entanto, sugiro que este aniversário deveria provocar um julgamento mais realista —e sutil. A última década revelou pelo menos cinco pontos-chave sobre criptomoedas que os investidores deveriam ponderar.

Primeiro, e mais obviamente, os ativos digitais não são homogêneos (mesmo que os detratores os odeiem todos). O Bitcoin é um fenômeno unidimensional que os fãs comparam ao “ouro digital”, enquanto o Ethereum é uma infraestrutura multifacetada. Memecoins (como $TRUMP) flutuam apenas em hype louco, mas stablecoins supostamente são lastreadas por ativos, como títulos do Tesouro. Isso importa.

Segundo, precisamos ir além do pensamento preto e branco com as criptomoedas. Aqueles que declararam há uma década que as finanças distribuídas transformariam o mundo estavam errados —até agora, os ativos digitais ainda são muito desajeitados, caros e consumidores de energia para substituir a maioria das opções de pagamento convencionais, e muito voláteis para serem um armazenamento confiável de valor. A criminalidade tem sido abundante. Basta pensar na saga de Sam Bankman-Fried, ou na censura regulatória da stablecoin tether.

Mas os pessimistas que previram o fim das criptomoedas estavam igualmente errados. Os preços dos ativos digitais acabam de disparar (novamente), elevando a capitalização de mercado do Ethereum e do Bitcoin para US$ 455 bilhões e US$ 2,3 trilhões, respectivamente. E os cerca de US$ 270 bilhões em stablecoins em circulação suportaram tantas transações quanto a rede de cartões de crédito Visa no último ano, como conta Glenn Hutchins, um investidor de tecnologia de longa data.

Por quê? A ganância (ou especulação) é um fator. Mas as criptomoedas são fundadas em uma inovação interessante (blockchain) que às vezes pode ser útil (por exemplo, para alguns pagamentos transfronteiriços). Além disso, alguns players-chave e reguladores estão elevando os padrões em resposta a escândalos passados, e redes como o Ethereum estão reduzindo drasticamente o consumo de energia.

Terceiro, as finanças convencionais estão entrando em cena. Isso é irônico, dado que os primeiros entusiastas das criptomoedas prometeram que as finanças distribuídas derrubariam os incumbentes. Mas isso está impulsionando o boom atual. Considere o fato de que um alto executivo da BlackRock acabou de se juntar a um grupo de investimento em Ethereum; ou que gestores de ativos tradicionais como Fidelity e BlackRock estão lançando fundos de criptomoedas; ou como investidores convencionais estão cada vez mais usando criptomoedas como uma jogada de diversificação, enquanto bancos como JPMorgan estão executando seus próprios blockchains e lançando stablecoins.

Quarto, a geopolítica das criptomoedas está mudando —rapidamente. Na última década, a maioria das inovações ocorreu fora dos EUA, em lugares como Hong Kong. Mas esta semana, Paul Atkins, presidente da Securities and Exchange Commission, disse que quer trazê-las para dentro do país. Por quê? Uma razão é que a própria família Trump está investindo em criptomoedas. Outra é a política suja: grupos de criptomoedas foram grandes doadores para Trump em 2024.

Mas a geofinança também importa. O secretário do Tesouro Scott Bessent espera que as stablecoins baseadas em dólares criem uma nova fonte de demanda por títulos do Tesouro e promovam mais uso do dólar ao redor do mundo. Considere isso uma nova reviravolta política no Bretton Woods na era do Vale do Silício.

Finalmente, os efeitos secundários das criptomoedas podem acabar sendo ainda mais impressionantes do que os próprios ativos digitais. Pois o que a inovação faz é nos permitir imaginar alternativas ao status quo financeiro e geopolítico —por exemplo, questionando se precisamos depender do sistema de pagamento Swift ou da dominância do dólar.

Não me interpretem mal: ao fazer esses cinco pontos, não estou minimizando os riscos. Os conflitos de interesse da administração Trump com criptomoedas são vergonhosos. O potencial dano ao consumidor é real. Existem riscos de instabilidade financeira devido aos crescentes vínculos das criptomoedas com as finanças convencionais e ao uso de títulos do Tesouro para lastrear stablecoins. Criminalidade e fraude existem.

Mas é possível se preocupar com esses riscos —e querer uma melhor regulamentação— e, ao mesmo tempo, reconhecer que a tecnologia subjacente pode ser útil como uma ferramenta de diversificação geopolítica e financeira.

Por essas razões, o “aniversário” do Ethereum deve levar entusiastas e pessimistas a perceberem que nenhum deles está inteiramente certo. A vida raramente é preto e branco —nas finanças ou em qualquer outro lugar. Isso não mudará mesmo se (ou quando) o Ethereum completar 20 anos.

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