A ascensão de ferramentas de IA como o ChatGPT levanta muitas questões, especialmente sobre seu impacto na aprendizagem dos jovens. Um estudo recente conduzido na Suécia examinou como essas tecnologias influenciam as funções executivas dos adolescentes.
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Os pesquisadores estudaram a correlação entre o uso da IA generativa e as funções executivas entre jovens, particularmente aqueles com dificuldades nessa área. Eles observaram que os adolescentes com desafios em funções executivas acharam os chatbots de IA particularmente úteis para realizar seus deveres. Essas ferramentas poderiam, assim, compensar fraquezas cognitivas que afetam seu sucesso escolar.
No entanto, essa ajuda não é isenta de riscos. O uso excessivo da IA poderia retardar o desenvolvimento das funções executivas nos alunos, alertaram os pesquisadores. Eles enfatizam a necessidade de estudar os efeitos dessa tecnologia a longo prazo antes de integrá-la completamente nas escolas.
Dois estudos foram realizados com jovens de 12 a 19 anos em escolas do sul da Suécia. A taxa de uso dos chatbots variava fortemente conforme a idade, passando de 15% entre os mais jovens para 53% entre os estudantes do ensino secundário. Essa diferença poderia ser explicada por deveres mais complexos para os alunos mais velhos, que necessitam de mais assistência.
Os resultados também mostram que os alunos com dificuldades nas funções executivas consideram essas ferramentas de IA particularmente úteis. Eles alcançam uma maior eficiência em seus trabalhos escolares, destacando a importância dessas ferramentas para esse grupo específico.
No entanto, surge uma questão ética: onde traçar o limite entre assistência e trapaça? Segundo os pesquisadores, a intenção e a extensão do uso da IA devem determinar essa fronteira. Um uso reflexivo e crítico dessas ferramentas pode ser legítimo, desde que os alunos agreguem sua própria compreensão aos conteúdos gerados.
Por fim, os pesquisadores pedem por uma educação digital mais rigorosa, com diretrizes claras para o uso da IA. Eles também recomendam formar os professores para identificar e apoiar os alunos com dificuldades nas funções executivas.
O que são as funções executivas?
As funções executivas são um conjunto de processos cognitivos que permitem planejar, tomar decisões, controlar impulsos e gerir pensamentos e ações. Elas são essenciais para realizar tarefas complexas.
Essas funções incluem a memória de trabalho, que ajuda a reter informações temporárias, o controle inibitório, que permite filtrar distrações e resistir a impulsos, e a flexibilidade cognitiva, que ajuda a se adaptar a situações mutáveis.
Dificuldades com as funções executivas podem se traduzir em problemas de concentração, organização e gestão do tempo, o que pode impactar o sucesso escolar e a vida cotidiana.