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Stablecoins podem redesenhar as finanças globais – 14/09/2025 – Ronaldo Lemos

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Há um tsunami vindo. Ele tem a forma de stablecoins. O termo em inglês descreve uma modalidade de criptoativos com valor estável, atrelados a uma moeda nacional, como o dólar. Seu funcionamento mais simples é: a cada 1 dólar, 1 stablecoin é emitida. Hoje há vários tipos: USDC, Tether etc.

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No dia 18 de julho de 2025 entrou em vigor nos EUA uma nova lei chamada “Genius Act”. Ela incentiva e regulamenta o uso de stablecoins. Sua aprovação simboliza um momento em que os EUA oficialmente abraçaram o modelo como política nacional e global.

Hoje há cerca de US$ 230 bilhões em stablecoins. A projeção é que em 2028 esse valor será de US$ 2 trilhões. A dominância do dólar é impressionante. A moeda responde por 99% das stablecoins. O euro, por exemplo, responde por menos de 350 milhões de euros.

Mas para que serve uma stablecoin? A primeira utilidade é funcionar como um Pix global: transferir valores instantaneamente, 24 horas por dia. Por isso são usadas por fundos, fintechs e até bancos para liquidação. Além disso, são reserva de valor em países instáveis, populares na Argentina, Nigéria, Turquia e outros.

Só que a utilidade mais relevante é servir de base para uma nova geração de finanças, chamada DeFi (Descentralized Finance). Hoje há inúmeros serviços que pagam juros em troca de depósitos de stablecoins. Você deposita stablecoins em dólar e recebe automaticamente juros de 4% a 6% ao ano.

Um dos mecanismos para isso é a chamada “tokenização” de títulos do governo dos EUA. Quando uma stablecoin é depositada nesses serviços, eles adquirem títulos do tesouro americano e repassam os juros para as stablecoins.

Isso ajuda a explicar por que o tema virou prioridade nos EUA. Como a centralidade do dólar está sendo debatida, o país tomou a dianteira em um tema central para o futuro das finanças. Por isso, hoje tornou-se ainda mais fácil financiar a dívida dos EUA (com capital de toda parte) do que a de outros países, mesmo que paguem juros maiores. Isso acendeu um alerta, por exemplo, na Europa, que está estudando como responder a esse cenário.

Já a Coreia está sendo ousada. Quer permitir a emissão de stablecoins não só por seu Banco Central, mas por empresas privadas. Basta ter um capital mínimo de US$ 360 mil que uma empresa poderá emitir sua própria stablecoin atrelada ao won.

Diante de tudo isso, o que fazer? Primeiro, informar-se. Dias 17 e 18 de setembro acontece no Rio a conferência Meridian, organizada pela Fundação Stellar que opera a plataforma de blockchain em que muitas dessas stablecoins são emitidas (vale dizer, sou membro do conselho da fundação). A conferência está esgotada, mas as palestras estarão online para quem quiser se informar sobre o tema.

Segundo, a melhor reação às stablecoins é a que o Brasil já está adotando: reforçar os meios de pagamento locais, como o Pix, democratizando muitas das vantagens das stablecoins para todos. Outra ação seria avançar no Drex, criando o “real digital”, e permitindo que nossa moeda possa estar oficialmente na cesta de stablecoins globais. Reforçando o DeFi brasileiro e facilitando, assim, financiar a dívida pública do nosso país com capital global digital.


READER

Já era – desconhecer stablecoins

Já é – informar-se sobre stablecoins

Já vem – apostar no Pix e Drex


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