
A Apple Inc. está em discussões iniciais com o Google, da Alphabet, sobre o uso de seu sistema de inteligência artificial (IA) Gemini para alimentar uma versão renovada do Siri, informou a Bloomberg citando pessoas familiarizadas com o assunto.
O movimento potencial marca um passo significativo para a terceirização da principal tecnologia de IA, já que a Apple busca recuperar o atraso em um campo em que ficou para trás dos rivais.
As ações de ambas as empresas subiram após o relatório. As ações do Google subiram 3,88%, para US$ 208,41, nas negociações de Nova York na sexta-feira, enquanto as ações da Apple subiram 1,4%, para US$ 227,95.
Alcançando a IA generativa
A Apple tem trabalhado para modernizar a Siri, que enfrentou anos de críticas por ficar atrás dos concorrentes.
Uma atualização há muito anunciada destinada a permitir que o assistente cumpra comandos com base em dados pessoais e permitindo a navegação completa do dispositivo por voz foi adiada por um ano devido a desafios de engenharia.
Para lidar com esses contratempos, a Apple está avaliando se deve continuar confiando em seus modelos internos de IA ou fazer parceria com um provedor externo.
A fabricante do iPhone conversou não apenas com o Google, mas também com a Anthropic PBC e a OpenAI, explorando se Claude ou o ChatGPT poderiam servir como base para uma nova Siri.
Internamente, a Apple está executando um “bake-off” entre duas abordagens.
Uma versão do novo Siri, codinome Linwood, é baseada na própria tecnologia da Apple.
O outro, Glenwood, usa modelos externos de IA. Os executivos Craig Federighi, chefe de software da Apple, e Mike Rockwell, chefe do projeto de headset Vision Pro, estão supervisionando o esforço.
Avaliando as opções de parceria
A Apple tradicionalmente procura manter um controle rígido sobre as tecnologias que sustentam seus produtos, priorizando a privacidade e a segurança.
No entanto, atrasos no desenvolvimento de IA e saídas de alto nível de sua equipe Foundation Models intensificaram a pressão sobre a administração.
No início deste ano, o chefe de IA da empresa, John Giannandrea, foi afastado do desenvolvimento da Siri, enquanto vários pesquisadores importantes partiram para os concorrentes.
Entre eles estava Ruoming Pang, o arquiteto-chefe da equipe, que partiu para a Meta Platforms Inc. depois de receber um pacote de US$ 200 milhões.
Apesar desses desafios, o trabalho continua nos próprios sistemas da Apple.
A empresa começou a testar um modelo de trilhões de parâmetros – um grande salto em relação aos atuais sistemas de 150 bilhões de parâmetros – embora essa tecnologia ainda não se destine ao uso do consumidor.
Enquanto isso, a integração Gemini do Google pode ser executada nos servidores Private Cloud Compute da Apple alimentados por chips Mac.
Essa abordagem permitiria que modelos externos processassem solicitações remotamente sem serem executadas diretamente nos dispositivos dos usuários.
Implicações estratégicas e de mercado
A perspectiva de a Apple recorrer ao Google para um recurso importante ressalta a complexidade da corrida da IA.
Embora as duas empresas sejam rivais ferozes em smartphones e serviços, elas já mantêm uma parceria lucrativa em buscas, com o Google pagando cerca de US $ 20 bilhões anualmente para continuar sendo a opção padrão em dispositivos da Apple.
Esse acordo está atualmente sob escrutínio antitruste do Departamento de Justiça dos EUA.
Para os investidores, as negociações destacam a urgência da Apple em fechar a lacuna na IA generativa.
O presidente-executivo Tim Cook disse aos funcionários que a Apple deve “vencer em IA”, observando o histórico da empresa de entrar nos mercados tarde, mas eventualmente produzir produtos que definem o setor.
No momento, as discussões com o Google permanecem exploratórias e nenhuma negociação comercial formal está em andamento.
A Apple continua avaliando se deve avançar com um parceiro ou persistir com seus próprios modelos, deixando o futuro do cérebro de IA da Siri indeciso.

