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Inteligência Artificial e céus conectados: as novas fronteiras das Telecomunicações

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A MWC Shanghai é um importante evento para o ecossistema de conectividade na Ásia, onde líderes e inovadores globais compartilham sua visão para o futuro. Nesta edição, ficou evidente que o destino das telecomunicações está sendo moldado por transformações que vão muito além da simples evolução tecnológica, e que estamos à beira de uma verdadeira revolução na forma como concebemos e operamos nossas redes de comunicação.

Com base nas exposições da MWC Shanghai, vejo três tendências que estão redesenhando o cenário das telecomunicações:

  1. Inteligência Artificial na gestão de redes

A implementação massiva de Inteligência Artificial (IA) para a gestão de recursos de rede representa uma quebra de paradigma. Por exemplo, na China, a IA já otimiza o planejamento de cobertura e o uso inteligente de energia e espectro. Essa não é apenas uma otimização técnica, mas uma necessidade econômica diante do aumento exponencial do tráfego de dados e da pressão por rentabilidade dos investimentos em infraestrutura.

  1. A revolução vertical: cobrindo os céus

Tradicionalmente, as redes móveis foram projetadas para “cobrir a rua”. O futuro, no entanto, deve exigir mais do que isso. O crescimento exponencial de drones para entregas, vigilância, além de outros usos e, eventualmente, de carros voadores, exigirá uma adaptação para garantir conectividade e “cobrir os céus”. Essa mudança fundamental no design das redes móveis demandará um aumento significativo no número de torres e Estações Rádio Base (ERBs), tornando o compartilhamento de infraestrutura não apenas uma opção inteligente, como também uma necessidade.

  1. A convergência automotiva-telecom

Uma das observações mais marcantes foi a crescente integração entre os mercados automotivo e de telecomunicações. Hoje, por exemplo, a Huawei fabrica conjuntos tecnológicos completos para carros (motor, baterias, multimídia, faróis, sensores e toda a inteligência), deixando para a montadora apenas a carroceria. Essa convergência sinaliza uma transformação na qual os carros se tornam extensões dos smartphones, exigindo conectividade de alta fidelidade e baixa latência por meio de sistemas street-level e edge data centers.

Veja também: Executivas do Bradesco falam sobre como acelerar a inovação com IA e a importância da infraestrutura na estratégia digital

Inovações em infraestrutura garantindo conectividade e suporte a novos serviços

O conceito de conectividade plena em todos os lugares irá se tornar cada vez mais comum e transparente para o consumidor, elevando a importância da cobertura indoor. Com a tecnologia cada vez mais presente nas empresas e residências, torna-se impraticável manter conexões cabeadas para todos os dispositivos, criando uma demanda crescente por cobertura indoor de alta qualidade.

Nesse contexto, ganham destaque as novas tecnologias como 50G-PON e sua extensão para o interior de residências e empresas, por meio das redes FTTR (Fiber To The Room), que prometem conectividade mínima de 1Gbps em todos os ambientes de casas e escritórios. Com isso, contar somente com conexões indoor ou outdoor passa a não ser suficiente.

A China Tower, com suas 2,1 milhões de torres, parece estar inovando no uso diversificado dessas estruturas, incorporando pequenos data centers e bancos de baterias. Isso demonstra como a infraestrutura pode ser multifuncional e, consequentemente, mais rentável.

Vale destacar também que o conceito de “fog computing” – levar o processamento da nuvem para mais perto dos usuários – está ganhando forma mais concreta. Já existem produtos como notebooks mais baratos, com processamento local mínimo, dependendo inteiramente de uma estrutura de computação na nuvem. Essa tendência se estende às câmeras, smartphones e demais aparelhos eletrônicos, sinalizando uma mudança fundamental na arquitetura computacional.

Veja também: Liderança que protege: o papel do CEO na segurança da informação

Lições para o Brasil

Apesar das diferenças entre a China e outras economias em desenvolvimento, países como o Brasil possuem uma oportunidade única: aprender com seus acertos e evitar alguns erros.

Por exemplo, a China Mobile atende a aproximadamente 1 bilhão de clientes – o equivalente a toda a população das Américas. Suas “pequenas” concorrentes, China Telecom e China Unicom, possuem mais de 400 milhões de clientes cada. Contudo, mesmo com essa escala, estas duas operadoras mantêm acordos de compartilhamento de infraestrutura (RAN sharing) que abrangem praticamente todo o país.

Isso demonstra um ponto importante. Se empresas com centenas de milhões de clientes compartilham infraestrutura para otimizar custos e eficiência, as operadoras brasileiras deveriam considerar essa mesma abordagem, principalmente devido ao alto custo de construção de infraestrutura.

A principal lição é clara: o compartilhamento inteligente de infraestrutura não é uma opção, é uma necessidade.

Portanto, não se trata apenas de implementar novas tecnologias, mas de repensar fundamentalmente como estruturamos e operamos nossas redes. O futuro das telecomunicações não será construído por empresas isoladas, mas por ecossistemas colaborativos que otimizam recursos, compartilham custos e maximizam a experiência do usuário final. As empresas que compreenderem isso primeiro estarão mais bem posicionadas para prosperar e seguir adiante.

Por André Ituassu, COO da IHS Latam

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