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Ética e regulação na Inteligência Artificial em Saúde da Mulher: Destaques da sessão

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O segundo dia do Summit FEBRASGO – Inovação em Ginecologia e Obstetrícia, realizado neste sábado (06/12), no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, promoveu aulas e debates sobre o papel da Inteligência Artificial na Medicina e seus impactos na prática clínica.

A Sessão 01 trouxe ao palco o tema “Ética, Inteligência Artificial e Prática Médica”. O Prof. Dr. Chao Lung Wen, Professor da Faculdade de Medicina da USP e Chefe da Disciplina de Telemedicina, abriu os trabalhos abordando “Ética e Regulamentação no Uso da IA em Saúde da Mulher”.  Ao longo da exposição, o especialista destacou que a Inteligência Artificial vem assumindo um papel cada vez mais profundo nos fluxos de trabalho da Medicina. Segundo ele, a IA “simula atributos cognitivos humanos, apenas simula”, reforçando que, apesar dos avanços, a tecnologia não substitui o julgamento clínico profissional.

Um dos pontos centrais da apresentação foi a necessidade urgente de diretrizes claras, que assegurem segurança, padronização, ética e proteção ao paciente. “O foco deve ser uma IA responsável, sempre centrada na pessoa, com supervisão humana obrigatória”, ressaltou o professor. Ele também abordou o papel regulatório da Anvisa, que segue ampliando normas e exigências para o uso seguro de soluções tecnológicas no ambiente clínico.

Dr. Chao alertou que, antes de adotar qualquer plataforma de IA, é fundamental avaliar o grau de confiabilidade do sistema, entendendo seus limites e potenciais riscos. Atualmente, existem 46 projetos de lei em tramitação no Brasil voltados à regulamentação da Inteligência Artificial na Medicina, evidenciando a preocupação crescente com padrões de segurança.

A segunda palestra da manhã, intitulada “Deskilling na Medicina: entre inovação e dependência tecnológica”, foi conduzida pelo Dr. Sérgio Podgaec, vice-presidente da Região Sudeste da FEBRASGO, que trouxe uma reflexão essencial sobre os limites e riscos da incorporação acelerada de tecnologias no cuidado em saúde. O especialista explicou sobre o fenômeno do deskilling, que consiste na perda ou redução de habilidades clínicas à medida que profissionais passam a depender excessivamente de sistemas automatizados para diagnóstico, e tomada de decisão ou execução de tarefas.

Embora reconheça os avanços proporcionados pela Inteligência Artificial, o médico alertou para o chamado “paradoxo da inovação”: ao mesmo tempo em que essas ferramentas ampliam a precisão e a segurança, podem, se mal utilizadas, reduzir a capacidade autônoma de raciocínio clínico. “Os ganhos da IA são inegáveis, mas precisamos ter cuidado para não diminuir a expertise humana. Confiar excessivamente numa ferramenta pode diminuir a capacidade crítica do especialista. A responsabilidade do médico é intransferível”, conclui.

O impacto no ensino médico também foi enfatizado pelo palestrante. “Não podemos deixar que os nossos alunos dependam demais da IA. A formação médica exige autonomia, análise crítica e domínio das habilidades essenciais”, alertou. Dr. Sérgio reforçou que, apesar da utilidade das novas tecnologias, elas devem ser incorporadas como apoio, e nunca como substituição do julgamento humano. “Essas ferramentas vão ajudar; só temos que tomar cuidados para não prejudicar o paciente”, completou.

A programação seguiu com a palestra “Inovação incremental vs. disruptiva: como tendências tecnológicas podem moldar a prática médica”, apresentada pelo Dr. Thiago Liguori Feliciano da Silva, cardiologista e CEO de uma empresa de tecnologia. O médico explicou que a Inteligência Artificial tem atuado na Medicina em três principais frentes, cada uma trazendo impactos diretos no trabalho dos profissionais e no atendimento ao paciente. A primeira é a interação com o paciente, que inclui agendamentos automatizados, preparo para exames, orientações básicas e monitoramento. A segunda envolve tarefas administrativas, como processamento de guias, organização de agendas e gestão de faturamento, que podem se tornar mais rápidas e precisas com o uso da IA. Já a terceira frente é o suporte ao médico, com ferramentas como co-pilotos clínicos, sistemas de transcrição e recursos que auxiliam na interpretação de dados e na tomada de decisões.

Ao final da sessão, o Dr. Marcelo Luis Steiner, diretor financeiro da FEBRASGO, destacou a relevância do debate e o impacto das novas tecnologias na prática médica. “A mensagem principal é que os médicos precisam ser educados sobre as tecnologias que estão chegando e entender que seu uso envolve muita responsabilidade. Não é algo separado: será uma interação híbrida entre tecnologia e médico. Essas habilidades serão desenvolvidas ao longo do tempo, e a FEBRASGO está inovando ao trazer essa discussão para que possamos amadurecê-la o mais rapidamente possível”, afirmou.

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