Governador de Minas deu declaração ao comentar a PEC da Segurança Pública; tom destoou de outros gestores estaduais do Sul e Sudeste
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta 6ª feira (9.ago.2024) ter “muito receio de um governo que parece gostar de proteger bandidos”, em referência à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A crítica foi feita depois de reunião dos governadores do Sul e do Sudeste com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O ministro apresentou as principais diretrizes da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Segurança Pública, mas não divulgou o texto da medida.
Segundo o Poder360 apurou, o ministro justificou, na reunião fechada com os governadores, considerar que seria uma falta de cortesia e respeito com o presidente apresentar o texto antes do seu aval definitivo.
“Eu tenho muito receio de um governo que parece que evita punir exemplarmente quem é criminoso, como é feito em Minas. Em Minas, invasão de terra não será tolerada, criminoso será punido com o maior rigor da lei. E eu tenho muito receio de um governo que parece gostar de proteger bandidos, e não a sociedade que é vítima”, disse Zema.
O governador afirmou que o discurso de Lewandowski “foi bonito”, mas que vai aguardar a publicação do conteúdo da proposta para decidir seu apoio. “Eu gosto muito de texto porque geralmente, quando se fala, pode se tocar só nos pontos positivos e não incluir outros que são esquecidos. Como bom mineiro pé no chão, vamos aguardar todo o texto”, disse.
O tom da fala de Zema destoou das declarações dos outros governadores, que disseram compreender as razões do ministro para aguardar a divulgação da proposta, que ainda deve sofrer alterações.
“Se um secretário meu apresentasse uma proposta antes de passar por mim, eu também ficaria chateado. Então, acho que a atitude do ministro é correta”, disse o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
Na 5ª feira (8.ago), o grupo de governadores do Sul e Sudeste, formado em sua maioria por político de oposição a Lula e tendo alguns aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sinalizou apoio à PEC, inclusive Zema.
“O que queremos sempre é o diálogo. Sempre fui da opinião de que situações distintas precisam de tratamentos distintos. Não conheço a PEC em profundidade, será analisada, será debatida. E estou convicto de que o contraditório é muito bom porque, às vezes, você acaba encontrando um 3º caminho, não o das duas partes, às vezes algo até melhor. Estou confiante que esse diálogo irá prevalecer, que o Congresso irá analisar profundamente com especialistas”, disse o governador mineiro.
Zema e Castro participaram da 11ª edição do Consud (Consórcio dos Estados do Sul e Sudeste), realizado na região de Pedra Azul, no Espírito Santo. Lewandowski participou da abertura do evento, na 5ª feira (8.ago), e de reunião com os governadores nesta 6ª (9.ago) para tratar da PEC.
Participaram do evento também os governadores:
Consórcio Integrado do Sul e Sudeste
A 11ª edição do chamado Cosud é realizada de 8 a 10 de agosto na região de Pedra Azul, no Espírito Santo. Os governadores e seus secretários discutirão principalmente a necessidade de adaptação às mudanças climáticas, a reforma tributária e segurança pública, tema que teve destaque nas edições anteriores.
Serão realizadas reuniões de 14 grupos de trabalho sobre:
- Agricultura e Pecuária;
- Defesa Civil e Meio Ambiente;
- Desenvolvimento Econômico, Parcerias e Fomentos;
- Direitos Humanos, Juventude e Política para as Mulheres;
- Educação;
- Esportes;
- Governança, Procuradoria e Planejamento;
- Infraestrutura, Logística e Desenvolvimento Urbano;
- Inovação e Governo Digital;
- Saúde;
- Segurança;
- Turismo;
- Fazenda, Previdência e Controladoria;
- Cultura.
A repórter Mariana Haubert viajou ao Espírito Santo a convite do governo do Estado.