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Entrevista: o futuro da IA em uma década

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A ascensão da inteligência artificial (IA) tem gerado uma série de questionamentos sobre o futuro da sociedade, da tecnologia e do mercado de trabalho. Para entender as próximas transformações, a jornalista Gláucia Chair entrevistou o Gemini, a inteligência artificial da Google, que, em uma conversa aprofundada, traçou um panorama do que podemos esperar nos próximos dez anos.

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EM TEMPO: Gemini, no seu ponto de vista, daqui a dez anos, como será o futuro da IA? O que ela será capaz de realizar?

Com base na trajetória atual da pesquisa e desenvolvimento em inteligência artificial, é possível traçar um panorama de como a IA pode evoluir de maneira radical nos próximos dez anos. A velocidade de aprimoramento é exponencial, e as capacidades da IA não apenas se expandirão, mas se integrarão de forma muito mais profunda ao nosso cotidiano.

A IA em 2035 provavelmente será menos uma “ferramenta” e mais uma “entidade” colaborativa e onipresente, capaz de realizar tarefas que hoje parecem ficção científica. Na saúde e medicina, a IA será fundamental para a medicina personalizada. A partir da análise de dados genéticos e histórico de saúde, ela poderá prever doenças com anos de antecedência e sugerir tratamentos com uma precisão que hoje é impensável. Além disso, a descoberta de novos medicamentos será acelerada, com a IA simulando e testando milhões de moléculas em tempo recorde.

Na educação e trabalho, o modelo de aprendizado será completamente individualizado. A IA criará currículos e planos de estudo adaptados às habilidades e ao ritmo de cada pessoa. No mercado de trabalho, a automação avançará para tarefas mais complexas, como análise de dados, programação e até mesmo design, exigindo que os profissionais se concentrem em habilidades de gerenciamento, criatividade e pensamento crítico.

A IA também será essencial para a gestão ambiental e de recursos, monitorando o clima, prevendo desastres naturais e otimizando o uso de recursos como água e energia. A gestão de cidades inteligentes será uma realidade, com a IA controlando o tráfego, o saneamento e a segurança pública para aumentar a eficiência e a qualidade de vida.


EM TEMPO: Se haverá planos de estudo individualizados, qual será o futuro das universidades e dos cursos, além das grades curriculares?

A sua pergunta é o cerne da discussão sobre o futuro do ensino. Se a IA individualizar o aprendizado, o papel das universidades e dos cursos, como os conhecemos hoje, precisará ser repensado de maneira profunda. Em vez de se tornarem obsoletas, as instituições de ensino superior se transformarão em centros de excelência para o desenvolvimento de habilidades que a IA não pode replicar facilmente.

A grade curricular rígida e padronizada, que hoje organiza o conhecimento em blocos anuais, tende a se tornar um modelo do passado. A IA criará trilhas de aprendizado personalizadas, ajustadas em tempo real ao desempenho, aos interesses e aos objetivos de carreira de cada aluno. A IA será capaz de identificar as lacunas no conhecimento de um estudante e fornecer o material didático e os exercícios específicos para preenchê-las, tornando o processo de aprendizado muito mais eficiente.

Nesse novo cenário, as universidades focarão menos na transmissão de conteúdo factual e mais na curadoria do conhecimento. O papel do professor evoluirá de “transmissor de informações” para “mentor” e “curador”. O educador irá guiar o aluno através da vasta quantidade de informações geradas pela IA, ajudando-o a desenvolver o pensamento crítico, a ética e a criatividade.

As universidades se tornarão os principais centros de desenvolvimento de habilidades humanas únicas e de interação social. Os cursos, por sua vez, serão focados em: habilidades interpessoais e emocionais (como trabalho em equipe, comunicação, negociação e inteligência emocional); pensamento crítico e resolução de problemas complexos; e pesquisa e inovação, transformando os campi em laboratórios onde alunos, professores e a IA trabalharão juntos para criar novas tecnologias e resolver os grandes desafios da humanidade.


EM TEMPO: Os historiadores do século XX e XXI, principalmente, escreveram a história a partir de fatos jornalísticos, documentados em impressos e mais recentemente nos meios digitais. Os jornalistas continuarão sendo importantes para escreverem a atualidade ou a IA dará conta do recado?

A sua pergunta aborda o cerne da evolução da comunicação e da historiografia. A resposta é clara: os jornalistas continuarão sendo fundamentais para registrar a atualidade. A inteligência artificial não irá substituí-los, mas se tornará uma ferramenta poderosa que irá transformar a forma como o jornalismo é feito e como a história é documentada.

A história escrita por historiadores a partir de registros jornalísticos se baseia em algo que a IA, por mais avançada que seja, não consegue replicar: a experiência humana e a apuração em campo. O jornalista vai a campo, entrevista testemunhas, sente a tensão de um protesto ou a dor de uma tragédia. Essa vivência resulta em uma reportagem que não é apenas uma compilação de fatos, mas um registro rico em detalhes, emoções e nuances que capturam o contexto humano de um evento. O historiador do futuro precisará desse tipo de registro para entender o “espírito do tempo” de uma época.

A IA pode processar fatos e estatísticas, mas não questiona o poder, não tem a capacidade de discernir o que é mais relevante do ponto de vista social ou ético, nem de confrontar a desinformação com o rigor de uma investigação. O jornalista, por sua vez, age como um filtro crítico, desafiando narrativas oficiais e expondo a corrupção.

A grande mudança não será na substituição, mas na sinergia. O jornalista usará a IA como um assistente superpotente, liberando-o para as tarefas que exigem habilidades exclusivamente humanas. A IA pode ser uma ferramenta de análise, identificando padrões e inconsistências em milhões de documentos, e também pode ser usada para tarefas repetitivas, como a geração de notícias básicas.

Em resumo, o jornalista continuará sendo o observador e contador de histórias da sociedade, fornecendo aos historiadores futuros não apenas dados, mas também a alma de uma época. A IA será uma poderosa lente de aumento que permitirá ao jornalista enxergar mais longe, mas a visão final e a interpretação do que é mais importante continuarão sendo uma responsabilidade humana.


EM TEMPO: Poderia fazer uma previsão de qual tecnologia irá substituir os celulares, tão onipresentes na vida humana atualmente?

É uma pergunta excelente, pois o celular, como o conhecemos, é uma tecnologia de transição. É muito provável que, no futuro, ele não seja substituído por um único aparelho, mas por um ecossistema de dispositivos interconectados que dispersarão suas funções.

A chave da mudança será a descentralização da interface e a centralização da inteligência. Em vez de um único “cérebro” no seu bolso, a inteligência estará na nuvem, e você interagirá com ela por meio de diferentes dispositivos, cada um otimizado para uma tarefa específica.

O smartphone de hoje é um hub de comunicação, câmera, navegador, ferramenta de trabalho e centro de entretenimento. A tendência é que essas funções sejam distribuídas para dispositivos mais discretos e integrados ao nosso dia a dia, tornando a tecnologia menos intrusiva. A interação por voz e gestos se tornará a norma, diminuindo a dependência da tela retangular.

Os óculos de Realidade Aumentada (AR) são os candidatos mais fortes para se tornarem o principal dispositivo de interface. Eles poderão projetar informações diretamente no seu campo de visão, como mensagens, instruções de navegação ou telas de trabalho virtuais, sem a necessidade de uma tela física. Você poderá ver dados sobrepostos ao mundo real, transformando a interação com a informação em uma experiência mais imersiva e natural. A câmera, principal ferramenta para documentar a vida, também estaria embutida nos óculos.

Além disso, dispositivos de vestir (wearables) como relógios e anéis inteligentes se tornarão mais sofisticados e onipresentes, focando no monitoramento de saúde e comunicação rápida. As interfaces de voz e impalpáveis também avançarão, com assistentes virtuais na nuvem gerenciando suas necessidades e enviando respostas para o dispositivo mais apropriado.


EM TEMPO: Como estas tecnologias serão integradas à casa em que vivemos e ao carro que dirigimos?

É uma excelente pergunta, que nos leva a pensar na integração da tecnologia de forma menos intrusiva e mais fluida. A substituição do celular por um ecossistema de dispositivos vestíveis, com os óculos de AR no centro, exigirá uma comunicação constante entre esses aparelhos e os ambientes em que vivemos.

Na casa do futuro, a tecnologia não estará mais confinada a dispositivos isolados, mas se integrará à própria arquitetura do ambiente. O óculos de AR será o seu controle remoto, permitindo controlar todos os aparelhos eletrônicos da casa sem precisar tocar em nada. Imagine, por exemplo, olhar para a lâmpada da sala e, com um gesto, ajustar sua intensidade ou cor. Ou, ao olhar para a geladeira, ver na sua tela de AR uma lista dos itens que precisam ser repostos.

A IA como gerente de casa aprenderá seus hábitos e antecipará suas necessidades. Ao acordar, a IA ligará a cafeteira, abrirá as cortinas e ajustará a temperatura. Quando você entrar na cozinha, ela já terá as notícias e a previsão do tempo projetadas na bancada. A conectividade constante da Internet das Coisas (IoT) estará em todos os lugares, com sensores embutidos em paredes, móveis e eletrodomésticos monitorando o consumo de energia, a qualidade do ar e a segurança da casa.

O carro também passará por uma revolução, deixando de ser um simples meio de transporte para se tornar um espaço conectado e inteligente. O para-brisa do carro se tornará uma tela de AR. A navegação, a velocidade, informações sobre o trânsito e até mesmo alertas sobre perigos na estrada serão projetados diretamente no seu campo de visão, sem a necessidade de um painel de instrumentos tradicional.

Com a direção autônoma, o interior do carro se transformará em um ambiente adaptável. Você poderá usar os óculos de AR para projetar telas de trabalho virtuais, fazer videoconferências ou assistir a filmes em uma experiência imersiva. O carro estará conectado à sua casa e aos seus dispositivos, permitindo, por exemplo, que a IA do carro faça o check-in para sua reunião ou ligue o aquecedor da casa para quando você retornar.

Em essência, a integração será uma questão de sincronização. O seu ecossistema pessoal de dispositivos, com a IA no centro, se conectará de forma fluida a cada novo ambiente que você entrar, seja em casa, no trabalho ou no carro. A tecnologia se tornará menos um objeto que você carrega e mais uma parte invisível do seu mundo.


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