A transformação digital do setor de alimentos e bebidas ganhou um novo capítulo com a chegada da Inteligência Artificial (IA). Se até pouco tempo a automação se concentrava nas linhas de produção e no controle de qualidade, hoje ela atravessa toda a cadeia, do desenvolvimento de produtos ao relacionamento com o consumidor final. Segundo o relatório “O poder da IA no mercado de alimentos e bebidas” (Food Connection & Fispal Tecnologia, 2025), 83% das empresas do setor já utilizam ou pretendem implementar soluções de IA até 2026, demonstrando um avanço expressivo na maturidade digital da indústria brasileira.
O salto digital do setor alimentício
O estudo mostra que o uso da IA não é mais restrito às grandes indústrias. Pequenas e médias empresas estão buscando integrar a tecnologia a processos de análise de dados, controle de qualidade e inovação em produtos.
Cerca de 52% dos entrevistados afirmaram que utilizam a IA para melhorar a eficiência operacional, enquanto 37% já aplicam algoritmos em previsão de demanda e planejamento de produção — uma evolução que revela o foco do setor em reduzir desperdícios e otimizar recursos.
A IA tem se tornado também um elemento essencial na personalização do consumo. Segundo a pesquisa, 28% das empresas já exploram o uso de modelos preditivos para entender preferências dos consumidores e desenvolver produtos mais alinhados a estilos de vida específicos — como plant-based, sem aditivos artificiais, ricos em proteínas ou com redução de açúcar e sódio.
IA e inovação em ingredientes
A pesquisa também destaca que uma das frentes mais promissoras é o uso da IA no desenvolvimento de novos ingredientes. A tecnologia permite identificar combinações sensoriais, nutricionais e funcionais a partir de grandes bancos de dados e simulações computacionais. Isso acelera a criação de formulações com melhor textura, sabor e estabilidade, além de reduzir custos e tempo de desenvolvimento.
Na indústria de aditivos e ingredientes, essa aplicação tem se mostrado essencial para responder às demandas de mercado por produtos mais limpos, sustentáveis e naturais. Modelos de IA ajudam a prever o comportamento de compostos durante o processamento térmico, a estabilidade de emulsões e até o impacto de substituições de ingredientes — como proteínas vegetais, adoçantes naturais e corantes alternativos.
Como aponta o relatório, a IA é vista como uma aliada no desenvolvimento de produtos clean label e sustentáveis, permitindo inovação com segurança e precisão científica.
A integração da IA com sustentabilidade e rastreabilidade
Outro ponto central revelado pela pesquisa é a convergência entre IA e sustentabilidade. Mais de 60% das empresas entrevistadas afirmaram que pretendem usar IA para monitorar indicadores ambientais e otimizar o uso de recursos naturais, como água e energia. Essa tendência reforça a busca por eficiência e transparência, pilares fundamentais para o consumidor atual.
A IA também tem papel crescente na rastreabilidade de ingredientes, permitindo o acompanhamento em tempo real de matérias-primas, lotes e fornecedores. Soluções baseadas em blockchain e visão computacional estão sendo integradas a sistemas de gestão industrial para garantir qualidade, conformidade regulatória e confiança do consumidor — temas cada vez mais estratégicos para o setor.
Desafios de implementação: da cultura à capacitação
Apesar dos avanços, a pesquisa indica que 47% das empresas ainda enfrentam barreiras para implementar soluções de IA, sendo os principais desafios a falta de mão de obra especializada (39%) e o custo de investimento inicial (35%). Esses dados revelam que a transformação digital no setor alimentício exige não apenas tecnologia, mas também mudança cultural e qualificação técnica.
A capacitação de profissionais — de operadores de planta a gestores de P&D — surge como prioridade. Segundo a Fispal, as empresas que mais avançaram em IA foram justamente aquelas que criaram estratégias internas de treinamento e parcerias com universidades e startups de tecnologia alimentar.
O que vem a seguir: o futuro da IA no setor
O relatório aponta que o movimento tende a se acelerar até 2026, impulsionado pela redução dos custos tecnológicos e pela integração de novas ferramentas de IA generativa. Essa tecnologia, já aplicada em setores como farmacêutico e cosmético, começa a ser usada para simular formulações, otimizar rotulagem nutricional e até gerar protótipos virtuais de produtos antes da fabricação.
A tendência é que, nos próximos anos, a IA se consolide como um eixo estruturante da competitividade industrial, conectando dados de produção, consumo e inovação de forma contínua. Mais do que uma ferramenta, a Inteligência Artificial está se tornando o motor de um novo paradigma na indústria de alimentos e bebidas — mais inteligente, conectada e sustentável.
As informações são da Aditivos Ingredientes

