A Apple e a Google são os dois titãs que se digladiam pela supremacia do mercado de smartphones há mais de uma década, mas nos bastidores, a rivalidade coexiste com uma parceria estratégica vital. Esta aliança acaba de se aprofundar de forma dramática no campo da inteligência artificial. Segundo um novo e bombástico relatório de Mark Gurman, do Bloomberg, a Apple chegou a um acordo com a Google para que a sua Siri remodelada seja, em parte, alimentada pelo modelo Gemini da Google.
Este anúncio é uma das maiores ironias tecnológicas do ano. A Apple está, essencialmente, a reconhecer que o seu modelo de IA interno não é, por enquanto, suficientemente potente para corresponder às expectativas do mercado. A solução? Recorrer ao cérebro do seu maior rival para que a Siri possa, finalmente, cumprir as suas promessas.
O reconhecimento da Google: o motor por trás da Siri
Durante anos, a Apple prometeu que a Siri evoluiria usando os seus próprios chips e software. Contudo, para competir com o ChatGPT e com as capacidades de raciocínio avançado do Gemini, o tempo de espera acabou. Gurman revela que a Apple escolheu a Google (aparentemente preterindo a Anthropic, cujo modelo também foi avaliado) devido aos seus laços comerciais pré-existentes.
Apesar da colaboração, a Apple está a garantir que a sua imagem e a privacidade do utilizador não serão sacrificadas. A empresa está a pagar à Google para desenvolver uma versão personalizada do Gemini, que será executada na infraestrutura de cloud privada da Apple. Isto significa que os dados e as interações do utilizador deverão manter-se dentro do ecossistema Apple, preservando o seu compromisso de privacidade, enquanto a Siri ganha o poder de processamento e as capacidades de raciocínio avançado do Gemini.

O que o Gemini fará pela Siri?
A integração com o Gemini não alterará a interface da Siri, mas o seu cérebro ficará drasticamente mais capaz. O assistente da Apple poderá, finalmente:
- Fornecer respostas complexas e contextuais, graças ao poder de pesquisa e análise da Google.
- Melhorar a pesquisa web e a assistência na escrita, com a inteligência generativa.
- Entregar as funcionalidades de IA que os utilizadores já esperam da Apple Intelligence (o framework que gere a IA no ecossistema), de forma fluida e instantânea.
O Gemini, neste cenário, torna-se o motor silencioso que permite à Siri falar de forma inteligente, mantendo a “cara”, a voz e as proteções de privacidade da Apple.
O calendário da revolução Apple Intelligence
Esta atualização crítica da Siri e do framework Apple Intelligence (que já sofreu vários adiamentos) deverá coincidir com o lançamento do iOS 26.4, esperado algures entre março e abril de 2026.
Este período assinala a janela de lançamento para uma vasta ofensiva da Apple no espaço da casa inteligente e da realidade mista:
- O primeiro ecrã inteligente da Apple (em variantes de altifalante e de montagem na parede).
- Novas versões da Apple TV e do HomePod mini.
- A base para o futuro e expansivo ecossistema de segurança e automação da casa inteligente da Apple.
O facto de a Apple ter de recorrer ao seu maior rival para impulsionar o seu produto de IA mais importante sublinha a urgência com que a empresa tem de se mover. A corrida pela inteligência artificial é tão dispendiosa e complexa que, mesmo a Apple, não pode travar todas as batalhas sozinha.
A parceria com a Google garante que a Siri se torna competitiva, dando à Apple a base de que precisa para construir o seu futuro ecossistema de dispositivos inteligentes.
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