IA e sistemas inteligentes avançam no Brasil e redesenham processos produtivos e de formação profissional
Publicado em 31 de dezembro de 2025 às 05:00

A inteligência artificial e as tecnologias imersivas vêm redesenhando os limites entre o que é físico e o que é virtual. No Brasil, instituições de pesquisa e empresas de setores estratégicos já operam nesse território híbrido, onde dados, simulações e ambientes digitais impactam diretamente processos produtivos, formação profissional e decisões no mundo real. >
De acordo com dados da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec Semestral), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o uso da inteligência artificial faz parte da rotina de quase metade (41,9%) das empresas com 100 ou mais pessoas, um crescimento de 25% desde 2022.>
Inteligência artificial e tecnologias imersivas vêm redesenhando limites entre universo físico e o virtual por Freepik
Na Bahia, o SENAI CIMATEC e a Wilson Sons são alguns exemplos de como essa transformação avança da pesquisa aplicada à operação industrial e logística. No campo científico e educacional, o SENAI CIMATEC tem incorporado a inteligência artificial e tecnologias como realidade virtual e aumentada de forma integrada aos seus projetos de pesquisa e desenvolvimento.>
Em entrevista ao CORREIO, Ingrid Winkler, pesquisadora de Tecnologias Imersivas e Coordenadora do Instituto de Ciência, Inovação e Tecnologia na Indústria 4.0 (INCITE INDÚSTRIA 4.0), a velocidade dessa evolução é um dos principais desafios e oportunidades. “Em termos tecnológicos, a IA e a realidade virtual e aumentada estão se transformando muito rapidamente, em poucos meses surgem novos métodos e dispositivos com potencial de revolucionar os processos produtivos”, afirmou.>
A chamada “hibridização” entre o real e o digital já impacta setores produtivos estratégicos. A educação é um dos que mais se beneficiam desse avanço. No Centro de Excelência em Tecnologias Quânticas do SENAI CIMATEC, a realidade virtual tem sido utilizada para facilitar a compreensão de conceitos altamente abstratos. “Usamos a realidade virtual para otimizar a compreensão de conceitos complexos e abstratos de tecnologia quântica, que não são tão facilmente compreensíveis por meio de métodos educativos convencionais”, destacou a pesquisadora.>
No setor industrial, áreas como a automotiva, aeronáutica e de óleo e gás também já utilizam intensamente tecnologias imersivas associadas à IA. Ao CORREIO, Ingrid citou projetos desenvolvidos entre o CIMATEC e a montadora de veículos GWM, nos quais a realidade virtual é aplicada em avaliações de usabilidade e experiência do usuário. “Conduzimos design reviews e avaliação de usabilidade e experiencia do usuário em realidade virtual para adaptar carros projetados com base em padrões antropométricos de condutores chineses para os condutores brasileiros, em termos de alcance, postura e visibilidade”, explicou.>
Para que empresas brasileiras consigam acompanhar essa nova fronteira tecnológica, a aproximação com centros de pesquisa é fundamental. “Para os tomadores de decisão estarem constantemente atentos e as organizações industriais se beneficiarem destas inovações muito aceleradas, podem estabelecer parcerias em pesquisas aplicadas que envolvam estas tecnologias”, explicou Ingrid, citando programas de fomento como Embrapii, Mover, FINEP e a Lei de Informática.>
Ela lembrou ainda que o SENAI CIMATEC já desenvolve pesquisas aplicadas que resultam em patentes e transferência de tecnologia. “Como exemplo, uma das nossas primeiras patentes concedidas utilizando as tecnologias de realidade aumentada e algoritmos de IA foi uma co-invenção com a EMBRAER, há 8 anos”, destacou.>
A formação de profissionais capazes de transitar entre o físico e o digital também é tratada como prioridade. “O CIMATEC vem desenvolvendo esse tipo de competência com profissionais de várias modalidades por meio de projetos de pesquisa aplicada e de aprendizagem baseada em problemas”, disse Ingrid.>
Entre os exemplos, está uma disciplina realizada inteiramente em ambiente virtual, na qual alunos de diferentes níveis simulam decisões técnicas e estratégicas dentro de uma indústria automotiva fictícia, além de projetos que utilizam dados fisiológicos para projetar espaços mais acessíveis, sustentáveis e centrados no ser humano, alinhados aos princípios da Indústria 5.0.>
Tecnologia e eficiência no setor logístico
No setor logístico, a convergência entre o real e o digital também já é uma realidade. A Wilson Sons, operadora integrada de logística portuária e marítima, acompanha esse movimento por meio de investimentos contínuos em tecnologia. O Tecon Salvador, terminal de contêineres da companhia, foi o primeiro do Brasil a adquirir equipamentos elétricos, como RTGs (elevadores que auxiliam a organização das filas de containers no pátio) e portêineres (guindastes de grande porte), ampliando a capacidade operacional e a competitividade do Porto de Salvador, com foco em eficiência e desenvolvimento sustentável.>
Para Demir Lourenço, diretor-executivo do Tecon Salvador, a inovação tecnológica é um pilar estratégico da empresa. “Para que o terminal de contêineres baiano esteja hoje entre as instalações mais competitivas da América do Sul, a Wilson Sons adotou, desde sempre, uma visão vanguardista, investindo continuamente no que há de mais avançado em tecnologia para a logística portuária, dentro e fora do Brasil, gerando confiabilidade e performance com total segurança das operações e das pessoas”, pontuou.>
O Projeto Fatos e Cenários é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Suzano, Tronox e apoio da Alba Seguradora, Sistema FIEB e Wilson Sons. >


