O momento da inteligência artificial no Brasil chegou. Pessoas em todo o país já estão utilizando a IA para resolver problemas complexos, aprender e criar. O desafio agora é simples e ambicioso ao mesmo tempo: converter esse impulso em benefícios permanentes, assegurando que a tecnologia seja acessível a todos os brasileiros, pois será essencial para a criação de empregos e oportunidades econômicas agora e no futuro.
O governo brasileiro já anunciou um plano ambicioso para impulsionar o Brasil no ecossistema global de IA. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) destina cerca de R$ 23 bilhões para infraestrutura, pesquisa, capacitação e projetos-piloto em setores prioritários. Esse compromisso pode ampliar a capacidade computacional e estimular a inovação no país.
O governo também está preparando incentivos fiscais que reduzem ou isentam impostos federais importantes sobre investimentos em data centers. Custos iniciais mais baixos vão facilitar a construção de infraestruturas essenciais de IA, além de melhorar o desempenho para usuários e desenvolvedores.
A OpenAI está fazendo sua parte. No ano passado, nossos esforços para democratizar o acesso à IA nos levaram às maiores comunidades do país com o projeto FavelaGPT, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Para reforçar nosso compromisso com o Brasil, estamos nos preparando para abrir um escritório no país –o primeiro na América Latina. Queremos levar IA para todos, pois acreditamos em ampliar oportunidades, não em restringi-las.
Já são mais de 50 milhões de usuários mensais do ChatGPT no país, que também ocupa a segunda posição no ranking mundial de desenvolvedores que utilizam a API da OpenAI. Recentemente lançamos um novo relatório sobre a produtividade impulsionada pela IA, que revelou que a base de usuários do ChatGPT no Brasil é jovem: 27% têm entre 18 e 24 anos e 33% entre 25 e 34 anos. Isso indica que muitos estudantes e jovens profissionais estão se tornando nativos da IA e usarão seu conhecimento tecnológico para promover o crescimento econômico futuro.
A criação de um ambiente regulatório que estimule a inovação em IA será um fator decisivo para que o Brasil consolide sua posição de liderança nessa área e garanta que todos os brasileiros se beneficiem dessa tecnologia. Enquanto a Câmara dos Deputados discute um novo projeto de lei sobre IA, é importante refletir a respeito do seu impacto sobre um dos maiores ativos estratégicos do Brasil: sua próspera comunidade de desenvolvedores.
Se ferramentas de uso diário forem classificadas como de alto risco, ou se pequenas empresas e startups precisarem cumprir exigências de conformidade desproporcionalmente rigorosas, elas poderão ficar em desvantagem frente a concorrentes estrangeiros. A conformidade excessiva adiciona mais um desafio: um estudo recente mostrou que a legislação brasileira exigiria 68 novos requisitos para empresas de IA, contra 43 previstos na nova Lei de IA da União Europeia, por exemplo.
Algumas propostas do projeto de lei poderiam, inclusive, contrariar o Plano Nacional de IA, que estabelece metas ambiciosas para posicionar o Brasil como líder global nesta tecnologia. Uma abordagem equilibrada —que foque em usos de real alto risco e com fortes salvaguardas— manteria a segurança como prioridade, ao mesmo tempo em que daria a desenvolvedores, startups e academia a liberdade para inovar e competir no mercado global.
Este é o momento da IA no Brasil e o país tem a oportunidade de aproveitá-lo. Se optar por caminhos que incentivem a inovação ao invés de restringi-la, o resultado será algo extraordinário: IA para o Brasil, pelo Brasil e do Brasil.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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