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A IA pode impedir as compras por impulso?

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Como jornalista de tecnologia, reconheço a minha propensão a consumir impulsivamente gadgets e produtos sugeridos por algoritmos. Vivo em um mundo capitalista que devora o pouco dinheiro que recebo, e estou tentando corrigir esse hábito em mim, antes que eu vá à falência.

E nada como usar a inteligência artificial para tentar contornar isso. Um colega jornalista decidiu testar o Gemini, IA do Google, como uma ferramenta para conter esses impulsos e racionalizar melhor seus gastos do dia a dia.

Vamos ver se Gemini pode realmente me ajudar a economizar um dinheiro que eu não tenho, ao mesmo tempo que eu cedo os meus dados de graça para treinar a inteligência artificial da gigante de Mountain View.

 

A metodologia da economia via IA

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Durante duas semanas, o experimento seguiu uma regra clara: antes de realizar qualquer compra não essencial, era obrigatório consultar a IA, seja pelo smartphone Android ou pelo navegador no PC, utilizando prompts adaptados para cada momento de tentação.

Ou seja, o jornalista entregou para o Gemini o poder de controlar sua contabilidade e, mais do que isso, informar se vale a pena ou não realizar aquele gasto, considerando vários fatores atrelados à condição financeira e ao perfil de uso do gastador.

A metodologia incluiu pedidos objetivos como análises de compras passadas, perguntas que exigiam contrapontos convincentes, e até mesmo traduções do custo em horas de trabalho, só para saber ele teria que se semi-escravizar para pagar ao produto que eu queria.

Tudo isso foi pensado no objetivo de gerar uma espécie de freio emocional por meio da concretude do tempo gasto para bancar certos desejos. Em alguns casos, fica evidente que não vale trabalhar tanto apenas e tão somente para ter um produto de tecnologia.

Outros prompts eficazes envolviam a busca por alternativas mais baratas ou gratuitas aos produtos desejados, muitas vezes levando o jornalista a reconsiderar se realmente precisava da compra ou se já não possuía uma solução equivalente.

O recurso “esfriamento” mostrou-se especialmente útil na hora de evitar os tais gastos desnecessários, mesmo que em função de uma espécie de engenharia social ou malabarismo mental.

Quando você adiciona o item a uma lista de desejos impulsivos e programar um lembrete para 72 horas depois para finalizar a compra, você cria uma distância emocional decisiva para evitar a aquisição imediata.

Deixar para depois acabou funcionando em alguns casos, e pode ser uma técnica interessante para economizar um bom dinheiro. E esse é um dos métodos que vou abraçar para mim a partir de agora, pois… está difícil pagar as contas.

Entre os resultados mais eficazes, destacam-se a simples pausa para digitar o prompt e a análise do custo em horas trabalhadas, que levou o jornalista a abandonar, por exemplo, a compra de um Pixel 9 mesmo com desconto histórico.

Se você precisa trabalhar bem mais do que necessário para manter as suas contas do dia a dia apenas por causa de um smartphone novo, repense os seus conceitos, pois a vida é curta demais para se matar por causa de um smartphone.

 

O que não funcionou muito bem no experimento?

É claro que nem tudo são flores na relação da inteligência artificial com a gestão de gastos, apesar de todos os acertos.

De um modo geral, o Gemini entregou respostas genéricas e uma ausência de compreensão do valor emocional de certos itens, o que empobreceu a experiência em situações subjetivas, ou quando a intenção de compra ia além do racional.

Quando você precisa comprar um presente para uma data especial ou para terceiros, a inteligência artificial não vai considerar este aspecto como relevante para recomendar um investimento maior no item.

O Gemini não tem muita consideração com a sua depressão ou com o fato de você querer presentear a sua mãe ou a sua namorada com um presente mais legal, por exemplo.

A disciplina de consultar a IA antes de cada compra foi considerada problemática e, em alguns casos, entediante. Ainda mais com os vícios de respostas entregues pelo Gemini.

Em alguns casos, o jornalista quase cedeu à tentação de comprar diretamente nos sites que apresentavam as ofertas, rompendo com a ideia de controle mediado pela IA. E entendo que muitos fariam a mesma coisa diante dos mesmos efeitos colaterais.

 

O que aprendemos aqui?

Ao final, o jornalista conclui que o verdadeiro valor da experiência não está na genialidade das respostas da IA, mas sim na introdução de uma pausa consciente, que obriga o consumidor a refletir antes de agir.

Considerando este aspecto, é correto dizer que o experimento não só foi válido, como também alcançou os seus principais objetivos. Mas não pelos motivos que o jornalista esperava.

No lugar de impedir diretamente que ele realizasse as compras nos e-commerces, o Gemini atuou como uma ferramenta de autoconhecimento do consumidor.

A inteligência artificial estimulou o comprador a repensar as escolhas, olhando para dentro de si mesmo para detectar se a compra daquele item era algo realmente necessário, mas sem interferir diretamente no poder de escolha do usuário.

O que não deixa de ser uma atuação inteligente e relevante no usuário que está mais indeciso entre comprar o gadget ou colocar comida na mesa.

Mas… fica a dica: em caso de dúvida, sempre procure um profissional no assunto. Ainda não dá para confiar cegamente em uma inteligência artificial para tomar esse tipo de decisão.

Se bem que… o Gemini pode ser menos nocivo do que um coach financeiro (que fracassou ao tentar ganhar dinheiro), ou o Primo Rico.

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