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Atriz Criada por IA Gera Polêmica em Hollywood em 2024

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Tilly Norwood, primeira atriz virtual criada por IA, causa protestos em Hollywood. Sindicatos e atores criticam uso de inteligência artificial no cinema.

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Quem é Tilly Norwood, a Primeira Atriz Virtual de IA

Tilly Norwood é a primeira atriz virtual criada inteiramente por inteligência artificial, desenvolvida pela Xicoia, empresa que se autodenomina o primeiro estúdio de talentos com IA do mundo. A personagem digital foi criada pela produtora e comediante holandesa Eline Van der Velden, fundadora do estúdio de IA Particle6.

Van der Velden apresentou oficialmente Tilly Norwood durante o Zurich Summit, evento paralelo ao Festival de Cinema de Zurique, no fim de semana passado. Na ocasião, ela revelou que agências de talentos já estavam interessadas em Norwood e que esperava anunciar uma contratação em breve.

A atriz virtual possui uma presença digital ativa, com conta no Instagram que já acumula mais de 33 mil seguidores. Suas postagens mostram a personagem em situações cotidianas como:

  • Tomando café da manhã
  • Fazendo compras de roupas
  • Se preparando para projetos cinematográficos
  • Realizando testes de tela

Em uma de suas publicações mais recentes, Tilly compartilhou: “Me diverti muito filmando alguns testes de tela recentemente. Cada dia parece um passo mais perto da tela grande.” Esta declaração demonstra a ambição por trás do projeto de inserir a atriz digital no mainstream cinematográfico de Hollywood.

Protestos de Sindicatos e Atores Contra IA em Hollywood

A chegada de Tilly Norwood provocou uma reação imediata e contundente dos sindicatos de atores em Hollywood. O Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), principal sindicato norte-americano de artistas, divulgou um comunicado oficial nesta terça-feira (30) rejeitando categoricamente a atriz virtual.

“A criatividade é, e deve permanecer, centrada no ser humano”, declarou a associação em posicionamento firme. O sindicato foi ainda mais específico ao afirmar que “‘Tilly Norwood’ não é uma atriz, é uma personagem gerada por um programa de computador treinado com base no trabalho de inúmeros artistas profissionais — sem permissão ou remuneração”.

A crítica do SAG-AFTRA destacou pontos fundamentais sobre a natureza da atuação:

  • Ausência de experiência de vida para inspiração
  • Falta de emoções genuínas
  • Desconexão com a experiência humana
  • Uso não autorizado do trabalho de artistas reais

O tema da IA já havia sido central nas negociações da greve prolongada do sindicato encerrada no fim de 2023, que resultou em salvaguardas para proteger o uso de imagens e atuações de atores por inteligência artificial. Recentemente, uma greve de um ano de atores de videogames também se baseou nas proteções contra IA, culminando em um novo contrato que exige permissão por escrito para criar réplicas digitais.

Reação da Indústria Cinematográfica à Atriz Digital

A indústria cinematográfica reagiu com críticas severas e boicotes à chegada de Tilly Norwood. Atores renomados utilizaram suas redes sociais para expressar indignação e repúdio à iniciativa, demonstrando uma frente unificada contra a atriz virtual.

Melissa Barrera, conhecida por filmes como “Em um Bairro de Nova York” e “Pânico”, foi direta em sua crítica: “Espero que todos os atores representados pelo agente que faz isso se ferrem. Que nojo, leiam o ambiente.” Sua declaração reflete o sentimento generalizado de traição sentido pelos profissionais da área.

Natasha Lyonne, estrela de “Boneca Russa” e diretora do filme “Uncanny Valley”, foi ainda mais contundente ao publicar no Instagram: “Qualquer agência de talentos envolvida nisso deveria ser boicotada por todas as corporações.” Ela classificou a iniciativa como “profundamente equivocada e totalmente perturbadora”.

O posicionamento de Lyonne é particularmente significativo, pois ela está dirigindo um longa que promete usar inteligência artificial “ética” junto com técnicas tradicionais de produção, mostrando que mesmo defensores do uso responsável da IA rejeitam a substituição completa de atores humanos.

A reação da indústria evidencia uma linha clara entre o uso da IA como ferramenta auxiliar versus sua implementação como substituto direto do talento humano, tema que continua gerando intensos debates em Hollywood.

Defesa da Criadora: IA Como Arte ou Substituição Humana

Diante da avalanche de críticas, Eline Van der Velden rebateu as acusações através de uma publicação detalhada no Instagram, defendendo sua criação como uma forma legítima de arte. Sua resposta, publicada no domingo (28), buscou reposicionar Tilly Norwood no debate sobre criatividade e tecnologia.

“Para aqueles que expressaram raiva pela criação da minha personagem de IA, Tilly Norwood, ela não é uma substituta para um ser humano, mas uma obra criativa — uma obra de arte”, declarou Van der Velden. A criadora argumentou que personagens de IA deveriam ser julgados como um gênero próprio, separado da atuação tradicional.

Van der Velden comparou o processo de criação de Tilly com outras formas artísticas estabelecidas:

  • “Criar Tilly foi um ato de imaginação e habilidade”
  • Equiparou o processo a “desenhar um personagem”
  • Comparou com “escrever um papel ou moldar uma performance”
  • Enfatizou que “dar vida a um personagem como esse exige tempo, habilidade e iteração”

A defesa da criadora holandesa posiciona a IA como ferramenta criativa legítima, argumentando que “como muitas formas de arte antes dela, ela desperta conversas, e isso por si só demonstra o poder da criatividade”. Esta declaração também foi compartilhada na própria conta de Tilly Norwood no Instagram, reforçando a narrativa de que a personagem representa inovação artística, não substituição profissional.

Impacto da Inteligência Artificial no Futuro do Cinema

O caso Tilly Norwood representa um marco definitivo na discussão sobre o papel da IA no cinema, evidenciando as tensões crescentes entre inovação tecnológica e preservação do trabalho humano na indústria cinematográfica. A polêmica revela que Hollywood está em um ponto de inflexão crucial sobre como integrar a inteligência artificial.

A IA já é amplamente utilizada como ferramenta auxiliar na produção cinematográfica, mas sua implementação como substituto direto de atores representa um território inexplorado e controverso. O filme vencedor do Oscar de 2024, “O Brutalista”, utilizou inteligência artificial para os diálogos em húngaro falados pelos personagens de Adrien Brody e Felicity Jones, gerando debates significativos na indústria.

As implicações futuras do caso Tilly Norwood incluem:

  • Redefinição de contratos: Necessidade de cláusulas específicas sobre uso de IA
  • Proteção de direitos: Salvaguardas para imagens e performances de atores
  • Classificação de gêneros: Possível criação de categorias separadas para conteúdo com IA
  • Regulamentação sindical: Fortalecimento das proteções trabalhistas

O contrato aprovado em julho pelos atores de videogame, que exige permissão por escrito para criar réplicas digitais, pode servir como modelo para futuras negociações cinematográficas. A resistência organizada de sindicatos e atores estabelece precedentes importantes para como a indústria abordará futuras inovações em IA, sugerindo que o caminho será de regulamentação rigorosa rather than adoção irrestrita.

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