Meta tenta comprar talento — e afasta ainda mais os talentos
O caso mais emblemático é o de Shengjia Zhao, ex-OpenAI e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do ChatGPT. Zhao foi contratado pela Meta para integrar o Superintelligence Lab, mas, segundo o FT, tentou deixar a empresa poucos dias depois de conhecer os bastidores. Ele chegou a assinar a papelada para voltar à OpenAI antes de ser convencido a ficar com uma promoção relâmpago: o título de “Chief AI Scientist”.
E Zhao não é exceção. Entre os que já pularam fora estão Ethan Knight e Avi Verma (ex-OpenAI), além de Rishabh Agarwal, ex-Google DeepMind. Nenhum deles ficou sequer seis meses na Meta. Segundo o FT, mais de duas dezenas de veteranos da empresa também saíram nas últimas semanas.
Quatro reestruturações em seis meses
O cenário caótico se agravou com uma sequência de reestruturações internas: já são quatro grandes reorganizações em pouco mais de meio ano. A estratégia de Zuckerberg é simples: jogar dinheiro no problema para tentar recuperar o atraso em relação a concorrentes como OpenAI, Anthropic e Google DeepMind.
O problema é que o “cheque em branco” não parece suficiente para reter talentos. Apesar dos pacotes milionários, o ambiente interno tem sido descrito como confuso, desorganizado e tenso.
O fator Alexandr Wang: mais atrito no time de IA
Parte da tensão envolve Alexandr Wang, ex-CEO da Scale AI, que entrou na Meta após Zuckerberg investir US$ 15 bilhões na empresa para adquirir talentos e infraestrutura. Wang assumiu o cargo de Chief AI Officer, mas, segundo o Financial Times, sua postura tem gerado atritos com Zuck e causado desconforto entre os funcionários.
O resultado: um time desmotivado, líderes em conflito e uma operação que tenta correr atrás do prejuízo enquanto a concorrência dispara à frente.
Dinheiro compra tudo… menos paz
A Meta ainda aposta na estratégia de “comprar primeiro, resolver depois”, mas o caos interno levanta dúvidas sobre o futuro do seu laboratório de IA. Enquanto OpenAI e Google avançam em novas tecnologias, a Meta parece presa em disputas internas, mudanças constantes e decisões apressadas.
Como ironiza o Financial Times, Zuckerberg pode até comprar qualquer especialista do mercado, mas não pode comprar uma nova personalidade — e isso parece estar custando caro.
Mesmo com salários milionários, a Meta enfrenta fuga de talentos no seu laboratório de inteligência artificial. Profissionais renomados estão saindo, reestruturações se acumulam e os atritos entre Zuckerberg e líderes como Alexandr Wang criam um clima de incerteza sobre o futuro da empresa no setor.
