O YouTube, do Google, dobrou a sua aposta em inteligência artificial ao anunciar ferramentas com a tecnologia para quem publica vídeos na plataforma. Durante evento em Nova York, nesta terça-feira (16), a empresa mostrou como criadores de conteúdo poderão editar e produzir vídeos com IA.
Uma das funcionalidades permite que fotos sejam transformadas em vídeos, criando cenas que não são reais. É possível produzir uma sequência de movimentos como danças e golpes de karatê a partir de uma foto estática, exemplos mostrados na apresentação da empresa.
O gerador de vídeos, batizado de Veo3, permite também que objetos que não existiam no vídeo original sejam introduzidos nas cenas publicadas no YouTube.
Questionado pela Folha sobre o risco do uso da ferramenta para produção de deepfakes e desinformação, o CEO do YouTube, Neal Mohan, afirmou que quem assiste aos vídeos na plataforma será informado sobre o uso de IA na edição dos conteúdos. Segundo ele, avisos serão gerados em texto ou inseridos com marca d’água e rótulo nos vídeos.
“Exigimos que os criadores rotulem conteúdo de IA realista para que os espectadores sejam informados”, diz o YouTube, em nota. A plataforma informa que poderá indicar o uso da tecnologia caso isso não tenha sido feito pelo usuário.
“Seremos transparentes com o consumidor e o informaremos (sobre o uso de IA na criação de vídeos)”, afirmou o diretor de podcast do YouTube, Steve McLendon.
A empresa afirma que atualizou sua política de privacidade 2024 e permite que “qualquer pessoa solicite a remoção de conteúdo gerado por IA que imite sua imagem, incluindo seu rosto ou voz, sem permissão”.
Outras ferramentas com uso de IA foram divulgadas pela plataforma do Google nesta terça. Elas são projetadas especificamente para criadores e para os vídeos curtos conhecidos como Shorts, numa tentativa do Google de competir com o TikTok, da ByteDance, e com o Instagram, da Meta.
Entre os recursos disponíveis estão ferramentas que entregam em segundos vídeos e áudios realistas —com diálogos e efeitos sonoros— a partir de comandos de texto no celular.
Outra novidade anunciada é o recurso de “uma dublagem automática mais realista”. Com ele, além da inserção do áudio traduzido em outro idioma, é possível alterar a sincronização labial para dar a impressão de que o locutor está falando no idioma escolhido.
O suporte para dublagem será oferecido em 20 idiomas, incluindo o português, e estará disponível nos próximos meses, informa a empresa.
“Com o poder da inteligência artificial, os criadores de conteúdo terão ainda mais impacto”, afirmou Mohan durante a apresentação para funcionários da empresa, criadores de conteúdo e jornalistas.
A empresa divulgou ter distribuído mais de US$ 100 bilhões (R$ 540 bi) a criadores, artistas e empresas de mídia em um período de quatro anos (janeiro de 2021 a dezembro de 2024). Mohan afirmou que a plataforma é, pelo segundo ano consecutivo, o streaming mais assistido nas televisões dos EUA.
O jornalista viajou a convite do YouTube