A discussão sobre Inteligência Artificial tornou-se frequente no ambiente corporativo, mas a implementação prática de treinamentos ainda caminha a passos lentos. Um levantamento recente da Microsoft expõe um cenário contraditório: enquanto 85% dos líderes empresariais reconhecem a necessidade urgente de aprimorar os conhecimentos de suas equipes para manter a competitividade, a realidade operacional é distinta.
Os dados apontam que apenas 39% dos colaboradores estão efetivamente recebendo capacitação para utilizar essas tecnologias no cotidiano. Essa discrepância sugere barreiras variadas, que vão desde o desconhecimento dos gestores sobre as opções de treinamento até a falta de tempo ou recursos para priorizar o aprendizado na rotina de trabalho.
No entanto, em um mercado onde a automação e a Inteligência Artificial generativa já substituem certas funções, o conhecimento técnico torna-se um ativo indispensável para a qualificação da mão de obra.
Everyday Learning como solução para a lacuna de conhecimento
Para mitigar esse abismo entre a necessidade estratégica e a prática, especialistas sugerem novas abordagens pedagógicas. Helena Fragomeni, CEO e fundadora da Hands-on — uma edtech que utiliza Inteligência Artificial para acelerar cursos personalizados —, aponta o “Everyday Learning” (aprendizado de todo dia) como o caminho mais coerente.
“Na prática corporativa, significa transformar aprendizado em um hábito organizacional, com espaços, tempo e ferramentas para isso. O colaborador estuda algo novo sempre que precisar resolver uma demanda, com conteúdos curtos, relevantes e aplicáveis”, explica Fragomeni.
Adaptabilidade e o futuro das carreiras com a tecnologia
Do ponto de vista do profissional, a Inteligência Artificial impõe um novo ritmo de desenvolvimento. A “vida útil” de uma competência técnica, que antes garantia estabilidade por até 10 anos, encolheu drasticamente para um intervalo de 2 a 5 anos. A aceleração tecnológica exige que os talentos renovem seus repertórios constantemente para evitar a obsolescência.
Helena Fragomeni destaca que a visão sobre a ferramenta deve mudar.
“Pessoas que enxergam a inteligência artificial como uma tecnologia que, além de apoiar o trabalho, também ensina, já entenderam o senso de adaptabilidade que os negócios esperam. Nos setores de inovação, como tecnologia e educação digital, o crescimento profissional depende diretamente da capacidade de se reinventar. A cada novo ciclo tecnológico, surge um conjunto de competências inéditas”, destaca a especialista.
Ao final, a consolidação da Inteligência Artificial não visa apenas a redução de tarefas repetitivas, mas sim uma reestruturação do trabalho. Ao assumir esforços que antes eram manuais, a tecnologia convida os profissionais a focarem no que não pode ser automatizado: a criatividade, a análise profunda e a visão estratégica.
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