Depois de anos de expansão, os bots de IA integrados ao WhatsApp estão chegando ao fim. ChatGPT, Copilot, LuzIA, Zapia, Perplexity e outros comunicaram que sairão da plataforma devido a novas restrições impostas pela Meta. A mudança afeta desde transcrições de áudio até ferramentas de resumo e busca, e levanta questões sobre competição, regulação e o futuro da IA nas plataformas de mensagens mais populares do mundo.
A mudança de regras que virou o jogo
A Meta revisou as condições de uso do WhatsApp Business e agora proíbe, de maneira explícita, que tecnologias de IA ou aprendizado de máquina sejam oferecidas quando constituem a “funcionalidade principal” de um serviço no aplicativo.
Isso impede que bots conversacionais — como ChatGPT, Copilot ou LuzIA — funcionem como contatos dentro do mensageiro. Segundo a empresa, a API do WhatsApp Business foi criada apenas para permitir que empresas conversem com clientes, enviem notificações e ofereçam suporte, e não para servir como uma plataforma de distribuição de IA para o público em massa.
Embora a regra só entre em vigor de forma definitiva em janeiro de 2026, várias empresas já começaram a se retirar e comunicar seus usuários.
Por que a Meta decidiu barrar os bots

A principal motivação é estratégica: os bots independentes facilitavam o acesso a IAs concorrentes dentro de um ambiente onde a Meta deseja promover sua própria solução, o Meta AI.
Com mais de 3 bilhões de usuários, o WhatsApp se tornou um canal poderoso de distribuição — e permitir que concorrentes oferecessem serviços de IA gratuitamente dentro da plataforma criava um desequilíbrio competitivo.
Ao barrar bots externos, a Meta passa a controlar a experiência, elimina a concorrência direta dentro do aplicativo e direciona usuários para o Meta AI e para serviços empresariais pagos.
Reações das empresas e medidas legais
A decisão provocou forte descontentamento, especialmente na América Latina e na Europa, onde bots como Zapia e LuzIA se tornaram extremamente populares.
Zapia e LuzIA, por exemplo, iniciaram ações judiciais no Brasil e na União Europeia alegando possível violação das normas de concorrência. Pedem liminares para continuar operando no WhatsApp enquanto o caso é analisado.
A denúncia aponta que, ao bloquear chatbots independentes, a Meta estaria abusando de sua posição dominante para favorecer seu próprio produto de IA.
O que acontece com cada serviço

ChatGPT
OpenAI confirmou que deixará o WhatsApp em 15 de janeiro de 2026. Recomendam migrar conversas para os apps oficiais de ChatGPT (iOS, Android, Web). Não será possível transferir automaticamente o histórico.
Copilot (Microsoft)
Também sairá em janeiro de 2026. A Microsoft cita diretamente as novas regras do WhatsApp. Usuários deverão usar Copilot nos apps oficiais, como Windows, web e mobile.
Zapia
Um dos bots mais usados da Argentina e do Brasil para transcrição de áudio. Encerra o serviço no WhatsApp em 22 de dezembro e recomenda baixar seu aplicativo próprio.
LuzIA
Não publicou anúncio formal, mas participa de ações legais contra a Meta e também terá de deixar a plataforma até 2026. Continuará ativa via app.
Perplexity AI, Poke e Yestoki (ex-Dola)
Informaram que deixarão o WhatsApp no mesmo prazo, ainda que sem comunicados extensos ao público.
O impacto para o usuário
Para muitos, a saída é frustrante: o WhatsApp tornou o acesso à IA simples, sem necessidade de instalar apps ou criar contas adicionais.
Serviços como transcrição, resumo de PDFs, consultas rápidas, lembretes automáticos e geração de conteúdo se popularizaram justamente pela praticidade de conversar com um bot como se fosse um amigo no celular.
Com o bloqueio:
- bots externos não poderão mais usar a infraestrutura do WhatsApp;
- quem quiser oferecer IA terá de pagar por integração empresarial ou migrar para aplicativos próprios;
- o WhatsApp passa a ser território exclusivo do Meta AI.
O futuro da IA no WhatsApp
A Meta já testa integração profunda do Meta AI no aplicativo, incluindo:
- geração de imagens dentro do chat,
- respostas inteligentes,
- busca conversacional,
- recursos multimodais.
Sem concorrência direta dentro do app, a empresa aposta em transformar o WhatsApp numa central de IA proprietária — semelhante ao que o Telegram faz, mas com controle muito maior.
Conclusão
A saída de ChatGPT, Copilot, LuzIA, Zapia e outros não é um problema técnico — é uma decisão estratégica de plataforma. A Meta reorganiza o ecossistema do WhatsApp para privilegiar seu próprio assistente, enquanto empresas afetadas lutam para manter sua presença em um ambiente onde competiam de igual para igual.
A disputa agora segue em duas frentes: nos tribunais e na corrida para conquistar usuários fora do WhatsApp.
[ Fonte: La Nación ]

