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como a inteligência artificial detecta sinais invisíveis em vídeos caseiros

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No gesto corriqueiro de bater dois dedos em ritmo contínuo, a ciência enxerga muito mais do que um movimento trivial. Pesquisadores da Universidade da Flórida desenvolveram uma ferramenta de inteligência artificial capaz de identificar sinais precoces de Parkinson apenas observando gravações feitas com celulares comuns. Uma tecnologia que transforma o invisível em informação clínica.

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A câmera como instrumento médico

Durante décadas, o diagnóstico precoce do Parkinson dependia de observações clínicas e exames tradicionais, muitas vezes incapazes de capturar alterações iniciais. Agora, algoritmos analisam vídeos domésticos de forma precisa, identificando padrões motores invisíveis até mesmo para especialistas.

Segundo Diego L. Guarín, professor assistente e líder do estudo, publicado na revista npj Parkinson’s Disease, o sistema abre uma nova janela para detectar doenças neurodegenerativas em estágios muito iniciais.

O experimento que revelou o invisível

Parkinson 1
© CURVD® – Unsplash

Para validar a ferramenta, os pesquisadores reuniram 66 voluntários divididos em três grupos: indivíduos saudáveis, pessoas com transtorno do sono REM idiopático (iRBD) e pacientes com Parkinson em fase inicial. Todos repetiram a mesma tarefa: tocar os dedos diante de uma câmera.

Um detalhe crucial: os vídeos escolhidos eram de pessoas que, segundo a escala clínica MDS-UPDRS Parte III, não apresentavam sintomas visíveis. A olho nu, todos pareciam saudáveis. Ainda assim, o software conseguiu identificar alterações motoras sutis.

O software VisionMD

Batizado de VisionMD, o sistema é de código aberto e utiliza aprendizado de máquina para extrair métricas como amplitude, velocidade e regularidade dos movimentos. Treinado com horas de gravações, ele cria um “perfil motor” para cada pessoa.

A grande inovação é sua acessibilidade: basta um smartphone ou webcam para realizar a avaliação, sem necessidade de equipamentos médicos sofisticados. Essa simplicidade permite levar o diagnóstico para além de hospitais, alcançando populações remotas ou com pouco acesso à saúde.

O efeito de sequência

Um dos achados mais relevantes foi a detecção do chamado “efeito de sequência”: a diminuição gradual da amplitude e da velocidade do movimento repetitivo dos dedos. Esse fenômeno foi observado tanto em pacientes com Parkinson quanto em pessoas com iRBD — condição considerada um dos maiores preditores de doenças neurodegenerativas.

Mais de 80% dos portadores de iRBD acabam desenvolvendo algum tipo de distúrbio cerebral progressivo, o que reforça o valor da ferramenta na busca por marcadores precoces.

Precisão e impacto

Os números impressionam: o sistema alcançou 81,5% de precisão ao diferenciar Parkinson de indivíduos saudáveis, 79,8% para distinguir iRBD de saudáveis e 81,7% para separar iRBD de Parkinson. Resultados que superam a sensibilidade da observação clínica tradicional.

Para Guarín, a tecnologia representa um avanço fundamental: “Com um simples vídeo, podemos antecipar diagnósticos que antes levavam anos para se confirmar.”

O futuro da medicina na palma da mão

Além da precisão, o VisionMD é barato e escalável. Qualquer pessoa pode gravar um vídeo em casa e submetê-lo à análise, permitindo triagens massivas e detecção precoce em larga escala.

Esse potencial transforma não apenas o diagnóstico do Parkinson, mas também de outros transtornos neurológicos, oferecendo uma alternativa viável para sistemas de saúde sobrecarregados.

Tecnologia que muda destinos

O gesto simples de tocar dois dedos, observado por uma câmera e decifrado por algoritmos, pode mudar o rumo da vida de milhões de pessoas. Diagnósticos antecipados permitem iniciar tratamentos mais cedo, melhorar a qualidade de vida e reduzir o impacto de doenças de difícil detecção.

Na fronteira entre saúde e tecnologia, a inteligência artificial mostra que o futuro da medicina pode estar naquilo que parecia banal: um movimento cotidiano, revelado pela lente de um celular.

 

[ Fonte: Infobae ]

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