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A inteligência artificial e o futuro da consultoria financeira no Brasil

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Vivemos um momento em que a tecnologia, especialmente a inteligência artificial (IA), está transformando profundamente o mercado financeiro brasileiro. Muito além de uma tendência, a IA se tornou uma aliada indispensável para consultores e assessores de investimentos que desejam evoluir seus modelos de atuação, com mais eficiência, personalização e transparência.

Um dos principais impactos dessa revolução tecnológica é a aceleração da transição do modelo tradicional de comissionamento (commission based) para o modelo de consultoria baseado em honorários (fee based). Trata-se de uma mudança significativa, que visa alinhar os interesses entre consultores e investidores, e que encontra na tecnologia o suporte necessário para se tornar viável e escalável.

O formato fee based já é consolidado nos Estados Unidos há décadas, além de ser padrão em países como a Austrália e Inglaterra, onde as comissões por produto não são permitidas. No Brasil, o assessor de investimentos enfrenta dois grandes obstáculos para essa virada de chave. Uma delas é a resistência cultural do investidor brasileiro ao pagamento direto por consultoria. A outra diz respeito à dificuldade técnica do assessor em consolidar informações dispersas entre diferentes corretoras e instituições. A tecnologia — com plataformas multicorretoras, gestão inteligente de dados e ferramentas baseadas em IA — surge justamente para quebrar essas barreiras. A recente regulamentação da CVM 179 tem acelerado esse movimento ao criar um ambiente mais estruturado para essa mudança.

Embora o modelo de consultoria baseado em honorários (fee-based) esteja ganhando força no país, impulsionado por regulamentações e mudanças no perfil do investidor, é importante destacar que ele não é o único caminho possível e nem necessariamente o mais adequado para todos os profissionais. As principais corretoras já oferecem estruturas que permitem às assessorias adotar o modelo de fee fixo, mesmo dentro da lógica tradicional de atuação.

A escolha entre comissão e honorários deve considerar o perfil dos clientes, a proposta de valor do profissional e, principalmente, a qualidade do relacionamento construído com o investidor. Afinal, é esse vínculo de confiança que sustenta qualquer modelo, independentemente da forma de remuneração.

Cada abordagem traz seus próprios desafios. No caso da assessoria, a concentração do patrimônio do cliente em uma única corretora, ou seja, conquistar 100% do share of wallet, é um dos principais obstáculos para garantir uma gestão mais eficiente e estratégica. Já na consultoria, o desafio está na consolidação de dados provenientes de múltiplas instituições e estruturas, o que exige ferramentas tecnológicas robustas para entregar uma experiência fluida e integrada ao cliente final.

Estamos diante de uma evolução inevitável e positiva para todos os envolvidos. O investidor passa a ter acesso a uma gestão patrimonial realmente focada em seus objetivos. O planejador financeiro, por sua vez, ganha autonomia, autoridade e previsibilidade de receita. E a tecnologia, mais do que um meio, torna-se o principal catalisador dessa transformação.

Felippe Pires, CEO da Louro Tech.

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