
Nascido em Porto Alegre, o engenheiro de inteligência artificial (IA) Luis Filipe Ferreira Fraga, 33 anos, integra a relação de 17 residentes estrangeiros de 16 países nomeados “Cidadãos Honorários de Seul de 2025“.
A homenagem ocorre em função do trabalho do gaúcho desenvolvido na Noul — uma empresa coreana na área de cuidados com a saúde. Há quase nove anos no país, sua função é criar soluções de imagens médicas baseadas em IA para o diagnóstico de doenças.
Além disso, ensina língua portuguesa, realiza mentorias para estudantes estrangeiros e divulga a Coreia do Sul na mídia.
— Vim para fazer mestrado e depois começar a trabalhar. Enquanto isso, participei de vários fóruns, projetos e eventos como mentor para imigrantes. Estive bastante envolvido com o governo de Seul e da própria Coreia do Sul — afirma o profissional, que ainda criança mudou-se de Porto Alegre para São José dos Campos, em São Paulo.
A solenidade será realizada na Câmara Municipal de Seul entre o final de novembro e o início de dezembro — a data ainda não foi definida. Na ocasião, os escolhidos receberão uma carteirinha e uma medalha.
A distinção ao cidadão honorário possibilita a entrada gratuita em locais como museus e teatros. Além disso, a pessoa participa de discussões, fóruns e, no caso dele, ainda atua na interlocução de assuntos relacionados ao Brasil e a Coreia do Sul.
Eu desenvolvo algoritmos de IA para segmentar e analisar toda a imagem microscópica de células vermelhas do sangue. Consigo gerar relatório e estimar o nível de glóbulos vermelhos da pessoa e diagnosticar se tem uma determinada doença relacionada ao sangue.
LUIS FILIPE FERREIRA FRAGA
Engenheiro de inteligência artificial
— Todo ano tem indicações para concorrer para cidadão honorário. Não sabia como funcionava isso, mas neste ano alguém do próprio programa que eu participava me recomendou. Houve várias fases e até a análise do meu histórico no país. Também teve o apoio da Embaixada do Brasil. O Conselho Metropolitano de Seul aprovou — relata sobre o processo para obter o reconhecimento.
Fraga formou-se em Ciência da Computação na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na sequência, foi fazer mestrado na mesma área na Coreia do Sul. A oportunidade veio por meio de uma bolsa de estudos concedida pelo governo sul-coreano.
No começo da vida no outro lado do mundo, o imigrante teve dificuldades com a língua, mas hoje em dia consegue se comunicar de forma avançada no dialeto oriental. Sobre o seu trabalho em IA, ele explica:
— Eu desenvolvo algoritmos de IA para segmentar e analisar toda a imagem microscópica de células vermelhas do sangue. Consigo gerar relatório e estimar o nível de glóbulos vermelhos da pessoa e diagnosticar se tem uma determinada doença relacionada ao sangue. Sou responsável por todo esse processo de IA — detalha.
O gaúcho conta que viver na Coreia do Sul é uma experiência bastante distinta. A população do país foi estimada em cerca de 51,7 milhões de habitantes em 2024. Além da língua, enfrentou dificuldades com a comida baseada em vegetais e molhos. Já adaptado, agora considera essa alimentação mais saudável.
Conforme narra, os sul-coreanos são diretos, restritos e não aceitam abrir exceções em qualquer tipo de processo. Ou seja, o famoso “jeitinho brasileiro” não tem espaço, a regra é igual para todos:
— Eles não têm essa flexibilidade. É do jeito definido pela lei ou por qualquer regra — compartilha.
O gaúcho não pensa em deixar a Coreia do Sul, mas não fecha as portas para alguma proposta melhor no futuro. Sem filhos, ele tem namorada e animais de estimação em Seul.
— É uma honra receber essa nomeação e me sinto muito grato por isso. Acho que é o começo de uma relação mais próxima entre Brasil e Coreia do Sul, principalmente nessa área que eu sou formado: computação e inteligência artificial. Acho importante essa representação, serei chamado para qualquer discussão sobre os imigrantes na Coreia e a coisas relacionadas à IA.

