A chegada da inteligência artificial revolucionou diversos setores, e a programação é um dos mais impactados. Modelos de IA, como ChatGPT, Copilot e Claude, tornaram-se assistentes indispensáveis para desenvolvedores, permitindo a criação de códigos de forma mais rápida e eficiente. No entanto, essa dependência levanta um alerta: será que os programadores estão deixando de aprender o verdadeiro fundamento da programação?
Esse fenômeno lembra a revolução das calculadoras, que mudaram para sempre a forma como realizamos operações matemáticas. Agora, a programação vive um dilema semelhante: a IA pode substituir o programador ou apenas transformá-lo em algo novo?
O impacto da IA na programação
A popularização das ferramentas de IA na programação gerou uma mudança drástica na forma como os códigos são escritos. Segundo estudos, seis meses após o lançamento do ChatGPT, 90% dos programadores já usavam IA em seu trabalho. Essas ferramentas facilitam tarefas repetitivas, corrigem erros rapidamente e sugerem soluções instantâneas, tornando a programação mais acessível para todos.
O problema, segundo o desenvolvedor Namanyay Goel, é que a nova geração de programadores está ficando excessivamente dependente da IA. Em seu blog, ele afirma que muitos desenvolvedores juniores não entendem o funcionamento do código que produzem. Eles simplesmente pedem respostas à IA, sem compreender os fundamentos por trás do que estão copiando e colando.
Antes, sites como Stack Overflow incentivavam o aprendizado ao exigir que os programadores pesquisassem e analisassem diversas respostas antes de encontrar uma solução ideal. Agora, a IA fornece respostas prontas, o que pode resultar em um conhecimento superficial.
A programação está perdendo sua essência?
Para alguns especialistas, o aprendizado real da programação está ameaçado. “A IA oferece respostas rápidas, mas sem contexto”, afirma Goel. Ele alerta que, ao depender exclusivamente dessas ferramentas, os programadores podem perder a capacidade de resolver problemas sem auxílio externo.
Contudo, outros argumentam que essa preocupação é exagerada. Um desenvolvedor no fórum Slashdot ressalta que a qualidade da educação em programação já era um problema antes da IA. Para ele, a tecnologia apenas acelerou um processo que já vinha acontecendo: a superficialidade no aprendizado de programação.
Ainda assim, há formas de contornar esse problema. Especialistas recomendam que os programadores utilizem a IA como ferramenta complementar, questionando as soluções propostas e explorando alternativas antes de simplesmente aceitá-las. O debate em fóruns e a troca de conhecimento entre profissionais também continuam sendo essenciais para aprimorar a compreensão do código.
A IA pode eliminar a necessidade de programadores?
A ascensão da IA levanta uma questão inevitável: será que, no futuro, a programação será totalmente automatizada? Para o CEO da NVIDIA, Jensen Huang, a resposta é sim. Em uma declaração recente, ele afirmou que “ninguém precisará aprender a programar, porque a IA fará isso por nós”.
Outros executivos, como Mark Garman, CEO da Amazon Web Services, concordam. Acredita-se que, em breve, a IA assumirá grande parte das tarefas de codificação, deixando aos programadores um papel mais estratégico, voltado para arquitetura e engenharia de software.
Essa transformação lembra o impacto das calculadoras no ensino de matemática. Hoje, ninguém precisa saber resolver equações complexas manualmente, pois as calculadoras fazem isso de forma instantânea. No entanto, matemáticos ainda existem – e se concentram em resolver problemas que as máquinas ainda não conseguem.
O mesmo pode acontecer com a programação: programadores poderão se especializar em áreas mais complexas, delegando tarefas mais simples para a IA. Isso aumentaria a produtividade e eficiência, permitindo que os profissionais focassem em inovações e novos desafios tecnológicos.
O futuro dos programadores no mundo da IA
O avanço da inteligência artificial na programação é inevitável, e os programadores precisarão se adaptar. No futuro, o valor de um desenvolvedor pode não estar mais em sua habilidade de escrever código, mas sim em sua capacidade de gerenciar, revisar e aprimorar soluções geradas pela IA.
A questão não é se a IA substituirá os programadores, mas como os profissionais da área podem evoluir junto com essa tecnologia. Talvez, daqui a algumas décadas, programar sem a ajuda da IA se torne tão raro quanto resolver cálculos complexos sem uma calculadora. E quem dominar essa nova realidade terá um diferencial competitivo no mercado.
Assim como no conto de Isaac Asimov, A Sensação de Poder, onde a humanidade esqueceu como fazer cálculos sem computadores, pode ser que, no futuro, programadores sem IA se tornem uma raridade. Mas será que isso realmente é um problema? Ou apenas a evolução natural da tecnologia?
[Fonte: Terra]