O Google ainda não anunciou oficialmente o Gemini 3.0, mas tudo indica que a nova geração do modelo de inteligência artificial da empresa já está em testes com parte dos usuários do aplicativo móvel Gemini. Relatos em fóruns de desenvolvedores, vazamentos de código e comparações práticas apontam para um “lançamento sombra” do Gemini 3 dentro do recurso Canvas do app, em iOS e Android.
Na prática, o usuário continua vendo o rótulo “Gemini 2.5 Pro”, mas recebe respostas muito mais complexas em tarefas de programação, simulação e criação de páginas web. Esse comportamento é como um teste silencioso de produção, em que o Google mede desempenho em escala real antes de fazer o anúncio oficial do Gemini 3.0.
O movimento acontece em um momento em que a disputa entre Big Techs por modelos cada vez mais potentes se intensifica. O Gemini 3 é a principal aposta do Google para disputar protagonismo com o GPT da OpenAI e com modelos da Anthropic, Meta e outras empresas, depois de uma sequência de lançamentos considerados tímidos em relação aos concorrentes.
Teste escondido no Canvas do app Gemini
Nas redes sociais e blogs de desenvolvedores convergem em um ponto: o suposto Gemini 3 só aparece, por enquanto, dentro do Canvas, espaço do app Gemini voltado a código, documentos e experimentos multimodais. Usuários relatam que, ao escolher “Gemini 2.5 Pro” nesse modo, o desempenho salta de patamar em comparação com a mesma opção na versão web.
O processo silencioso (silent rollout) fez a comunidade começar a desconfiar da mudança ao notar que prompts idênticos geravam resultados bem superiores no app móvel em relação ao navegador, especialmente em tarefas de front-end avançado, SVG animado e geração de jogos em 3D com bibliotecas como Three.js.
O que muda com o Gemini 3
Embora o Google não tenha divulgado especificações oficiais do Gemini 3, a combinação de vazamentos técnicos e relatos de uso permite montar um quadro provisório do que está sendo testado. Textos como o da Apidog e análises independentes compilam alguns pontos em comum.
Em primeiro lugar, o Gemini 3 segue a linha multimodal da família Gemini, com um único modelo capaz de processar texto, imagens, vídeo e código. Desenvolvedores que compararam as versões relatam avanços claros em raciocínio de múltiplas etapas: o sistema é capaz de resolver problemas longos em uma única interação, sem depender de dezenas de repetições, algo próximo do que o setor chama de “one shot”.
Nos testes publicados por usuários, o Gemini 3 produz páginas web completas em HTML, CSS e JavaScript, já com animações, efeitos de rolagem e responsividade, em uma única resposta. Em outros casos, gera simulações físicas em 2D que, após um pedido de refinamento, são reescritas em 3D, com cálculo de gravidade, colisão e interação por toque. A comparação com modelos anteriores do próprio Google mostra um salto de qualidade que dificilmente caberia apenas na etiqueta “2.5”.
Como usuários já estão acessando o suposto Gemini 3
Uma parte do debate público se concentra justamente na forma como esse acesso antecipado está acontecendo. Textos técnicos em português, como o guia publicado pela Apidog, circulam como referência entre desenvolvedores que querem “forçar” o encontro com o Gemini 3. Em resumo, o passo a passo que a comunidade tem usado é o seguinte:
- instalar ou atualizar o aplicativo Gemini em um celular Android ou iOS;
- abrir o app, acessar as configurações e ativar o modo Canvas, que libera uma área própria para código e documentos interativos;
- criar um novo Canvas e selecionar “Gemini 2.5 Pro” como modelo principal;
- enviar prompts mais pesados, como pedido de página web com design complexo e animações, ou simulações físicas com gráficos em tempo real;
- comparar o resultado com a mesma tarefa executada na interface web tradicional do Gemini.
Quando o app está em uma das ondas de teste do Gemini 3, a diferença aparece com facilidade: o Canvas móvel entrega código mais limpo, animações que funcionam logo na primeira tentativa e respostas menos repetitivas. Se o usuário não estiver no grupo de teste, o comportamento é parecido com o do Gemini 2.5 Pro conhecido.
É importante registrar um ponto: nada disso substitui documentação oficial. Trata-se de um mosaico de evidências construído por usuários, blogs e sites de especialista de tecnologia que vêm monitorando o comportamento do app, examinando logs de rede e comparando saídas. O Google, até agora, não publicou uma linha sequer admitindo que o nome “Gemini 3.0” já está em produção para o público geral.
Big Tech, governo dos EUA e modelo quase de graça
O teste silencioso do Gemini 3 acontece em paralelo a outra frente estratégica do Google: a expansão agressiva da família Gemini dentro do governo dos Estados Unidos. Em agosto, a empresa anunciou o pacote “Gemini for Government”, criado em parceria com a agência federal GSA, com acesso a modelos de IA, agentes automáticos e infraestrutura em nuvem por valores simbólicos, inferiores a um dólar por órgão durante o primeiro ano.
Nos comunicados oficiais mostram que o pacote inclui busca corporativa, geração de imagens e vídeos, assistentes para pesquisa e produção de relatórios e integração com o ecossistema Google Cloud. A mensagem central é clara: colocar o Gemini como camada padrão de IA na máquina pública norte-americana, em sintonia com o plano de IA do governo Trump e com a disputa geopolítica com a China.
A Revista Fórum já mostrou como essas ofertas “quase de graça” funcionam como porta de entrada para dependência tecnológica profunda, em um cenário em que governos passam a estruturar rotinas, decisões e arquivos críticos sobre plataformas controladas por poucas corporações privadas. No caso do Gemini 3, a combinação de testes ocultos com expansão agressiva no setor público acende um alerta adicional sobre assimetria de poder e transparência.
Impactos para trabalho, educação e debate público
Do ponto de vista da vida cotidiana, um salto de capacidade como o prometido pelo Gemini 3 não é neutro. Modelos mais fortes em programação, produção de texto e criação de conteúdo multimídia tendem a acelerar a automação de tarefas repetitivas, pressionando ainda mais o trabalho de jornalistas, designers, programadores e profissionais de educação, em um contexto em que a regulação do trabalho mediado por IA segue atrasada.
Na educação, a disputa entre plataformas de IA já vem reconfigurando a forma como estudantes pesquisam, fazem resumos e escrevem trabalhos. Modelos mais poderosos, com memória longa e respostas cada vez mais “humanas”, podem reforçar a tendência de terceirização do pensamento crítico para sistemas opacos treinados com dados globais e enviesados.
No campo político, o avanço do Gemini 3 se soma à proliferação de modelos de imagem e vídeo capazes de produzir conteúdo hiper-realista em escala. Em ambientes de desinformação, isso significa campanhas mais baratas, segmentadas e difusas, com robôs capazes de dialogar, argumentar e simular empatia em conversas privadas. Além das empresas dos chamados vibe coders como a do “campeonato de cortes” que produziu um aplicativo de cortes de vídeos automatizados e foi utilizado para impulsionar de forma irregular o governador de SP.
o anúncio oficial que vem aí
A essa altura, a dúvida não é se o Gemini 3 existe, mas quando o Google vai assumir o nome e abrir o modelo de forma explícita. Especialistas do setor e casas de apostas apontam que a empresa prepara um anúncio ainda em 2025, com direito a variantes Pro, Flash e Nano, além de integração mais profunda com produtos como Workspace, Chrome e Android. Enquanto isso, segue apostando no velho recurso corporativo de testar primeiro, explicar depois.
Nas redes sociais, o CEO do Google e da Alphabet, Sundar Pichai, fez uma postagem sobre o assunto, aumentando ainda mais as expectativas da comunidade.
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