A OpenAI deu um passo que há muito se antecipava: transformar o ChatGPT numa verdadeira plataforma, onde aplicações de terceiros convivem com o assistente e ampliam o que é possível fazer numa única janela de conversa.
Para quem usa o chatbot no dia a dia, isto significa menos saltos entre separadores, menos copy-paste e mais tarefas concluídas sem sair do mesmo sítio. Para quem desenvolve software, abre-se um novo canal de distribuição com potencial para chegar a milhões de utilizadores.
Como funciona na prática
Dentro do ChatGPT, surgiu um novo botão “Apps” na barra lateral. É a porta de entrada para a biblioteca de aplicações, organizada por categorias como Destaques, Estilo de Vida e Produtividade. Depois de ligar uma app à sua conta, basta invocá-la nas conversas com o formato @nomeDaApp. A partir daí, o ChatGPT coordena o pedido: pode pedir uma sugestão, preencher detalhes em linguagem natural e deixar que a app execute a ação.
Pense em tarefas do quotidiano: marcar uma mesa num restaurante, verificar horários de transporte, encomendar uma refeição ou comparar preços antes de comprar um gadget. Em vez de saltar entre sites, descreve a intenção, dá os parâmetros necessários e a app trata do resto — sempre dentro do fluxo da conversa.


O que ganha o utilizador
A grande vantagem é a continuidade. A conversa passa a ser a interface que orquestra tudo, sem o peso de formulários e menus tradicionais. Se estiver a planear uma escapadinha, pode pedir recomendações, consultar disponibilidade, reservar e receber confirmações, tudo em sequência. No trabalho, pode ligar apps de produtividade para gerar um resumo, criar uma tarefa, atualizar um documento e partilhar com a equipa, sem perder o contexto.
O modelo também reduz a fricção na descoberta. Ao navegar pela loja, encontra apps curadas por categoria; quando precisar delas, basta referi-las com @, como se chamasse um colega à conversa. É um padrão simples de memorizar e rápido de usar, tanto no desktop como no telemóvel.
Oportunidades para programadores
Para programadores, a novidade é dupla: há submissão de apps para revisão e publicação na biblioteca, e há a possibilidade de ligar a experiência conversacional a serviços externos, incluindo sites próprios. Isto significa que uma app no ChatGPT pode ser uma montra, um ponto de interação e, em muitos casos, um canal de conversão.
A OpenAI permite que as apps encaminhem o utilizador para concluir a compra de bens físicos no site do fornecedor. Estão também a trabalhar no suporte a compras de produtos digitais, o que pode vir a simplificar subscrições, upgrades e microtransações diretamente a partir do chat. Para startups e equipas independentes, é uma forma de alcançar utilizadores com menor custo de aquisição, beneficiando do tráfego e da confiança já presentes na plataforma.
Compras e transações dentro da conversa
A integração com sites externos para concluir compras é particularmente interessante para o comércio eletrónico. Imagine descrever um orçamento para equipamento de escritório, receber opções que cumprem os requisitos, comparar condições de entrega e finalizar a encomenda, tudo mediado por linguagem natural. O mesmo se aplica a bilhetes, experiências, serviços de limpeza ou manutenção.
Para já, as compras de bens físicos são encaminhadas para o ambiente do fornecedor, o que preserva os fluxos de pagamento já auditados. Quando chegar o suporte para produtos digitais, deverá tornar-se ainda mais fluido: adquirir um curso, ativar um plug‑in ou desbloquear funcionalidades poderá passar a ser tão simples como confirmar numa mensagem.
Privacidade, segurança e controlo
Abrir a porta a apps dentro de um assistente implica perguntas óbvias: que dados são partilhados, quem vê o quê e como revogar acessos. A experiência foi desenhada para pedir consentimento explícito quando uma app necessita de dados da conversa ou de permissões adicionais. É crucial ler as descrições, verificar o editor e compreender que tipo de informação a app usa para cumprir a sua função.
Boas práticas para quem começa: – Ligue apenas o que precisa e desligue o que não usa. – Revise periodicamente as permissões nas definições do ChatGPT. – Evite partilhar dados sensíveis com apps cuja reputação desconhece. – Prefira apps com políticas de privacidade claras e presença online verificável.
Como começar e tirar mais valor
Entre na secção “Apps”, explore as categorias e teste duas ou três aplicações alinhadas com o seu dia a dia. Para utilizadores em Portugal, experiências úteis incluem reservas em restaurantes, acompanhamento de encomendas, gestão de despesas, planeamento de viagens ou integração com ferramentas de trabalho que já utiliza. Nas conversas, seja específico: quanto mais contexto der (datas, locais, preferências), mais útil será a resposta e menor será a necessidade de iterações.
Se é programador, leia a documentação, desenhe fluxos conversacionais curtos e foque-se em resultados verificáveis. Pense na app como um “copiloto” para um conjunto de tarefas bem definidas. A compatibilidade com sites externos permite manter a infraestrutura de pagamentos e logística que já domina, enquanto beneficia do alcance do ChatGPT.
O que esperar nos próximos meses
A direção é clara: o assistente deixa de ser um ponto de chegada e passa a ser um hub. A loja de apps dará visibilidade a soluções emergentes, e a expansão para compras digitais deverá acelerar modelos de negócio baseados em subscrição e conteúdos premium. Ao mesmo tempo, a curadoria e as ferramentas de segurança vão ganhar protagonismo para manter a experiência confiável.
Para utilizadores, o conselho é simples: experimente com critério e incorpore as apps que realmente lhe poupam tempo. Para quem cria, o desafio é resolver problemas reais com fricção mínima, aproveitando o canal conversacional para estar onde os utilizadores já estão — dentro do próprio chat.
Fonte: PCworld


