A cibersegurança tem evoluído rapidamente, acompanhando as novas ameaças digitais que surgem a cada dia. As grandes corporações têm investido significativamente em ferramentas para proteger seus sistemas e dados. Segundo pesquisas recentes, em média, uma organização pode empregar de 40 a 70 ferramentas diferentes para cobrir todos os aspectos de sua segurança cibernética. No entanto, essa quantidade de ferramentas traz consigo uma complexidade que torna a gestão de segurança um desafio colossal, aumentando a chance de negligência em algum aspecto da segurança.
Além disso, a profusão de ferramentas de diferentes fabricantes e a heterogeneidade resultante criam um coeficiente de imprevisibilidade que é, por si só, uma vulnerabilidade. Essa diversidade de soluções pode dificultar a interoperabilidade e a integração entre os sistemas, o que não apenas eleva a complexidade da gestão, mas também aumenta o risco de brechas de segurança. A falta de uniformidade nos protocolos e padrões utilizados pode levar a falhas de comunicação entre as ferramentas, resultando em lacunas de proteção e potencializando a exposição a ameaças.
Para resolver esses problemas, duas tendências emergem como soluções promissoras. A primeira é a consolidação de diferentes ferramentas de segurança cibernética em poucas plataformas de poucos fabricantes, o que simplifica a gestão e reduz a complexidade ao unificar múltiplas tecnologias. Isso facilita a integração e a interoperabilidade dos sistemas, potencializando a eficiência da infraestrutura de defesa cibernética. A segunda tendência é o uso extensivo da inteligência artificial (IA) para automatizar processos de segurança. Segundo a Gartner (abril/24), a IA generativa está entre as principais tendências de 2024 por melhorar o desempenho das ferramentas de segurança cibernética. A IA pode automatizar a detecção de ameaças e a resposta a incidentes, tornando as operações de segurança mais eficientes e consistentes. Essas abordagens têm o potencial de minimizar a vulnerabilidade causada pela diversidade de soluções e aumentar a eficácia das defesas cibernéticas.
NO mesmo sentido, os Centros de Operações de Segurança (SOC) estão passando por uma transformação significativa com a adoção da inteligência artificial (IA). O modelo tradicional, que depende amplamente da análise humana, tem se mostrado ineficiente. Estudos indicam que, em média, são necessários 277 dias para detectar e conter uma violação de dados, um período preocupantemente longo. Entretanto, o uso de IA já reduziu esse tempo em 108 dias, e essa tecnologia está apenas começando. Com a contínua evolução da IA, espera-se que esse tempo seja drasticamente reduzido no futuro próximo. A IA está claramente posicionada para desempenhar um papel central nos SOCs, substituindo grande parte da intervenção humana na análise e contextualização de dados. Essa tarefa, que requer o processamento rápido e preciso de grandes volumes de informações, é mais adequada para máquinas, permitindo que os analistas se concentrem em decisões críticas. Isso não só aumenta a eficiência como também melhora a eficácia da resposta a incidentes.
A implementação de IA na cibersegurança não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para enfrentar as crescentes ameaças digitais. Ao reduzir a complexidade, unificar plataformas e transformar a operação dos SOCs, a IA é uma ferramenta indispensável para a defesa cibernética mais robusta e eficaz. É fundamental que as empresas reconheçam o valor da IA e invistam na sua integração para proteger seus ativos e garantir a continuidade dos negócios no mundo digital cada vez mais perigoso.
Rafael Oneda, diretor de Tecnologia da Approach Tech.