Por muito tempo, os discos rígidos foram vistos como obsoletos: lentos, barulhentos e ultrapassados pelos SSDs. Mas a ascensão da inteligência artificial mudou o jogo. Enquanto GPUs brilham como estrelas da computação moderna, a base de dados que sustenta essa revolução depende, ironicamente, de uma tecnologia criada há mais de 70 anos.
O retorno dos gigantes esquecidos
Seagate e Western Digital, que dominaram o mercado de armazenamento magnético durante décadas, estão vivendo um renascimento inesperado. Em 2025, suas ações dispararam mais de 150%, impulsionadas diretamente pelo avanço da IA.
Modelos como ChatGPT, Gemini e Claude exigem volumes imensos de dados para treinar e operar. Esses dados precisam de armazenamento barato, seguro e escalável — e nesse quesito os discos rígidos continuam imbatíveis.
A ironia do progresso tecnológico
No consumo doméstico, os SSDs conquistaram o mercado com sua velocidade e silêncio. No entanto, em escala industrial, onde centros de dados lidam com exabytes de informação, a prioridade não é apenas rapidez, mas sim capacidade e custo-benefício.
A inteligência artificial deixou claro: a performance importa, mas quem manda é a quantidade de dados que pode ser guardada de forma confiável.
Centros de dados movidos a discos giratórios
Cada conversa no ChatGPT, cada imagem gerada e cada arquivo enviado deixa rastros digitais que precisam ser armazenados. Esses rastros ocupam espaço em milhões de discos rígidos espalhados por data centers ao redor do mundo.
Com a explosão da demanda, empresas como Seagate, Western Digital e Toshiba, que juntas dominam quase 100% do mercado, vivem um momento de euforia. Em seus laboratórios, engenheiros já projetam unidades de 40 a 50 terabytes, expandindo os limites de capacidade.
Mesmo em uma era de serviços na nuvem e dados intangíveis, a espinha dorsal do armazenamento continua sendo física: pratos magnéticos girando a milhares de rotações por minuto.
A ironia de depender de uma invenção dos anos 50
A inteligência artificial é o símbolo máximo da modernidade tecnológica. Ainda assim, sua memória coletiva repousa em um sistema inventado nos anos 1950, quando a IBM apresentou o primeiro disco rígido do mundo. Desde então, os princípios continuam os mesmos: pratos giratórios, cabeçotes magnéticos e a promessa de nunca esquecer nada.
Os discos rígidos não desapareceram — apenas aguardavam seu momento. E a IA, com sua sede infinita por informação, trouxe de volta sua relevância.
Enquanto novas palavras, imagens e modelos continuam sendo criados, os discos seguirão girando em silêncio. Invisíveis para os usuários finais, mas absolutamente vitais para o futuro digital.
