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Seminário aborda usos de inteligência artificial na gestão escolar – Jornal da USP

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Apresentações da equipe da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira marcam encerramento de ciclo de formação para educadores em Mato Grosso do Sul

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O bolsista de iniciação científica Carlos Eduardo dos Santos e o titular da Cátedra, Mozart Neves Ramos, durante o evento em Mato Grosso do Sul – Foto: Fadeb/MS

As potencialidades e desafios diante das novas tecnologias na rotina das equipes escolares foram tema do III Ciclo de Seminários: Gestão Escolar na Era da Inteligência Artificial, promovido pela Fundação de Apoio e Desenvolvimento à Educação Básica de Mato Grosso do Sul (Fadeb/MS) com apoio da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP. A formação teve início em maio e terminou no dia 22 de agosto, com apresentações para cerca de 465 profissionais da educação, com participação do secretário de Estado de Educação, Helio Daher.

O ciclo promoveu debates sobre segurança digital, Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), cyberbullying, saúde educacional, automação de processos e gestão baseada em evidências. Com seminários, mesa-redonda e um curso on-line, o projeto buscou preparar líderes educacionais para uma gestão mais eficiente, inovadora e alinhada às novas realidades tecnológicas. Foram convidados a participar diretores, coordenadores, secretários de Educação e demais gestores escolares das redes municipais e estadual, visando a uma construção coletiva de estratégias para o uso responsável da tecnologia nas escolas.

“Nosso objetivo é fortalecer a atuação das equipes das redes de ensino frente aos desafios contemporâneos da gestão educacional”, afirmou Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira. “Buscamos dissipar o receio em torno da inteligência artificial e mostrar que os gestores desempenham um papel central na criação de um ambiente que incentive uma cultura de transformação digital sustentável.”

“Participar do III Ciclo de Seminários é uma oportunidade estratégica para os gestores escolares aprofundarem sua compreensão sobre o papel das tecnologias emergentes na educação. Buscamos oferecer um espaço qualificado de formação, escuta e troca de experiências entre especialistas e as equipes escolares”, disse Neli Porto Naban, uma das coordenadoras do ciclo na Fadeb/MS. “Foi um evento maravilhoso e acolhedor, que encerrou a sequência excelente de módulos e encontros síncronos. Os gestores foram muito receptivos e engajados.”

A jornada formativa foi organizada em três etapas: uma abertura presencial, uma formação on-line com módulos síncronos e assíncronos, e o encerramento com apresentações e mesa-redonda para troca de experiências. Para que as novas tecnologias alcancem seu potencial, é importante que os gestores compreendam suas aplicações, incentivem a capacitação docente, articulem parcerias e integrem ferramentas para otimizar processos administrativos. Para que essas mudanças gerem impactos positivos e duradouros, é essencial desenvolver boas estratégias para a adoção consciente das inovações, alinhando-as às necessidades pedagógicas e institucionais. 

Caminhos para bom uso das ferramentas

Ao retomar alguns dos conceitos ligados à inteligência artificial e abordar as limitações e os cuidados éticos necessários, o bolsista de iniciação científica Carlos Eduardo dos Santos, da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, defendeu no encerramento que, com projetos bem desenhados e mantendo um olhar atento e crítico, é possível usar a IA para potencializar a gestão escolar.

“Em muitas situações, a inteligência artificial pode ser uma aliada, facilitar tarefas do dia a dia e gerar insumos que ajudam na tomada de decisão. E isso não significa de forma alguma tomar o lugar dos gestores, pelo contrário: o fator humano, a inspiração de um professor, a colaboração entre colegas, o acolhimento da equipe gestora são insubstituíveis”, afirmou.

Na apresentação, Carlos Eduardo definiu inteligência artificial como qualquer técnica que permite ao computador imitar a inteligência humana, usando a lógica, regras matemáticas, árvores de decisão e machine learning – este, por sua vez, é um subconjunto da IA que inclui técnicas estatísticas para a máquina melhorar tarefas através da experiência. Um dos subconjuntos de machine learning é o chamado deep learning, composto de algoritmos que permitem ao software treinar a si mesmo para desempenhar tarefas.

Esse aprendizado de máquina só ocorre a partir do recebimento de dados. No caso das escolas, as informações do censo escolar, do nível socioeconômico, das condições de trabalho docente, os indicadores de frequência, nota e desempenho de estudantes em avaliações externas são importantes subsídios. A partir deles, Carlos Eduardo mostrou como a Cátedra vem abordando o uso de IA e apresentou ideias para três situações em que essas ferramentas podem auxiliar: na redução do abandono escolar, na análise de dados e na gestão de aula.

“A evasão e o abandono são preocupantes, mas como podemos agir antes que as taxas de uma escola piorem? Como um gestor regional pode saber qual escola precisa de mais atenção no próximo ano? Seria possível gerar um programa que analise os dados e envie notificações para as escolas com risco elevado de piora nos indicadores de abandono escolar”, sugeriu o bolsista.

Além disso, segundo ele, é possível elaborar mecanismos para análise dos dados, sugerindo uma alocação de recursos formativos e pedagógicos mais eficiente. E com plataformas adaptativas, as respostas dos estudantes em determinados exercícios podem identificar mais rapidamente dificuldades e lacunas de aprendizagem, gerando sugestões de novos exercícios, liberando o tempo do professor para se dedicar às intervenções mais complexas.

Entre os desafios a serem superados para a adoção de ferramentas e programas, estão a qualidade dos dados analisados, a necessidade de mais capacitação e de outras ferramentas de estudo, questões de infraestrutura e equidade no acesso a programas, e a necessidade de reduzir o viés algorítmico – quando a inteligência artificial comete erros ou não compreende a demanda corretamente.

*Assessoria de Comunicação do IEA-RP

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