O programa Olhar da Cidadania recebeu a psicóloga Mariana Monteiro Fischer onde comenta a popularização de plataformas como o ChatGPT para diagnósticos e terapias levanta debates sobre ética e limites da psicanálise

Por Sabrina Azevedo
No Brasil, mais de 12 milhões de pessoas utilizam ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, para diagnósticos e terapias em saúde mental. O tema foi abordado no programa Olhar da Cidadania, do Observatório do Terceiro Setor, apresentado pelo jornalista Joel Scala, a convidada foi Mariana Monteiro Fischer, psicóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP), com residência médica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e mestrado em psicologia clínica pela USP.
A promessa de suporte emocional 24 horas por dia, sete dias por semana, e a facilidade de acesso têm impulsionado a procura. No entanto, especialistas alertam para riscos, questões éticas e limites dessa tecnologia.
Essa humanização forjada tem encantado muitos usuários, que passaram a confiar intimidades e angústias a essas ferramentas e encarar a interação como uma sessão de terapia.
Apesar de criar uma relação falsa de empatia em um primeiro momento, a máquina não consegue puxar ou relacionar experiências anteriores do usuário para oferecer bons conselhos, baseando as respostas na estrutura da pergunta e no algoritmo.
Mariana analisou a crescente busca por inteligência artificial como recurso de escuta e orientação. “É bastante problemático isso. Primeiro a questão da ética da psicanálise. Enquanto psicanalistas, a gente parte do pressuposto de que não sabemos o que é melhor para o paciente. Então, se ele vai pedir um conselho, provavelmente vamos ajudá-lo, na própria fala dele, a construir as respostas, a partir da história dele. O ChatGPT não leva isso em consideração”, afirmou.
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Ética e influência
Segundo a psicóloga, a base de dados utilizada pelas plataformas influencia diretamente as respostas e, consequentemente, as decisões das pessoas.
“Ele vai levar a base de dados dele para construir um conselho, achando que o que é melhor para o paciente tem a ver com essa base. Vamos pensar no perigo disso. Na influência que ele pode ter a partir do que escutou dos outros e do que gostaria que você agisse a partir disso. A psicanálise tem uma proposta totalmente diferente”, completou.
Olhar da Cidadania
O Olhar da Cidadania é apresentado pelo jornalista Joel Scala e transmitido às quintas-feiras, às 13h30, pela Rádio USP, mas você pode escutar o programa completo aqui no portal do Observatório do Terceiro Setor. Para ouvir na rádio, basta sintonizar 93,7 FM, em São Paulo, ou 107,9 FM, em Ribeirão Preto.

