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A Inteligência Artificial e a Advocacia: um Sistema Acelerado, mas desumanizado?

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A advocacia, historicamente marcada pela tradição e pela valorização da interpretação humana, atravessa um momento atípico com o avanço tecnológico. O advogado, que sempre foi a ponte entre as partes e o Direito, passa a dividir esse espaço com algoritmos capazes de automatizar tarefas e oferecer respostas rápidas a demandas jurídicas. Essa transformação gera, ao mesmo tempo, entusiasmo e apreensão.

De um lado, a inteligência artificial potencializa o trabalho jurídico, tornando-o mais ágil, acessível e estratégico. A automação de atividades repetitivas libera o profissional para se dedicar ao que é essencial: a análise crítica, a mediação de conflitos e a busca pela Justiça.

Por outro lado, a presença crescente da tecnologia levanta desafios. Há riscos associados à redução da empatia na relação com o cliente, à possibilidade de vieses algorítmicos e à dependência excessiva de sistemas que nem sempre refletem a complexidade da realidade social e jurídica.

Nesse cenário, a questão central não é apenas se a inteligência artificial pode desumanizar a advocacia, mas como integrá-la de forma equilibrada. Cabe aos profissionais assumir um novo papel: não apenas executores de tarefas, mas mediadores entre tecnologia e humanidade, garantindo que a eficiência oferecida pelas máquinas caminhe junto com a sensibilidade ética que sustenta o Direito.

ACELERANDO O SISTEMA: A CONTRIBUIÇÃO DA IA NA ADVOCACIA

O uso da inteligência artificial no Direito apresenta vantagens inegáveis:

  • Automação de tarefas repetitivas: elaboração de contratos padronizados, petições simples e análises de jurisprudência.
  • Celeridade processual: softwares capazes de mapear decisões judiciais reduzem o tempo de pesquisa dos advogados.
  • Acesso à justiça: plataformas digitais permitem que cidadãos tenham respostas rápidas a dúvidas jurídicas básicas.
  • Análise preditiva: sistemas de IA identificam padrões em decisões, auxiliando na construção de estratégias jurídicas.

Assim, a advocacia torna-se mais eficiente, ágil e acessível, reduzindo custos e tempo.

O RISCO DA DESUMANIZAÇÃO

Entretanto, a presença da inteligência artificial no Direito causa críticas e preocupações:

  • Perda da subjetividade humana: a interpretação das leis não se limita a padrões lógicos, mas envolve valores, princípios e nuances sociais.
  • Redução da empatia: a advocacia não é apenas técnica, mas também relação humana com o cliente, marcada por confiança e acolhimento.
  • Risco de vieses algorítmicos: sistemas treinados com dados históricos podem reproduzir injustiças e preconceitos já existentes.
  • Dependência tecnológica: a centralização de decisões em máquinas pode fragilizar a autonomia da advocacia e comprometer a imparcialidade judicial.

Dessa forma, a velocidade e eficiência trazidas pela IA podem colidir com a dimensão ética e humanista do Direito. A tecnologia é a ferramenta, mas a humanidade é a essência. A inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa, mas jamais será substituta da sensibilidade humana. Advogar, em sua essência, é mediar conflitos, construir pontes e interpretar as múltiplas dimensões da vida humana à luz do Direito.  Portanto, a advocacia do futuro deve se pautar em um equilíbrio entre tecnologia e humanidade, utilizando a IA como ferramenta de apoio, sem perder de vista os princípios que sustentam o Estado Democrático de Direito.

Gabrielli Vieira da Cruz, Analista Jurídica no Vigna Advogados, bacharel em Direito na Universidade Zumbi Dos Palmares/SP.

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