Entra ano, sai ano, mas os desafios não mudam. A população crescente de Lajeado exige avanços na área da educação. Com mais famílias chegando, urge a necessidade de um olhar atencioso à situação das escolas municipais. Tanto na questão estrutural quanto na oferta de vagas, sobretudo na educação infantil.
Na pesquisa do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”, quase 79% das pessoas entrevistadas pedem a ampliação do número de vagas em creches municipais. Um índice considerável e que evidencia o drama enfrentado por pais que aguardam na lista de espera uma vaga para seus filhos nas instituições.
Na mesma linha, o segundo item mais destacado na entrevista é a ampliação da oferta de turno integral, outra demanda recorrente da população. São quase 60% de menções. Hoje, são poucas escolas que ofertam o turno inverso, o que pode ser um problema para famílias que não possuem uma grande rede de apoio, como o suporte dos avós ou tios.
A qualificação dos professores foi uma demanda citada por 45,5% dos entrevistados e mostra também uma preocupação com a qualidade do ensino nas escolas. Também merece destaque a luta das comunidades por melhorias em infraestrutura dos estabelecimentos de ensino. Cerca de 40% das pessoas elencaram esta como uma das prioridades.
Novas construções
Hoje, Lajeado conta 77 escolas, considerando as públicas e privadas. Ligadas ao município, são 41. Há planos da administração municipal para construção de novas instituições no Moinhos D’Água e no Floresta para atender à demanda crescente da região oeste da cidade.
A disponibilização de novas escolas e descentralização do ensino, na pesquisa, é citada como prioridade por 26,2% dos entrevistados e dá subsídios para que a execução destes projetos andem.
Chamam atenção ainda os pedidos para implantação de um plano pedagógico de prevenção às cheias nas escolas e também o fortalecimento do projeto Pacto pela Paz, implementado em 2019 e que se tornou uma iniciativa permanente.
Em busca da vaga
A falta de vagas, em especial na educação infantil é um desafio para muitas famílias. Entre elas, está a de Joice Purper, moradora do Floresta. Ela tem dois filhos e, desde que o mais novo nasceu, não conseguiu voltar a trabalhar porque não tem onde deixar a criança.
O menino tem sete meses e não há vaga na rede municipal para ele. “Parei de trabalhar porque preciso cuidar do nenê. Estamos na fila de espera desde os primeiros meses, mas falta berçário na cidade”, conta Joice.
A filha mais velha tem 12 anos e estudou na única escola do Floresta, que atende os primeiros anos do ensino fundamental, agora segue os estudos na Emef São Bento. “Já ouvimos sobre a ideia de fazer uma creche aqui no Floresta, mas não sei quando vai sair”, diz.
Nesse meio tempo, Joice fica em casa para cuidar do pequeno, já que a família não consegue pagar uma escola particular ou uma cuidadora. “Às vezes, quando preciso ajudar meu marido no serviço, peço para minha mãe vir cuidar dele. Mas é difícil, eles trabalham na roça, tem animais que precisam de atenção”, relata.
Joice trabalhava de merendeira numa escola e pretende retornar assim que possível ao trabalho, já que a renda extra faz falta para a família. “Espero conseguir uma vaga logo, é complicado.”