Descubra como o SEO e inteligência artificial estão mudando com os AI Overviews do Google. Entenda os impactos no tráfego e estratégias digitais. Leia mais!
O que são os AI Overviews do Google e seu impacto no SEO
A chegada dos AI Overviews do Google representa uma das mudanças mais significativas no cenário de busca, uma resposta direta à ascensão de tecnologias como o ChatGPT da OpenAI. Essa funcionalidade consiste em resumos gerados por inteligência artificial que fornecem respostas diretas e consolidadas no topo da página de resultados, alterando fundamentalmente a interação do usuário com o buscador.
O impacto no tráfego orgânico já é notável. Segundo o especialista Juan González Villa, CEO da USEO, sites com foco em conteúdo informacional estão enfrentando perdas expressivas, com quedas de até 35% em alguns casos. Isso ocorre porque o usuário obtém a resposta de que precisa sem a necessidade de clicar em um link externo, o que afeta diretamente a principal métrica de muitos negócios digitais.
No entanto, o efeito não é uniforme em todos os setores. Álex Karnatowski, CEO da Convertix, ressalta que o impacto varia conforme o tipo de conteúdo. Por exemplo:
- Conteúdo Informacional: Altamente impactado, pois os AI Overviews suprem a necessidade de informação imediata.
- Conteúdo Transacional (eCommerce): Menos afetado no momento, já que as buscas com intenção de compra ainda direcionam o usuário para páginas de produto.
Essa distinção é crucial para que os profissionais de SEO possam adaptar suas estratégias, focando em otimizar para buscas que a IA ainda não consegue satisfazer plenamente e reforçando a autoridade da marca para se destacar dentro desses resumos gerados.
Inteligência artificial como ameaça ao tráfego orgânico
A consolidação da inteligência artificial generativa, impulsionada pelo lançamento do ChatGPT no final de 2022, é vista por muitos especialistas como uma ameaça potencial ao modelo tradicional dos buscadores. Ao fornecer respostas diretas e conversacionais, a IA reduz a dependência do usuário em clicar nos links azuis que sustentaram a web por décadas, representando um desafio direto ao tráfego orgânico.
Essa transformação está causando uma erosão significativa nas visitas de sites cujo modelo de negócio depende da visibilidade orgânica. O exemplo mais claro vem de conteúdos informacionais, onde a perda de tráfego pode chegar a patamares alarmantes. Juan González Villa aponta para quedas de até 35%, um número que força uma reavaliação completa das estratégias de conteúdo e monetização, especialmente para portais de notícias e blogs.
A ameaça não é apenas uma questão de perda de cliques, mas uma mudança estrutural na forma como a informação é consumida. Se os usuários se acostumarem a obter respostas sem sair do ambiente do buscador, o valor do posicionamento na primeira página muda drasticamente. O foco, portanto, deixa de ser apenas atrair um clique e passa a ser a capacidade de influenciar a resposta gerada pela IA, garantindo que a marca, os dados e os produtos sejam mencionados corretamente nos AI Overviews.
Mudanças no comportamento de busca e multimodalidade
O comportamento do usuário está se diversificando a uma velocidade impressionante, e a busca por texto é apenas uma peça do quebra-cabeça. A especialista Esther Checa, diretora global de Inovação do grupo t2ó, destaca a ascensão da multimodalidade, um conceito que define a interação com buscadores através de múltiplos formatos. Isso significa que as pessoas estão cada vez mais utilizando diferentes interfaces para encontrar o que precisam.
Essa nova era da busca inclui interações que vão muito além do teclado. As principais formas de busca multimodal incluem:
- Busca por voz: Utilizando assistentes virtuais para fazer perguntas diretas.
- Busca por imagem: Enviando uma foto para encontrar produtos ou informações relacionadas.
- Visão computacional: Interagindo diretamente com telas e objetos do mundo real através da câmera.
Nesse contexto, o SEO não pode mais se limitar ao Google. O campo de batalha pela atenção do usuário se expandiu para outras plataformas que se tornaram verdadeiros motores de busca, como TikTok e YouTube. Além disso, novos navegadores com capacidades de agente de IA, como o Perplexity, estão surgindo como alternativas poderosas. Adaptar-se a essa realidade exige uma visão mais ampla, compreendendo que o usuário está distribuído em múltiplos canais, formatos e dispositivos, e que a estratégia de SEO precisa refletir essa complexidade.
Futuro do SEO com agentes de IA e novas métricas
O verdadeiro desafio para o futuro do SEO não está apenas nos AI Overviews, mas na preparação para um cenário dominado por agentes de inteligência artificial. Segundo a visão de Esther Checa, esses agentes se tornarão os principais intermediários entre os usuários e o conteúdo, transformando radicalmente a forma como interagimos com a web.
Neste futuro próximo, os usuários delegarão tarefas complexas a esses agentes, desde pesquisas aprofundadas até interações completas dentro do navegador. Essa automação pode significar uma queda drástica no tráfego tradicional para os sites, pois o agente entregará o resultado final ao usuário, sem que ele precise visitar as fontes originais. Isso afetará profundamente setores como o de mídia, cujo modelo de negócio é amplamente baseado em visibilidade e visitas.
Essa mudança exige uma reinvenção completa das métricas de sucesso. O tráfego e o clique perdem protagonismo, dando lugar a novos indicadores. Os especialistas concordam que será preciso medir:
- Influência: A capacidade de uma marca ser citada como fonte confiável pela IA.
- Engajamento: A interação do usuário com o conteúdo apresentado pelo agente.
- Mapas de influência: Em vez de um funil de conversão linear, será necessário mapear todos os pontos de contato que moldam a decisão do usuário, mesmo que mediados pela IA.
O foco passa a ser construir autoridade e garantir que seu conteúdo seja a base para as respostas dos agentes de IA.
Impacto da IA generativa na publicidade digital
A revolução da IA generativa não se restringe ao SEO; ela também abala as fundações da publicidade digital. O tradicional modelo de receita baseado em cliques (pay-per-click) é diretamente desafiado, uma vez que os AI Overviews e as interfaces conversacionais reduzem o incentivo para que os usuários cliquem em anúncios e visitem páginas de destino.
Se a resposta é entregue diretamente na página de resultados, por que o usuário clicaria em um link patrocinado? Essa pergunta está no centro das preocupações de plataformas como o Google, cujo modelo de negócio depende massivamente dos anúncios. A especialista Esther Checa aponta que a gigante das buscas já está testando novas métricas para se adaptar a essa realidade, como “oportunidades de anúncio” e “busca de usuário”, tentando encontrar novas formas de mensurar e monetizar a visibilidade dentro de ambientes conversacionais.
No entanto, uma reinvenção mais profunda será necessária. A publicidade do futuro talvez não se baseie em cliques, mas em menções patrocinadas dentro das respostas da IA, na exposição da marca durante uma conversa com um agente ou em formatos totalmente novos. Os anunciantes precisarão desenvolver estratégias para influenciar os resultados gerados pela IA, garantindo que seus produtos e serviços sejam recomendados. O desafio é enorme: como medir o ROI em um mundo com menos cliques, mas com novas e complexas formas de influência?

