Cientista de dados, especialista em inteligência artificial, profissional de cibersegurança, consultor de ESG, psicólogo organizacional. A lista de profissões que despontam como promissoras para 2026, segundo a pisicóloga organizacional Camilla Terra, tem algo em comum: nenhuma delas depende apenas de conhecimento técnico. Na sua opinião, o mercado vive uma virada clara na forma de avaliar talentos, priorizando profissionais capazes de combinar tecnologia e comportamento humano.
“O mercado deixou de buscar apenas especialistas técnicos e passou a valorizar profissionais híbridos”, afirma. Para ela, o profissional de 2026 precisa dominar dados, inteligência artificial ou automação, mas também interpretar contextos, tomar decisões éticas, se comunicar bem e lidar com a complexidade humana. “A tecnologia virou meio; o diferencial competitivo continua sendo humano.” A seguir a lista de profissões que se destacarão em 2026, de acordo análise da psicóloga.
As profissões que devem ganhar força em 2026
- Cientistas e analistas de dados: O uso intensivo de dados nas decisões empresariais mantém esses profissionais em alta. No entanto, Camilla alerta que o diferencial não está apenas nas ferramentas. O mercado busca profundidade analítica, visão estratégica e capacidade de transformar dados em decisões responsáveis.
- Especialistas em inteligência artificial e machine learning: A expansão da IA cria demanda por profissionais capazes de aplicar tecnologia com critério. Segundo Camilla, há uma distância entre a quantidade de cursos oferecidos e a formação consistente exigida pelas empresas, o que mantém o déficit de profissionais bem preparados.
- Profissionais de cibersegurança e governança de dados: Com a ampliação do uso de dados e das exigências regulatórias, cresce a necessidade de especialistas que garantam segurança, governança e responsabilidade ética no tratamento das informações.
- Especialistas em sustentabilidade, ESG e economia verde: A sustentabilidade deixou de ser apenas pauta institucional e passou a integrar a estratégia dos negócios. Para Camilla, trata-se de uma área com grande demanda, especialmente para profissionais que compreendam impacto, responsabilidade e visão de longo prazo.
- Psicólogos organizacionais e consultores de bem-estar no trabalho: O espaço desses profissionais cresce à medida que as empresas reconhecem os custos do adoecimento emocional. “Burnout, turnover e conflitos silenciosos custam caro, financeiramente e culturalmente”, afirma. Segundo ela, o psicólogo organizacional hoje atua em clima, performance, liderança, tomada de decisão e cultura. O cuidado com a saúde mental, reforça, passou a ser indicador de gestão e ganhou respaldo legal com a NR-1.
- Consultores de transformação digital e cultura organizacional: À medida que as empresas enfrentam mudanças constantes, cresce a demanda por profissionais capazes de apoiar processos de transformação sem perder de vista as pessoas e a cultura.
- Curadores de conteúdo digital e estrategistas de comunicação: Em um ambiente de excesso de informação, ganha espaço quem sabe organizar narrativas, interpretar contextos e gerar comunicação estratégica alinhada aos objetivos do negócio.
- Profissionais de experiência do usuário (UX/UI): A experiência do usuário passa a ser central em produtos e serviços digitais, exigindo profissionais que compreendam comportamento, usabilidade e tomada de decisão.
- Gestores de inovação e transição de carreira: A velocidade das mudanças cria espaço para profissionais que atuam apoiando pessoas e organizações em processos de adaptação, reposicionamento e evolução profissional.
Por que essas carreiras continuam longe da saturação
Apesar do crescimento de cursos e formações, Camilla avalia que o Brasil ainda está longe de formar profissionais suficientes, especialmente com preparo aprofundado. “O risco não é saturação de talentos, é saturação de profissionais com formação superficial”, afirma. Segundo ela, quem investe em consistência, visão de negócio, responsabilidade ética e atualização contínua terá espaço por muitos anos.
Para além da formação técnica, as empresas passaram a avaliar competências humanas de forma mais objetiva. Segundo Camilla, habilidades como adaptabilidade, empatia e pensamento crítico são observadas no comportamento real, e não apenas no discurso.
Avaliações situacionais, entrevistas por competência, feedbacks estruturados e análise da tomada de decisão sob pressão fazem parte dos processos seletivos. “As empresas querem ver como o profissional reage, aprende com erros, se comunica em ambientes diversos e lida com decisões ambíguas”, explica.
O que fazer agora para não ficar para trás
Para quem olha para 2026 com insegurança, Camilla defende uma estratégia combinada. “Aprender algo novo sem propósito gera frustração; reposicionar sem preparo gera insegurança; mudar a forma de trabalhar sem autoconhecimento gera desgaste”, afirma.
Segundo ela, o profissional que terá espaço nos próximos anos é aquele que entende seus talentos, investe em aprendizado contínuo e se adapta sem perder identidade. “Mais do que mudar de área, é preciso evoluir a forma de gerar valor.”
Maturidade tecnológica
O relatório Future of Jobs do Fórum Econômico Mundial projeta que até 2027 cerca de 23% das ocupações globais passarão por transformações profundas, com um saldo positivo de criação de vagas em áreas voltadas à sustentabilidade (ESG) e cibersegurança. Para o Fórum, o “profissional do futuro” em 2026 é aquele que investe no aprendizado contínuo (lifelong learning), priorizando competências comportamentais como resiliência, flexibilidade e pensamento crítico. Essas soft skills são apontadas como o principal escudo contra a automação, permitindo que o humano foque em tarefas de alta complexidade e liderança que as máquinas ainda não conseguem replicar.
De acordo com o Guia Salarial 2026 da Robert Half, o mercado de trabalho brasileiro entra em uma fase de “maturidade tecnológica”, onde a Inteligência Artificial deixa de ser um diferencial para se tornar um requisito básico em setores como Jurídico, Finanças e Marketing. O estudo destaca que, embora as competências técnicas (hard skills) em análise de dados e automação continuem impulsionando salários, a grande aposta para 2026 está na capacidade humana de gerenciar essas ferramentas; profissionais que combinam domínio técnico com visão estratégica e ética no uso da IA são os mais disputados em um cenário de escassez de talentos qualificados.
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