O lançamento da criptomoeda “Unit” pelos BRICS marca um momento histórico na economia mundial. Com 40% do seu valor lastreado em ouro físico e o restante garantido por uma pacote de moedas nacionais dos países integrantes, esta moeda foi concebida para ser estável, segura e com potencial real de desafiar o domínio global do dólar.
A desdolarização não é um conceito novo para o grupo, mas a “Unit” materializa uma ambição antiga. Com a adesão da Indonésia em 2025, o bloco passa a representar quase 50% da população mundial, mais de 40% do PIB global em paridade de poder de compra e quase metade da produção mundial de petróleo. Comparativamente, o G7 cobre apenas 10% da população, 30% do PIB e 25% da produção petrolífera. Estes números traduzem-se em poder económico e político real.
O contexto histórico do BRICS também importa. Desde a sua criação em 2006, com Brasil, Rússia, Índia e China, e a entrada da África do Sul em 2010, o grupo reforçou gradualmente a sua capacidade de influenciar o comércio e as finanças globais. Em 2024, Egito, Etiópia, Irão e Emirados Árabes Unidos juntaram-se ao bloco, com a Indonésia a seguir em 2025. Este crescimento reflete a ambição de transformar a “Unit” numa alternativa credível ao dólar.
A Unit surge num momento em que os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, ameaçam aplicar tarifas severas sobre os membros do BRICS caso a ideia de “desdolarização” ganhe tração. Mas é precisamente essa pressão que poderá consolidar a determinação do bloco. Mais do que uma simples criptomoeda, a “Unit” simboliza uma redistribuição de poder global, ao reduzir a dependência do dólar e ao desafiar o sistema financeiro internacional tradicional, no qual os EUA beneficiam automaticamente do estatuto da sua moeda.
Para investidores e empresas, 2026 poderá ser o ano em que estratégias globais terão de ser recalibradas. A “Unit” oferece segurança, com lastro em ouro e moedas fortes, e escala, com potencial de utilização em transações que envolvem quase metade do planeta. Para o dólar americano, o impacto poderá ser disruptivo, forçando ajustes de política monetária, reservas internacionais e negociações comerciais.
A questão central é complexa e não se cinge à dimensão monetária. A hegemonia do dólar não é apenas económica, mas política. Se a “Unit” prosperar, Estados Unidos e aliados enfrentarão a necessidade de repensar o seu papel e o modelo de transações internacionais que durante décadas lhes conferiu vantagem automática. Em 2026, a “Unit” poderá não ser apenas uma moeda. Poderá ser um indicador da mudança de equilíbrio no sistema económico global
Como servidor público com mais de 16 anos de experiência, vejo a desdolarização como um tema de extrema importância para o nosso país. A possibilidade da Unit (Unidade Real de Valor) substituir o dólar em transações internas e externas pode trazer benefícios significativos para a economia brasileira.
É essencial refletirmos sobre como essa mudança pode impactar nossa vida financeira e abrir novas oportunidades de investimento e captação de recursos. A desdolarização em 2026 pode ser um passo importante para fortalecer nossa moeda e reduzir a dependência do mercado internacional.
Portanto, é fundamental estarmos atentos às discussões e pesquisas sobre o assunto, a fim de compreendermos melhor as implicações e possibilidades que a desdolarização pode trazer. Cabe a cada um de nós buscar informações e analisar de forma crítica os cenários futuros, a fim de aproveitar ao máximo as oportunidades que possam surgir.
